quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ECOLOGIA, OU NEGÓCIO ?



Élisabeth Laville é uma consultora francesa de grandes empresas, em assuntos ambientais.
Autora do livro "A Empresa Verde", a escritora aproveitou a sua passagem por São Paulo para conceder uma entrevista á revista Veja, publicada esta semana.
É uma entrevista interessante, acerca de um tema "omnipresente" nas agendas dos governos dos países desenvolvidos, embora o discurso, na esmagadora maioria dos casos, tenha muito pouco que ver com a prática...
Da entrevista, com Madame Laville, realço o destaque da revista, e a sua afirmação de que "a carne responde por 20% das emissões de dióxido de carbono. Se o consumidor sabe que comer carne vermelha tem impacto nas mudanças climáticas, é sua responsabilidade comer menos carne".
Senti-me aliviado !
Eu, que prefiro o peixe á carne, sinto-me redimido, aos olhos da sociedade, esperando que esse crédito possa ser utilizado por conta dos meus cigarros...
E se os governos decidirem proibir o consumo de carne vermelha, em locais públicos, em nome da defesa do planeta, sentir-me-ei, parcialmente, ressarcido, pela criminalização do meu direito, constitucionalmente consagrado, a fumar uns cigarritos...
Sei que vou ser politicamente incorrecto, mas muito do que está relacionado com a causa ambientalista cheira-me a negócio. Sugere-me uma variante da ultrapassada gripe das aves, ou da actual gripe suína, agora designada H1N1...
Passo a explicar:
Considero muito importante que se preservem as espécies, a natureza, e o meio ambiente, mas incomoda-me pensar que possam existir, á volta desta questão, um conjunto de interesses ocultos, tal como sucede, por exemplo, em matéria de saúde pública, com a indústria farmacêutica...
E causa-me desconforto a utilização, abusiva, de causas públicas, para defesa de certos interesses privados, mesmo quando suportadas por algumas "evidências" científicas...
Quando vejo um ex-vice presidente americano, como sucedeu com Al-Gore, receber o Prémio Nobel da Paz, pelo seu contributo para as alterações climáticas, quando, na verdade, a sua contribuição se reduziu a um filme, "Uma Verdade Inconveniente", e umas tantas palestras, todas pagas principescamente, como é de regra, fico, como diria a minha avó, com "a pulga atrás da orelha"...
Tanto mais que não me consta que Al-Gore, enquanto candidato á presidência dos Estados Unidos, tenha feito deste tema uma das bandeiras da sua campanha, e nunca se lhe conheceu essa veia ambientalista enquanto vice-presidente de Bill Clinton...
Dirão, os seus defensores, que mais vale tarde do que nunca, mas a verdade é que o tema é politicamente sensível, nos Estados Unidos, e eu, confesso, lido mal com conversões tardias, ou de conveniência.
Cheira-me sempre a negócio, coisa de cristão-novo, sobretudo quando se trata de pessoas de idade avançada...
Reconheço a minha ignorância, em matéria de alterações climáticas, mas devo confessar que, empiricamente, sinto que as coisas talvez não sejam tão más como os Verdes, ou Ecologistas, as pintam...
Gosto de estar informado sobre os principais problemas do meu tempo, entre os quais se inclui a ecologia, mas quando vejo casos como o da Madame Laville que, com 43 anos, só se tornou "radical quanto a determinadas questões" após o nascimento da sua filha, não posso deixar de pensar que existem razões que a razão desconhece...
Como decorre da entrevista, o seu radicalismo teve origem no facto de, quando a sua filha entrou para a escola, ter constatado que "os alimentos servidos lá eram ricos em gorduras e carboidratos", o que a levou a mobilizar outras escolas, para alteração do regime alimentar das crianças...
Ou seja, os grandes desastres ecológicos, como os derrames de petróleo nos oceanos, ou o perigo de extinção de algumas espécies, por captura excessiva, nunca a preocuparam, até aos 40 anos, e só os excessos de gordura na alimentação da filha a fizeram ver a "luz"...
Gostaria de acreditar que a sua actividade de consultoria, para grandes empresas, em matéria ambiental, é gratuita, atenta a importância da causa e a sua conversão tardia, mas como já tenho 55 anos e não acredito em milagres, sei que estou enganado...
Até porque não deixa de ser curioso que Madame Laville, apesar de afirmar que "o mais importante é fazer com que as pessoas tenham conhecimento de que as suas viagens têm impacto sobre o meio ambiente, já que os aviões emitem grande quantidade de CO2", considere que os € 120, que pagou de taxa, extra, pela sua viagem ao Brasil, compensam o impacto ambiental negativo causado pelo avião.
Afinal, parece que tudo pode ser remível a dinheiro, mesmo para alguns notáveis ambientalistas...
E não resisti a pensar a que causa ambientalista terá Madame Laville doado os direitos de autor do seu livro, que já vai na terceira edição em França, e acaba de ser publicado no Brasil...
Bem vistas as coisas, talvez a revista Veja tenha razão, com o título que decidiu escolher para a entrevista:
"O negócio é ser verde"...



3 comentários:

  1. Já estou como tu... Há tanta coisa que se faz e diz "em nome de" "pela sua saúde" etc etc. Será que andam tão preocupados connosco?? Faça ginástica...relaxe no SPA... e passe para cá uns euros!!! Verdes de raiva, ficamos nós. Um bom fds e um bj graça

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  2. Parabéns pelas duas últimas excelentes matérias publicadas.

    Como de sempre com o norte bem firme e aprumado características

    marcantes em teu perfil, o que te cai sempre bem.

    Com carinho

    Su

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  3. Parabéns pelas duas últimas excelentes matérias publicadas.

    Como de sempre com o norte bem firme e aprumado características

    marcantes em teu perfil, o que te cai sempre bem.

    Com carinho

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