sexta-feira, 23 de julho de 2010

ORAR, DESCANSAR...E PODER FAZER COMPRAS


É interessante ver as reacções à alteração legislativa, aprovada pela Governo, que permite que todo o comércio esteja aberto entre as 6 e as 24 horas, todos os dias da semana, passando a caber ás Câmaras Municipais decidir se autorizam, ou não, a prática de horários alargados.
A Igreja, apressou-se a criticar a decisão, em nome do respeito pelo Domingo, um dia de descanso e de oração, para os católicos, enquanto outros criticam a decisão pelo efeito que a abertura dos hipermercados pode ter nas vendas do pequeno comércio, ou porque entendem que se trata de uma forma de incentivar o consumismo.
Enfim, cada um puxa a brasa à sua sardinha, o que, sendo compreensível, ilude, a meu ver, a questão central.
A abertura do comércio aos domingos é, acima de tudo, uma questão de conveniência, numa sociedade onde as pessoas têm cada vez menos tempo disponível, durante a semana, para efectuarem as suas compras.
E se é verdade que o Domingo está consagrado como um dia de descanso e oração, não deixa de ser verdade que são cada vez menos os católicos, e menos ainda os que praticam a oração, preferindo que lhes seja dada a possibilidade de aproveitarem o seu dia de descanso para fazerem as suas compras. Embora, convenhamos, as duas coisas não sejam incompatíveis...
Confesso que também não me preocupa, nem considero relevante saber, se os donos dos hipermercados irão ganhar, ou não, muito dinheiro com isso, antes preferindo pensar que esta liberalização de horários pode contribuir para criar mais alguns empregos, ainda que não muitos, e que os consumidores ficam com maior liberdade de escolha.
E embora sabendo que a afirmação que vou fazer não é politicamente correcta, considero lamentável que não seja obrigatório que o comércio, em todas as zonas turísticas do país, não seja obrigado a estar aberto todos os dias da semana.
Quem já passou pela baixa lisboeta, numa tarde de domingo, pode imaginar como se sentirá um turista, perante o encerramento da esmagadora maioria dos estabelecimentos comerciais...
Admitindo poder estar errado, acredito que, do ponto de vista da promoção do turismo, seria muito bom que o comércio estivesse aberto ao domingo, lojas e restaurantes, com horários alargados.
E que me perdoe a Igreja, e os críticos desta ideia, mas todos os dias são bons para a oração, e as transformações sociais ocorridas nas últimas décadas já não se compadecem com a rigidez de algumas práticas comerciais.

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