sexta-feira, 18 de junho de 2010

MORREU SARAMAGO



Morreu José Saramago, polémico escritor e jornalista português, galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, em 1998.
Ribatejano, ateu, comunista e iberista, residia em Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
O seu difícil relacionamento com a Igreja Católica acentua-se com a publicação do seu livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", em 1991, para se agravar, ainda mais, no ano passado, com a publicação de "Caim", que suscitou enorme indignação entre a comunidade católica.
Não sei se amado por muitos, mas, seguramente, odiado por bastantes, estou certo que ganhou, com a sua morte, o direito a palavras de elogio e admiração por parte de quem menos esperaria...
Mas nós, portugueses, somos assim mesmo, e nada como o finamento para transformar o que antes era incompreensão e ódio, como lhe chamou Saramago, em compreensão e, pasme-se, até admiração.
No calor da polémica, chegou mesmo a haver quem lhe sugerisse que abdicasse da nacionalidade portuguesa, coisa que o escritor nunca admitiu, embora fosse um declarado defensor da integração de Portugal na Espanha...
Nunca simpatizei com os seus escritos, confesso, mas esse é problema meu, já que só o seu inegável mérito, aos olhos da Academia Sueca, pode ter justificado a atribuição do Nobel.
Também devo reconhecer que tenho dificuldade em esquecer a sua actuação e comportamento, nos anos do PREC, (período revolucionáio em curso), enquanto director do Diário de Notícias, mas isso talvez se deva ao facto de eu nunca ter sido comunista, nem ter andado lá próximo...
Apesar disso, a verdade é que, por bons, ou maus, motivos, contribuiu para a divulgação e melhor conhecimento de Portugal e da literatura portuguesa, além fronteiras, e isso, algo de que a maioria de nós não se pode gabar, merece a minha admiração e respeito.
Assim sendo, espero que possa, agora, descansar em paz, que foi coisa que ele sempre recusou, em vida, aos seus opositores...

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