sábado, 24 de julho de 2010

ANTI-...


Surge na primeira página do jornal Expresso de hoje, remetendo para as páginas interiores da revista: Costinha, director desportivo do Sporting Clube de Portugal, declara-se sportinguista e anti-benfiquista.
Lendo a entrevista, fica mais fácil entendermos o que pensa Costinha:
"Sou sportinguista e anti-benfiquista. Não gosto do Benfica. Respeito-o, é uma grande instituição, mas é o meu rival.(...)".
Vamos por partes:

1. Uma rápida consulta ao dicionário Priberam da Língua Portuguesa, ajuda-nos a perceber o significado do que disse o director desportivo do Sporting:

anti-
(grego anti, em face de, do lado oposto)
pref.
Elemento que indica oposição (ex.: anticristão).

2. Admitindo que Costinha conhece o significado da expressão que utilizou, coisa de que não tenho a certeza, podemos concluir que, para além de sportinguista, assume a sua oposição ao Benfica, que considera o seu principal rival.

3. Consultando o mesmo dicionário, vejamos o que nos é dito sobre o significado do termo rival:
rival
adj. 2 gén.
1. Que rivaliza.
2. Que aspira às mesmas vantagens que outrem; competidor.
3. Que tem méritos proximamente iguais aos de outrem.
s. 2 gén.
4. Pessoa rival.


4. Assim sendo, parece legítimo concluir que Costinha assume a sua oposição ao Benfica, não só porque não gosta do Clube, como o próprio afirma, mas também porque talvez aspire a que o Sporting possa vir a ter um palmarés semelhante, ou considere que o seu clube tem méritos aproximadamente iguais aos do Glorioso.
Aparentemente, nada mais natural!
Acontece que, infelizmente, para Costinha e para os sportinguistas, em matéria de palmarés desportivo, não só vai ficando cada vez mais difícil, para o Sporting, igualar o Benfica, como também se tem vindo a alargar, substancialmente, a diferença entre os dois clubes, com o Sporting a contentar-se, nestes últimos anos, em ser o primeiro dos últimos, a expressão é do próprio Costinha, de preferência ganhando o campeonato da segunda circular.
Na ânsia anti-benfiquista, que caracteriza muitos sportinguistas, o Sporting parece não ter percebido que deixou de ser, em matéria de palmarés, o segundo clube português, tendo sido, claramente, ultrapassado pelo Porto, que muito tem beneficiado com esse anti-benfiquismo.
Mas isso não parece preocupar Costinha...
Reconheça-se, contudo, que a entrevista de tem o mérito de, para além de nos dar a conhecer o que pensa o director desportivo do Sporting, nos ajudar a perceber, entre outras coisas, porque foi tão fácil a transferência de João Moutinho para o Porto. Afinal, Costinha não é, nem anti-portista, pelo contrário, nem tem no Porto o seu principal rival, apesar de o Porto ser o clube que mais títulos conquistou na última década e ter conseguido ficar, sempre, à frente do Sporting.
E se as afirmações de Costinha, na sua qualidade de adepto, não constituem uma novidade, antes colhendo a simpatia de uma boa parte de sócios e simpatizantes do Sporting, assumem dimensão diferente quando proferidas por um dirigente com as responsabilidades de director desportivo.
É que o estado a que o futebol português chegou tem muito a ver com o facto de existirem vários Costinhas como dirigentes, gente a quem a clubite impede de distinguir a árvore da floresta.
E nem sequer adianta explicar, aos Costinhas desta vida, que um dirigente não pode, nem deve, ser anti coisa nenhuma, sob pena de isso lhe retirar o discernimento, quando da tomada de decisões, pois são incapazes de entender que esse estado de espírito é incompatível com a realização das reformas de que o nosso futebol tanto necessita.
O futebol português só poderá resolver muitos dos seus problemas, e afirmar-se internacionalmente, quando os seus principais dirigentes, apesar do amor aos respectivos clubes, no respeito por uma sã rivalidade, tão necessária à modalidade, perceberem que, por este caminho, não vamos longe...
Costinha, que, como diz na entrevista, não depende do dinheiro do Sporting para sobreviver e está no Sporting por paixão, pode ter vários méritos, agradar aos adeptos anti-benfiquistas do seu clube, por mais que eles sejam, mas não se recomenda como dirigente desportivo, porque lhe falta discernimento e grandeza.
E é pena, porque a grande instituição que é o Sporting Clube de Portugal, e o futebol português, merece dirigentes de melhor qualidade...

Sem comentários:

Enviar um comentário