O primeiro-ministro português, José Sócrates, está envolvido num novo escândalo.
O caso já está nas mãos do Ministério Público e sabe-se que será objecto de inquérito Parlamentar.
Numa posição politicamente muito difícil, o primeiro-ministro terá muita dificuldade em resistir às pressões da oposição, visando a sua renúncia ao cargo.
Desta vez, o caso envolve uma conversa com jornalistas, após a participação na Meia Maratona de Lisboa, durante a qual José Sócrates se declarou benfiquista, qualidade que partilha com milhões de portugueses e não constituiria, por si só, nenhum crime.
Sucede, porém, que, ao ser questionado sobre quem seria o vencedor da Taça da Liga o primeiro-ministro português mentiu, declarando que não sabia, embora desejasse a vitória do seu Benfica.
Sucede que Sócrates soube que o Benfica ia sair vencedor do confronto, por 3-0, durante um almoço na Costa da Caparica, com o treinador Jorge Jesus, no restaurante de um conhecido benfiquista.
Nesse almoço, que durou cerca de duas horas, Jesus garantiu ao primeiro-ministro que o Benfica ia ganhar a final, acrescentando que eram "favas contadas", tendo também revelado quem seria o vencedor do campeonato nacional.
Segundo foi apurado, José Sócrates discutiu com o treinador do Benfica um Plano para a reconquista da hegemonia no futebol nacional, tendo sido visto a entregar-lhe um guardanapo de papel contendo orientações para a sua execução.
A Polícia Judiciária está na posse da gravação integral da conversa, obtida por um empregado de mesa infiltrado, com conhecidas ligações ao FCPorto, e o Ministério Público já mandou instaurar um inquérito, acusando Sócrates de ser o mentor de um Plano para garantir ao Sport Lisboa e Benfica a hegemonia do futebol português, bem como de ter faltado à verdade, quando afirmou desconhecer o desfecho da final da Taça da Liga, num claro desrespeito pelas minorias portistas, sportinguistas, e até bracarenses, de aquém e além-mar.
Para complicar a situação de fragilidade do primeiro-ministro, soube-se que Francisco Louçã, em nome do Bloco de Esquerda, telefonou a Manuela Ferreira Leite solicitando o apoio do PSD para a instauração de um inquérito parlamentar, sem comissão de ética, o que lhe foi prontamente assegurado.
Fonte fidedigna, que pediu o anonimato, garantiu que a ainda líder do PSD suspeita que o Plano faça parte de um outro, bem mais amplo, para controlar a imprensa desportiva livre e asfixiar a democracia no futebol.
O Partido Socialista, tal como os restantes partidos com assento parlamentar, ainda não reagiu ás acusações, mas Paulo Rangel, candidato à liderança social-democrata, considerou gravíssimo o comportamento de José Sócrates, defendendo a demissão do primeiro-ministro, se vier a confirmar-se que mentiu aos portugueses.
Rangel fez ainda questão de acrescentar que não é desejável que uma eventual demissão ocorra antes das eleições presidenciais, para que o novo líder do PSD possa ter tempo para concretizar, em articulação com Belém, o velho sonho de obter "uma maioria, um governo e um presidente".
Instado a comentar, o Presidente da República recusou pronunciar-se, uma vez que o caso se encontra em segredo de justiça, mas acrescentou que a Justiça deve funcionar e que todos temos direito à presunção de inocência...
Entretanto, o presidente da direcção do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público revelou ter conhecimento de pressões do Governo, visando evitar a abertura do inquérito, que qualificou de inadmissíveis, mas recusou-se a revelar pormenores.
José Sócrates, de visita à Líbia, classificou as acusações de ridículas, mas a verdade é que foi visto a rir, à gargalhada, enquanto ouvia o relato do jogo, com um transistor emprestado, o que não poderá deixar de ser considerado como circunstância agravante no respectivo processo judicial...
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