sábado, 19 de setembro de 2009

RECORDAÇÃO...


No dia 19 de Setembro de 1966, a minha mãe encontrou a morte, na estrada, no regresso de férias.
Ironicamente, o carro em que se deslocava, que era propriedade de um colega do meu pai, que o conduzia, havia sido comprado com dinheiro emprestado pela minha avó materna...
Dir-se-ia que por milagre, atento o estado em que ficou o carro, o meu pai conseguiu sobreviver aos múltiplos traumatismos e lesões...
É o meu primeiro ano sem os dois, que aparecem na foto acima, no parque Maria Luísa, em Sevilha. É uma das últimas fotos que tenho deles...
Sem querer ser lamechas, direi, apenas, que, se Deus existe, Ele estava distraído naquela manhã de Segunda-Feira...
Com a morte da minha mãe percebi, ainda que de forma cruel, como era grande o amor que o meu pai tinha por ela, continuando a recordá-la até ao fim dos seus dias, e como era nobre de carácter o meu pai, e o amor que nutria pelos filhos...
Os meus pais eram católicos, praticantes, e neste dia de profunda tristeza para mim, resta-me o consolo de o meu filho poder ter razão, quando me disse, no hospital, logo após a morte do meu pai:
"O avô cumpriu a sua vontade. Foi juntar-se á avó lá em cima, para serem felizes como foram cá em baixo...".
Aos dois, aqui fica a minha homenagem, com uma enorme saudade...

2 comentários:

  1. Um abraço muito solidário por esta data e por esta dor. Conheço as duas.
    Um poema escrito no ano em que fiquei sem o meu marido.
    "Senhor:
    Pergunto-me
    mais uma vez
    outra e mais outra:
    Será mesmo verdade
    já o não tenho
    a meu lado?
    às vezes,
    quando faço o jantar
    e está tudo sossegado,
    parece-me ouvir
    o seu passo
    cansado.
    As cheves a retinir na porta
    e ele já a meu lado:
    -Olá miúda
    cheira bem o teu guisado.
    Senhor:
    diz-me a verdade
    e dá-me a certeza
    de não estar louca.
    Ele partiu mesmo
    para não voltar?
    Não é possível...
    deixaste-lo sem escolha.
    Diagnóstico irreversível
    dias contados...
    Não foi esse o seu querer...
    Por sua vontade
    não teri deixado
    seu filho, sua mulher...
    Eram a sua felicidade.
    Foi encostado à parede
    e apanhado
    de surpresa...
    Senhor, como foste capaz?
    FILHINHA: um de vós
    partiria mais cedo..
    é assim que a vida reza.
    Foi ele á frente,
    como vão os valentes.
    Já não terás medo
    porque ele estará á tua espera"
    Não há "distracções" com Deus...mas há explicações!! GRaça

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  2. Não sabemos o porque e a nossa pequenes não nós permite entender o porque dos fatos acontecidos.

    Acredito que mesmo em Sua
    distracção o Sr Deus tinha algum motivo e caminhos traçados para os que foram e os que ficaram, para permitir tal enlace.

    Talvez o Amor e Carácter diferenciado de seu tutor para com os seus filhos que influenciaram e nortearam a tão bela criação que ora é externado através das gerações, possa ser algum consolo.

    O que não justifica tão prematura partida.

    Minhas solidariedades na saudade e nas bonitas lembranças deixadas.


    Bjoos


    Su

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