terça-feira, 18 de agosto de 2009

PORTUGAL...DOS PEQUENINOS



Quem me conhece sabe que sou um optimista inveterado.
Daí a minha tendência para valorizar, ás vezes até demasiado, o que a vida, e as pessoas, têm de melhor.
Confesso que lido mal com a tendência dos portugueses para o fado, sem ofensa para este género musical, que faz as minhas delícias, quanto mais choradinho e desgraçadinho melhor, para a intriga, para a má-língua, para o "oito ou oitenta"...
E a aproximação de períodos eleitorais, tende a híper valorizar esses atributos, ficando eu, por vezes, com a sensação de que nada de bom se faz neste país, que ninguém é sério, e que ser português pouco mais é do que uma fatalidade...
Essa "gripe", que afecta milhões de portugueses, e é altamente contagiante, transforma-se, em períodos pré-eleitorais, numa verdadeira pandemia.
E o pior é que não me consta que algum laboratório esteja a desenvolver uma vacina!
Para benefício da minha sanidade mental, gosto de recorrer a alguns escritos, que guardo em arquivo, que me recordam que, afinal, nem tudo é tão mau como se pinta, nós somos tão capazes como quaisquer outros, muitas vezes até melhores, e apesar dos problemas, existem bons motivos para termos esperança e nos orgulharmos de ser portugueses.
Pela sua actualidade, e para os que não tiveram oportunidade de ler, reproduzo, abaixo, um texto, escrito por Nicolau Santos, que considero um oásis, neste deserto que é o pessimismo nacional.
E como diria Raul Solnado, "façam favor de ser felizes" !

ALELUIA !

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores (EFACEC).
Mas onde também existe outra líder mundial na produção de feltros para chapéus (Fepsa).
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados (Ydreams).

E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar (Mobycomp).
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais (GALP).
E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos (SIBS). Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros) (BPI, BCP, Totta, BES, CGD).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática (Stab Vida).
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas (Altitude Software, Primavera Software).
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência (Critical Software, Out Systems, WeDo). Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas (Brisa). Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial (Bial). Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça (Grupo Amorim). Ou que produz um vinho que bateu em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis (Quinta do Monte de Oiro).
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia (Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services). Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis (Portugal Telecom Inovação). E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo (Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo).
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.
Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte de Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).
Este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.
Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

Nicolau Santos, Director-adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar

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