sábado, 19 de setembro de 2009

QUO VADIS ?






O Diário de Notícias transcreveu o "e-mail" que esteve na base da notícias sobre as alegadas escutas telefónicas a Belém, que tomo a liberdade de aqui reproduzir.
Faço notar que, Fernando Lima é, nem mais, nem menos, do que o Assessor de Comunicação do Presidente da República.
O Presidente, quando confrontado com a notícia, informou que não falaria do assunto, até ás eleições...
Um estranho silêncio, atentas as responsabilidades que lhe são atribuídas pela Constituição da República Portuguesa, e que passo a citar:

Artigo 120.º
Definição
O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.

Confesso que me faltam adjectivos para qualificar o comportamento de Cavaco Silva, mesmo dando de barato que se possa ter zangado com José Sócrates, e pretenda dar uma mãozinha eleitoral á sua amiga Manuela.
Ao encomendar notícias aos jornais, para comprometer o primeiro-ministro, Cavaco Silva traiu a confiança dos portugueses que nele votaram e demonstrou não estar á altura do cargo que desempenha.
Já aqui tinha manifestado a minha indignação face ao silêncio do Presidente, perante um assunto de tal gravidade, mas depois da revelação deste "e-mail", que não foi desmentido, e o comentário do presidente, apenas me resta perguntar:

"Quo Vadis" Portugal ?

Revelação
O "e-mail" que denuncia as escutas (transcrição)
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De: Luciano AlvarezEnviado: quarta-feira, 23 de Abril de 2008 14:18Para: José Tolentino Nóbrega

Assunto: Lê
Caro Tolentino
Vou fazer esta conversa por e-mail e não por telefone porque a situação é tão grave que é melhor não correr riscos de ser escutado. Como verás mais à frentenem os homens do Presidente da República arriscam a falar dela por telefone. Pode ser paranóia da parte deles, mas a verdade é que é melhor não correr riscos.
Primeira advertência: lê este mail sentado.Secunda advertência: a história não vai ser fácil de fazer, mas se a conseguir-mos pode ser a bomba atómica.
Vamos por partes
1- Na noite de terça-feira o Fernando Lima, do PR, telefonou-me a dizer queprecisava de falar comigo hoje de manhã num local discreto. Encontramo-nos hoje às 9 h da manhã num café discreto na avenida de Roma e foi logo direito ao assunto, estava ali a falar comigo a pedido do presidente da república, que o assunto era grave e que tinha escolhido escolhido falar comigo porque me achava um jornalista séria (isto seria a dar-me graxa) e porque o acha a presidência da república que o PÚBLICO é o único jornal português que não está vendido ao poder.
2- O assunto era o seguinte (estás sentado?): o presidente da república acha queo gabinete do primeiro-ministro o anda espiar e que a prova grande disso tinha sido dada na Madeira onde o primeiro-ministro tinha enviado um tipo que trabalha para o MAI só para espiar os passos do Presidente e dos homens do seu gabinete. (mesmo que seja mentira o que não passe de uma paranóia do PR estás a ver a gravidade do facto do o presidente pensar que o PM o anda a espiar). Está a ver como estarão as relações entre eles e a opinião que o PR tem do PM)
3- Depois entregou-me um dossier sobre um Rui Paulo da Silva Figueiredo que é adjunto jurídico do PM, trabalha para o MAI, já passou pelos gabinetes de diversos ministro e, segundo o Fernando Lima, terá tentado entrar para o SIS mas chumbou.
4- Este tal Rui Paulo acompanhou a visita do PR, não se sabe como e e segundo o Lima “procurou observar”, o mais por dentro possível, os passos da visita do Presidente e o modo de funcionamento interno do satff presidencial”. Ao satff do PR terá percebido isso bastante cedo e redobrou os cuidados.
5- Estou a contactar-te porque esta história, que pode ser uma bomba ou não dar em nada, tem de começar pela Madeira com todo o cuidado e porque sei que posso contar com a tua discrição e habitual profissionalismo (isto não é graxa).
6- O Lima garantiu-me que Esta tal Rui Paulo foi colocado na mesa dos assessores do PR no jantar oferecido pelo Representante da República no Palácio da São Lourenço e foi também convidado para o jantar que o Jardim ofereceu no último dia na Quinta da Velga. Isto é verdade e facilmente confirmável.
7- O Lima sugere e eu acho bem duas perguntas para inicio do trabalho (até porque a eles também lhe interessa que isto começa na Madeira para não parecer que foi Belém que passou esta informação , mas sim alguém ligado ao Jardim)
8- Perguntas sugeridas pelo Lima: Perguntar à dr. Helena Borges, chefe do gabinete do representante da república se o conhece e se é verdade que, no jantar oferecido pelo representante no Palácio de São Lourenço ele ficou na mesa dos assessores do PR (a gente já sabe que é verdade mas vamos fingir que não sabemos) e Porque ficou ele neste mesa sem antes ser dado conhecimento ao staff do PR. 2 Pergunta: Perguntar a Paulo pereira, responsável pela informação do gabinete do Jardim, em que qualidade o tal Rui Paulo foi convidado para o jantar que Jardim ofereceu no último dia na Quinta de Veiga.
9- Agora digo eu: quem meteu este tipo na visita e em que comitiva é que ele entrou.
10- Como já te disse isto tudo pode ser paranóia dos do PR e do Lima, mas, mesmo sendo paranóia, não deixe de ser grave que o PR pense isto e que ande a passar a informação ao PÚBLICO manifestando uma grande vontade de a história vir ao público (estás a ver a bronca). Acho também que se nós conseguirmos que houve um tipo do MAI e do gabinete do PM metido à sucapa na visita do PR já é um inicio da história.
11- O Lima sugeriu-me que tratasse com ele (Lima) desta história por e-mail porque estão com medo das escutas.
12- Esta história só é do conhecimento do PR, do Lima, minha, do Zé Manuel Fernandes (que me pediu para não a contar a ninguém por enquento, mas que eu tenho que ta contar para tu te pores em campo com o conhecimento total do que estamos a falar). Peço-te por isso toda a discrição.
13- O Lima passou-me um dossier completo sobre este Rui Paulo.
14- Eu estou de folga, vim só ao jornal tratar disto e vou para casa. Estou sem computador em casa (a minha mulher levou-mo para o trabalho). Quando acabares de ler o e-mail pudemos falar por telefone.
Um abraço e vai-te a eles

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