quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CARLOS LOPES...E AS TANGERINAS



A brilhante vitória de Carlos Lopes, na maratona, dos jogos olímpicos de Los Angeles, ganhando a primeira medalha de ouro para Portugal, está associada a um dos muitos momentos, inesquecíceis, passados como meu filho.
Á época, viviamos em Paris, no Boulevard Pasteur, e, no dia anterior compráramos uns quilos de tangerinas, não me recordo se 3 ou 4, que enchiam uma enorme terrina, de vidro, que fazia de centro de mesa, na nossa sala comum.
O meu filho, já sonhava com os presentes que iria receber, uns dias depois, quando do seu 5º aniversário.
Eu planeara madrugar, no dia 13 de Agosto, na esperança de poder ver Carlos Lopes ganhar a primeira medalha de ouro, em jogos olímpicos, para Portugal, como veio a acontecer.
A prova começara, quando o meu filho surge na porta da sala, correndo para o meu colo, querendo saber, naturalmente, todos os pormenores do que se estava a passar.
A dado momento, a fome apoderou-se de ambos, e como a ocasião não era propícia a estadias longas na cozinha, decidimos saciar a nossa vontade com o recurso ás tangerinas, que tinham, diga-se, um aspecto fantástico.
Os primeiros gomos confirmaram a sua qualidade, docinhas e sumarentas, e lá fomos comendo, enquanto acompanhávamos a corrida.
Não posso precisar, mas admito, sem dificuldade, que, quando Carlos Lopes arrancou para a vitória, aumentando o ritmo de corrida, nós tenhamos acelerado, com ele, no consumo da deliciosa fruta.
Apesar de estarmos só os dois na sala, a vitória foi comemorada com algazarra, tanto mais que, o facto de ser emigrante, num país onde a nossa colónia passou tantas dificuldades, tendia a acentuar o meu nacionalismo.
Como seria normal, a minha mulher apareceu uns instantes depois, estremunhada, para ver o que se passava, e enquanto nós tentávamos relatar-lhe o sucedido, ela olhava, fixamente, a terrina, cheia de cascas, repetindo a pergunta:
Mas como é que é possível ? Vocês comeram as tangerinas todas !
E enquanto nós exultávamos, ela elaborava sobre as consequências que aquele consumo exagerado teria no nosso aparelho digestivo, o que, note-se, acabou por não suceder.
Para nós, a madrugada do dia 13 de Agosto será, para sempre, lembrada como uma vitória do Carlos Lopes, de Portugal e...das tangerinas.

PS: como o meu filho fez questão de me recordar, Carlos Lopes, que trabalhava para o BPA, como eu, visitou, mais tarde, a sucursal do Banco, em Paris, tendo autografado um "poster", em sua homenagem, com uma dedicatória para o meu filho.
Infelizmente, quando da nossa mudança, para Londres, um funcionário da transportadora Galamas teve a infeliz ideia de usar esse poster para embrulhar um vaso...

1 comentário:

  1. Certamente que te recordas... Tinha um poster do Carlos Lopes autografado fantástico que os senhores da "Galamas" se encarregaram de usar para embrulhar uns vasos da mãe! Bons tempos!Bjs

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