sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A BIGAMIA QUEIROSIANA...



(...) O homem desde todos os tempos tem sido (se me permitem renovar essa alegoria neoplatónica) duas esposas, a razão e a imaginação, que são ambas ciumentas e exigentes, o arrastam cada uma, com lutas por vezes trágicas e por vezes cómicas para o seu leito particular - mas entre as quais ele até agora viveu, ora cedendo a uma ora cedendo a outra, sem as poder dispensar; e encontrando nessa coabitação bigâmica alguma felicidade e paz. Assim Arquimedes tinha por emblemas na sua porta um compasso e uma lira. (...)

Eça de Queiroz - "Positivismo e Idealismo" - Gazeta de Notícias, 27 e 28 de Julho 1893

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