quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A "SILLY SEASON"...


A avaliar pelo comportamento da comunicação social, está aberto o novo ano político, mais ou menos o equivalente à nova época desportiva 2010/11.
Com algum pragmatismo, poder-se-à dizer que o discurso de Passos Coelho, no Pontal, marcou o início das hostilidades, e o fim da "silly season", ou seja, para quem não sabe inglês, o fim da "época tonta".
Devo acrescentar que, nunca entendi os motivos da designação, a não ser por se tratar do mês de Agosto, supostamente uma época de calor, e como o calor dilata os corpos, presumo que isso aumente a tendência para a asneira. Mas esta é, naturalmente, uma explicação que carece de rigor científico...
A verdade é que, por estes dias, se têm sucedido os programas televisivos, com a presença de jornalistas, analistas, e comentadores políticos, para tentarem adivinhar o que se vai passar, em matéria de aprovação, ou não, do Orçamento Geral do Estado, para 2010/11, e da antecipação das eleições, legislativas.
Pelo caminho, lá vão metendo umas buchas sobre os problemas da Justiça, a qual, para nossa desgraça, continua a ser um instrumento da luta política...
Também o Presidente da República não fica imune à polémica, apesar dos seus esforços para se manter à margem das politiquices, muito pela acção de vários dos seus correlegionários, o que não deixa de ser interessante...
Mas verdadeiramente curioso, e digno de estudo, é o modo como jornalistas, analistas, e comentadores, se arrogam o direito de interpretar o sentimento dos portugueses, relativamente a matérias sobre as quais, perdoem-me que o diga, a esmagadora maioria não faz a mínima ideia do que está em jogo.
E a quem disser que exagero, desafio-o a promover um inquérito, na sociedade portuguesa, para indagar das percentagens de portugueses que sabem o que é o "deficit" orçamental, a dívida pública, ou o Orçamento Geral do Estado.
O que não quer dizer que, tal como dizia o meu falecido amigo Salgado Zenha, as pessoas possam não saber o que querem, mas saibam, perfeitamente, o que não querem.
E esse é, a meu ver, o verdadeiro problema, ou seja, já que os eleitores não entendem, exactamente, o que está em jogo, políticos, analistas, jornalistas, e comentadores, procuram influenciar o eleitorado, não pela via do seu esclarecimento, mas actuando ao nível das suas percepções...
Aliás, só neste contexto é que pode ser entendível que, políticos, jornalistas, analistas, e comentadores, consigam tratar, simultâneamente, em programas televisivos de 55 minutos, as questões do Orçamento, da antecipação das eleições, da revisão constitucional, da Justiça, e dos poderes do Presidente da República.
Como não podia deixar de ser, tudo é analisado na base do "meia bola e força", sendo questionável o verdadeiro objectivo destes programas.
E assim sendo, meus amigos, se é inegável que o novo ano político está de volta, não é menos verdade que a "silly season", essa, não só continua, como parece estar para durar...

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