terça-feira, 20 de julho de 2010

TAPANDO O SOL COM UMA PENEIRA...


Está a iniciar-se mais uma época futebolística e renova-se a esperança dos adeptos numa boa prestação desportiva dos seus clubes.
Mas seria bom que todos os que gostam de futebol, e não apenas do seu clube, fizessem ouvir a sua voz na defesa de uma competição em que os adversários se respeitem, não haja lugar a violência e impere a verdade desportiva.
Com uma nova liderança, a Liga de Clubes de Futebol Profissional terá, espera-se, a possibilidade de começar a agir em conformidade com as promessas do novo presidente, quando da tomada de posse, para benefício do futebol português.
Já ao nível federativo, não parecem existir grandes motivos de esperança, mantendo-se a situação de perda do estatuto de utilidade pública desportiva, sem que ninguém pareça muito preocupado com isso, e neste ninguém incluo, naturalmente, o Governo, que não pode, nem deve, ficar indiferente. É preciso por cobro a esta situação, que devia envergonhar todos os responsáveis...
Na arbitragem, com a ascensão de três novos árbitros, para preencherem o quadro principal, o que se perdeu em experiência ganhou-se em juventude, o que poderá não ser, forçosamente, mau. Assim os diferentes agentes desportivos se disponham a não dificultar, ainda mais, a vida dos árbitros, até que a FIFA se digne aprovar o recurso à tecnologia, para facilitar o seu trabalho e contribuir para um maior respeito pela verdade desportiva. Mas, infelizmente, também a esse nível as preocupações não parecem ser muitas...
A experiência ensina-nos que não existem motivos para que possamos esperar grandes reformas no futebol português, apesar de, há muito, se revelarem necessárias, mas isso não deve constituir motivo de resignação, bem pelo contrário.
O modelo e a estrutura das diferentes competições merece uma reflexão, profunda, o mesmo sucedendo com todos os aspectos relacionados com o marketing, e a publicidade.
Questões como o preço dos bilhetes, ou os horários dos jogos, são importantes, mas a sua resolução não chega para melhorar, significativamente, o problema da falta de espectadores nos estádios. O problema é mais profundo e precisa ser tratado de forma global, envolvendo todos os agentes desportivos, patrocinadores e os órgãos de comunicação social.
A justiça e disciplina desportivas precisam de tratamento diferente e requerem uma análise séria. A, prometida, criação um tribunal desportivo, dará um enorme contributo para a diminuição da conflitualidade, permitindo que o esforço e energias dos dirigentes possam passar a ser canalizados para o que é essencial, pelo que se espera que possa ser concretizada, rapidamente.
O problema da violência, dentro e nas imediações dos estádios, terá de merecer maior atenção, para que o nosso futebol se possa tornar num espectáculo para as famílias, atraindo uma muito maior presença das mulheres, tal como já vem sucedendo com os jogos da selecção nacional.
E é urgente que se reconheça que, o sucesso do nosso futebol, nos anos mais recentes, a nível de clubes e da selecção sénior, não encontra correspondência na estrutura organizativa que lhe está subjacente.
É preciso reavaliar os quadros competitivos e a excessiva presença de estrangeiros, até nas camadas jovens, que começa a ter um impacto que não pode ser menosprezado, bem como as implicações do excessivo endividamento dos clubes, e tomar as medidas adequadas.
Enfim, urge melhorar a qualidade e competitividade do futebol português, mas, com o início das competições e o inevitável aumento da conflitualidade, temo que pouco se venha a fazer nesse sentido.
Mas gostaria muito de estar enganado, até porque acredito que, com a crescente importância da indústria do futebol e num contexto de crise das economias desenvolvidas, não irá ser possível, por muito mais tempo, continuar a tapar o sol com uma peneira...

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