sábado, 21 de agosto de 2010

SÓCRATES: ESSE MALANDRO...


A notícia tem poucas horas, e dela tomei conhecimento via Twitter, remetendo para a página da TSF, na Internet:

"O vice-presidente social-democrata, Diogo Leite Campos, diz que o PSD não está interessado em criar «crise política» e acusa José Sócrates de apenas apresentar a versão dos factos que lhe convém numa resposta à acusação do primeiro-ministro de que o PSD está a prestar um mau serviço ao país."

Mas o vice-presidente do PSD vai mais longe, e para que não restem dúvidas, esclarece:

"Diogo Leite Campos diz ainda à TSF «que o PSD não está interessado em crise», adiantando que os social-democratas apenas pretendem que o «Governo apresente um bom Orçamento, o que não fez até hoje».
O vice-presidente do PSD explica que o partido vai apoiar todas as medidas socialistas que considere patrióticas, mas deixa uma acusação ao Executivo de José Sócrates.
«O Governo está a preparar-se para apresentar o Orçamento do Estado pelo menos nas suas grandes linhas numa altura em que já não é possível dissolver a Assembleia da República e demitir o Governo, ou seja, se o Governo fosse transparente apresentava-o, como disse o doutor Passos Coelho até 9 de Setembro, em que era possível devolver o poder aos portugueses», defende.
«Portanto, o Governo está a esconder-se atrás da impossibilidade de dissolver a Assembleia para poder apresentar o Orçamento que quer», prossegue Diogo Leite Campos.
O dirigente social-democrata rejeita também a acusação de que o PSD está a desviar as atenções das propostas de revisão constitucional e sublinha que não existe nenhum falhanço nesta área por parte dos social-democratas.
"

Ficámos, pois, a saber que, o malandro do primeiro-ministro está a "apresentar a versão que lhe convém", facto tanto mais grave quanto a nossa política está cheia de exemplos de dirigentes partidários a apresentarem versões que não lhes convêm.
E a posição do PSD é tanto mais compreensível quanto é público e notório que, nem Passos Coelho, nem qualquer outro dirigente do PSD, incluindo o vice-presidente Diogo Leite Campos, ousaria apresentar aos portugueses "uma versão que lhe convém", não só no que diz respeito aos assuntos do Orçamento, da revisão constitucional, ou do desejo de antecipar as eleições legislativas, como a qualquer outro tema da vida nacional.
E é mais do que óbvio que, quando Diogo Leite Campos omite, no seu discurso, que as propostas que o PSD agora recusa constam do PEC enviado a Bruxelas, para vigorar até ao final de 2011, com o seu acordo e aprovação, não está a "apresentar a versão que lhe convém".
Somente não lhe ocorreu falar desse assunto, aliás um mero detalhe em toda esta discussão, porquanto, como pode ser confirmado por qualquer observador independente, o PSD sempre prestou aos os portugueses toda a informação relevante, para que pudessem formar uma opinião.
Como se verificou, recentemente, a propósito da anunciada proposta de revisão constitucional.
E como se esta pouca vergonha não bastasse, pasme-se, o Governo tem a ousadia de estar a preparar-se para apresentar as grandes linhas do Orçamento depois do dia 9 de Setembro.
Trata-se de um atentado a uma consagrada prática governamental, de dar a conhecer aos portugueses as grandes linhas do Orçamento para o ano seguinte em Agosto, procedendo à sua concretização na primeira semana de Setembro.
E entende-se a indignação de Leite Campos e da direcção do PSD, porque é de justiça reconhecer que, quando o partido esteve no Governo, sempre assim procedeu, com o líder a anunciar as grandes linhas orçamentais, para o ano seguinte, no Pontal, e a proceder à sua concretização na semana subsequente.
Lamentavelmente, foi preciso o malandro do Sócrates chegar ao poder para que acabasse esta saudável prática governamental, que remonta aos tempos do PPD.
Em consequência, resulta claro e compreensível que, neste contexto, Diogo Leite Campos acuse o Governo de "se esconder atrás da impossibilidade de dissolver a Assembleia, para apresentar o Orçamento que quer".
Não que o PSD esteja interessado em provocar qualquer crise, longe disso, aliás Leite Campos teve o cuidado de confirmar o apoio do partido a "todas as medidas socialistas que considere patrióticas", tal como sucedeu quando Passos Coelho decidiu dar as mãos ao País, aos portugueses, e ao Governo, para aprovar a revisão do PEC que está em Bruxelas.
Só que isso foi há muitos meses, quando a crise financeira estava no auge, o desemprego aumentava, o PIB não crescia e a inflação estava sob controlo.
Agora, com a radical alteração da situação económico-financeira, não só o país e os portugueses já não precisam que lhes dêem as mãos, como o Governo merece que lhe dêem com os pés.
E se alguém se atrever a sugerir que esta posição do partido possa estar relacionada com o recente trambolhão nas sondagens, em consequência de uma excelente proposta de revisão constitucional, que a ignorância dos portugueses não lhes permite compreender, é porque desconhece o empenhamento e a prática política dos dirigentes do PSD, na defesa da transparência e do interesse nacional.
Sim, porque como é do conhecimento de todos, incluindo o Presidente da República,a actual direcção do PSD seria incapaz de apresentar uma versão dos factos que lhe fosse conveniente, e quando defende a apresentação das grandes linhas do Orçamento até 9 de Setembro, ou a devolução do poder aos portugueses, nada mais faz do que zelar, escrupulosamente, pelos superiores interesses nacionais.
Nem outra coisa seria admissível, por parte de um partido político responsável!
Ah,se não fosse esse malandro do Sócrates...

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