sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POLÍTICA...



Os que aqui me acompanham sabem que não faço deste espaço um local de opinião política.
O que não significa que não o utilize para expressar a minha opinião, sempre que entender adequado.
Se decidi, ontem, referir-me aos dados do Eurostat, sobre a economia portuguesa, foi porque, com o crescimento registado no segundo trimestre deste ano, a nossa economia saiu, técnicamente, da recessão em que se encontrava.
Não sei o que se irá passar neste trimestre, mas a verdade é que, este anúncio configura, sem qualquer dúvida, uma boa notícia.
Infelizmente, os números do desemprego, hoje divulgados, indicam um agravamento de duas décimas, colocando a taxa de desemprego em 9,1%, o que, não sendo um bom sinal, revela um abrandamento do crescimento do número de desempregados.
Claro que ter mais de 500 mil desempregados no País, não podem ser boas notícias, mas quando comparado com o que se passa com os nossos parceiros, temos de reconhecer que não foi tão mau quanto se temia, e foi melhor do que se previa.
E todos os economistas sabem que o desemprego é, em situações de crise, o último indicador a registar abrandamento, principalmente num contexto de modernização económica, com as empresas a aproveitarem a crise para recorrerem a novas tecnologias, em substituição de mão-de-obra.
Mas já os dados da inflação revelam que, Portugal tem a taxa mais baixa da Europa, juntamente com a Irlanda, situando-se em 0,5%. E, neste domínio, isso dá-nos alguma margem de manobra, face a um, expectável, aumento dos preços das matérias primas, que acompanhará a recuperação económica mundial.
E é por isso que, algumas opiniões que ouvi, e li, a este respeito, distorcidas com claras motivações políticas, me causam alguma irritação.
Os efeitos da crise internacional numa pequena economia aberta, como a nossa, foram, e são, inegáveis, e constituem factores exógenos que condicionam, sériamente, a evolução económica do País.
E se, quando Portugal tem más prestações, comparativas, com outros países da União, isso é realçado, ás vezes até amplificado, parece-me da mais elementar justiça que, também, se realcem as boas notícias.
É claro que o País tem vários problemas estruturais para resolver, mas será bom não esquecermos que o actual governo deu alguns passos no sentido de proceder a algumas reformas, necessárias, afrontando muitos interesses instalados, tendo a crise internacional interrompido esse esforço. Podem ter sido insuficientes, mas a verdade é que o fez, como outros não ousaram, sujeitando-se á impopularidade que todos conhecemos, com custos eleitorais elevados, como ficou demonstrado nas eleições europeias.
Portugal tem, é verdade, problemas muito sérios para resolver, que já existiam antes do eclodir da crise, que este, e outros, governos, nunca souberam, ou quiseram, enfrentar. E esses são, a meu ver, mais do que suficientes para estimularem os políticos, economistas, e outras organizações de classe, a apresentarem soluções exequíveis, com tanta, ou mais, imaginação, do que a que, muitos, utilizam, para fazerem a "leitura" das estatísticas económicas.
A economia não é uma ciência exacta, como a crise internacional demonstrou, uma vez mais, mas também não legitima todo o tipo de interpretações dos resultados.
Mesmo com alguns indicadores favoráveis, como foi o caso, todos sabemos que o País continua com imensos problemas por resolver, vários de natureza estrutural, e que temos pela frente períodos muito difíceis. Mas acredito que o tempo, e energia, gastos com a actividade interpretativa, para fins, puramente, políticos, seriam, certamente, melhor empregues na apresentação de propostas que contribuíssem para a sua resolução.
Assim não lhes falte a arte, o engenho, e a vontade...

1 comentário:

  1. Só o facto de sermos um povo tvi/pimba, permitirá a medíocres como MFL ou o Paulinho das feiras aspirarem a voltar a governar(-se) (n)este País.

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