Começou mais um Congresso do PSD ou, como diz Pedro Santana Lopes, do PPD/PSD.
A abrir, Rui Machete afastou logo a possibilidade de se encurtar a sua duração, colocando um ponto final na polémica das últimas 24 horas. A montanha parira um rato!
A decisão deixa mais tempo para a exaltação das virtudes do partido, para desancar o governo e o primeiro-ministro, para os jantares e almoços dos delegados, e dá aos candidatos a líderes mais tempo de exposição mediática, tudo justificando a aprovação por aclamação.
É assim em todos os partidos e em todos os países democráticos.
Os candidatos à liderança justificarão a candidatura com as preocupações com o futuro do país, dos portugueses, da integridade e da ética na política, enfim, um conjunto de bons princípios mas que escondem o que realmente os move: o Poder.
O que não deixa de ser estranho, na medida em que o poder é a essência da política e o que distingue a boa da má apenas depende da utilização que se lhe dá.
Na política, como no futebol, o objectivo é ganhar e convém não esquecer que só ganhando se consegue fazer obra...
Dir-me ão alguns que a política é mais nobre e altruísta do que o futebol, mas atrevo-me a contrapor que a finalidade é basicamente a mesma, ou seja, conquistar o poder e utilizá-lo ao serviço de pessoas e grupos, com o cuidado de evitar exageros que possam levar ao seu afastamento...
Existe nos chamados "partidos de poder" uma forte correlação entre o designado interesse nacional e dos cidadãos e a vontade de conquista e permanência no poder, sendo que muitas das suas práticas estão subordinadas à concretização desse objectivo. Esta é uma regra que, a meu ver, não tem excepção, em Portugal.
Já nos restantes partidos, como demonstrou o exemplo do PRD, é outro o objectivo, sendo tudo muito bonito até chegarem "lá", mas "depois é que são elas"...
Ferreira Leite, embora bem intencionada, teve uma liderança fraca, um género de Constâncio do PSD, sendo curioso que tenha conquistado o poder interno com um discurso baseado na credibilização da política e saia dizendo exactamente a mesma coisa....para consumo interno!
A defesa da ética e da integridade são insuficientes em política e Ferreira Leite nunca demonstrou uma verdadeira vontade de conquistar o poder pelo poder, Isso foi-lhe fatal.
Fez-me lembrar alguns presidentes de clubes de futebol, que fazem grandes declarações de ética no desporto, clamam pela verdade desportiva, mas não ganham nada. Um belo dia começam a ser vaiados pelos adeptos e acabam por sair pela porta dos fundos, embora acompanhados de grandes discursos e homenagens. enaltecendo o seu comportamento, até por parte daqueles que mais contribuíram para a sua queda...
Uma vez afastados, conseguem a unanimidade e o respeito, pelos princípios que defendiam, porquanto nós, portugueses, nos honramos de respeitar a memória dos mortos...
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