segunda-feira, 12 de julho de 2010

À NOITE, O FUTEBOL


Terminou o Campeonato do Mundo de Futebol e, com ele, um dos melhores programas desportivos de sempre.
Refiro-me ao "À Noite, o Mundial", que ocupou as noites da RTP-N durante 30 dias e me surpreendeu pela sua elevadíssima qualidade. Isto apesar de saber, antecipadamente, que contava com a moderação de Carlos Daniel, que considero o melhor moderador, nacional, de programas desportivos, e a presença de Luís Freitas Lobo, um comentarista cujo nível só é comparável com o que de melhor existe a nível mundial.
Amante do futebol, procuro assistir aos programas desportivos das diferentes televisões, pelo que sinto ser meu dever realçar que, perdoem-me os que neles estão, ou estiveram, envolvidos, alguns dos quais conheço pessoalmente e me merecem apreço, ou amizade, a RTP-N conseguiu apresentar-nos algo de verdadeiramente inovador, que merece ser tomado como referência, ultrapassando, de longe, toda a concorrência.
Pela primeira vez, num programa dedicado ao futebol, pude assistir, de forma sistemática, à análise do jogo e das opções técnicas e tácticas que lhe estão subjacentes, efectuada por especialistas, remetendo para segundo plano as questões de arbitragem, embora sem omitir os erros cometidos.
Inteligentemente concebido, o programa articulou belos momentos musicais com excertos de grandes momentos da história do futebol e comentários sobre os diferentes aspectos relacionados com o jogo. Tudo isto compatibilizado com uma adequada participação dos adeptos, seja através da sua presença em estúdio, como foi o caso de Luís Filipe Menezes, ou utilizando as redes sociais, como a blogosfera ou o Facebook.
Contrariamente ao que é habitual, em programas sobre futebol, discutiu-se o jogo, na sua forma mais abrangente, e com isso saíram a ganhar todos os amantes da modalidade.
E seria uma pena se, depois desta tão bem sucedida experiência, a RTP não replicasse o modelo, desta vez para tratar o futebol nacional, dando precioso contributo para que os adeptos possam conhecer melhor o jogo que os apaixona e promovendo o debate sobre as questões de fundo que lhe estão subjacentes.
Como bem demonstrou o "À Noite o Mundial", também no futebol é possível uma televisão cumprir, plenamente, as funções de serviço público que lhe estão atribuídas, exercendo um papel educativo e formativo, recusando modelos assentes em polémicas estéreis, resultantes das opções clubísticas dos intervenientes, que em nada contribuem para a sua dignificação e promoção.

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