sábado, 30 de abril de 2011

EM "FUTEBOLÊS" NOS DESENTENDEMOS...


Quando era jovem, tinha dificuldade em compreender o progressivo afastamento dos portugueses em relação à política, e aos políticos.
Talvez influenciado pela minha passagem pela política, no longínquo período de 1974/78, aceitava a dificuldade de muitos, incluindo a minha, de se submeterem a uma disciplina partidária, mas considerava inadmissível a crescente indiferença dos portugueses, perante a escolha de quem deveria assumir a governação.
Com o passar dos anos, e quase sem que disso me apercebesse, também eu me comecei a afastar da contenda política, enfadado pela facilidade com que os nossos políticos, na luta pela conquista do voto, sobrepunham os interesses partidários aos dos eleitores, e do país.
Afinal, ainda que imperceptível para muitos de nós, aquilo que se estava a passar, não era mais do que um fenómeno de crescente "futebolização" da vida política, e os resultados estão à vista de todos.
Nem a situação de emergência em que o país se encontra, que obrigou ao pedido de ajuda externa, parece ser suficiente para chamar à razão os nossos políticos, tal é o seu empenho em sobrepor a partidarite, e a caça ao voto, aos interesses de Portugal, e dos portugueses.
E nada parece ser suficiente para travar o enredo quotidiano, entre os que insistem em ignorar os prejuízos que estão a causar a Portugal, e à sua imagem externa.
Como pode alguém manifestar surpresa perante as dúvidas dos finlandeses, quanto ao apoio financeiro a Portugal, quando os nossos dirigentes partidários parecem incapazes de distinguir o essencial do acessório?
Quando, após a confirmação da conquista do campeonato nacional de futebol, alguém decidiu mandar apagar as luzes, no Estádio da Luz, e ligar o sistema de rega, foi o nome do Sport Lisboa e Benfica que foi posto em causa, e não o de quem tomou a decisão. Quem o fez, apesar da transitoriedade do seu cargo, foi incapaz de perceber que estava a macular a história, o prestígio, e a honra, de um Clube centenário, que não lhe pertence, e que lhe deveria merecer maior respeito.
Quando os nossos políticos trocam insultos, insinuações, e acusações, na praça pública, comportam-se como se ignorassem que é a credibilidade, e o bom nome, de Portugal que está em causa, e não o dos seus adversários.
E também eles parecem não entender que, a transitoriedade dos cargos que ocupam não lhes confere quaisquer direitos sobre o País, que têm o dever, e obrigação, de respeitar.
Este tipo de atitudes e comportamentos pode até ajudar a empolgar os mais ferrenhos, mas não deixará de afastar os mais razoáveis, e sensatos, para prejuízo de todos.
Na política, como no futebol, acredito que Portugal merece melhor!

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