domingo, 28 de fevereiro de 2010

NO CAFÉ CENTRAL...



Era perto da hora do almoço e vivia-se uma certa acalmia na aldeia Fé em Deus, depois de uma noite agitada pelo temporal. Chovera a potes e o vento forte que se fizera sentir causara alguns estragos em telhados e deitara abaixo algumas árvores.
Os trabalhos de limpeza e reparação decorriam a muito bom ritmo e os aldeões retomavam a sua vida normal.
No Café Central, o Manecas Barbeiro conversava com o Silva, o dono do café, sobre os estragos causados pelo temporal:
- Felizmente que na minha casa foram só uma telhas e consegui reparar tudo pela manhã. E na barbearia não sofri estragos com o temporal. Mas lá que o tempo anda doido, anda.
- Pois eu aqui, tirando o problema com a falta de luz, não me posso queixar e também não houve estragos na minha casa, graças a Deus.
- Mas ó Silva, você já reparou que este tempo anda doido, insistia o Manecas ? Já viu quantas desgraças aconteceram este ano ? Ele é no Haiti, na América, por essa Europa fora, aquela desgraça na Madeira e agora aquilo no Japão e no Chile. Tempo do diabo!
- É verdade Manecas, é verdade. O tempo não tem dado tréguas ás pessoas, por esse mundo fora. Tantas desgraças que nos fazem pensar o quanto somos afortunados por não termos tido nenhum problema de maior aqui na aldeia.
- Você também tem razão. É verdade. Ás vezes a gente nem dá valor ao bem que tem...
E tão entretidos estavam com a cavaqueira que nem deram pela chegada do Nando Farmacêutico, que logo se aproximou, intrometendo-se:
- Ó Silva, não sei o que é que o Manecas estava a dizer, mas olha que ele deve ter razão...
- Gaivotas em terra...já perdi "vinte paus", atirou o Manecas, numa alusão ás velhas notas de vinte escudos. Já cá faltava este lagarto para me amolar o juízo... Estava aqui a comentar com o Silva o temporal e a sorte que temos, quando vemos todas essas tragédias pelo mundo fora, acrescentou.
- É verdade, nem me fales nisso. Agora esta coisa no Chile. Coitados...
O Silva, vendo que se esboçava uma fila no balcão, aproveitou para meter a sua "bucha":
- Bem Manecas, agora que já tens companhia, e da boa, deixo-te com o teu "lagarto" de estimação. Querem alguma coisa ?
- Já que vou ter que aturar este maduro, trás lá dois cafezinhos.
- Olha que rico amigo este, exclamou o Nando. Agora deixa-me aqui a gramar este lampião, que está cada vez pior desde que lidera o campeonato.
- Lidero e lidero muito bem, ou tens alguma dúvida ? Olha, é como diz o Jesus, somos a equipa que joga melhor futebol e mai nada ! O Leixões que o diga, que levou 4 na pá. A propósito, vocês ganharam ao Leixões?
- Pronto, lá começas tu, mas que sina a minha, diz o Nando resignado.
- E se quiseres ser apurado para a UEFA, o melhor é ganhares aos "morcões" logo á tarde, senão vais ter que te contentar com as provas cá do burgo, o que também, valha a verdade, não é coisa a que não estejas habituado, alfinetou o Manecas.
- Sabes que mais? Tu queres é lulas, ó Manecas. Treta, é o que é, treta. Estás é com medo do Porto e por isso até vais torcer por nós esta tarde... Raios partam este "lampião", exclamou, resignado á evidência do que o outro lhe dissera.
- Pena o Monas Picheleiro não aparecer por aí, pois faz tempo que o não vejo, e estou cá com uma vontade de lhe amolar o juízo que nem imaginas. Sempre gostava de saber se o "morcão" também era um dos 200 da manifestação pela verdade desportiva... Imagina, o FCPorto que foi quem mais perverteu a verdade desportiva em Portugal, anos e anos a fio, a organizar manifestações destas. É preciso lata, atirou o Manecas, com evidentes sinais de irritação na voz.
- Bem, bem, não te irrites Manecas, que para irritações já o clima nos dá suficientes...Sabes que lançaram um novo alerta vermelho? Vamos mas é até casa, fechar e proteger tudo, convenientemente, para não termos nenhuma surpresa, que eu quero ver o jogo descansado.
- Vermelho ? Então não é laranja ? Já não entendo nada disto. Uns dizem que é laranja, outros que é vermelho, parecem os nossos políticos. Falam muito mas a gente não entende nada...Mas enfim, tens razão, vamos mas é cuidar do que é nosso...
E lá se foram, mas não sem que antes o Manecas Barbeiro atirasse a última alfinetada:
-Ó Nando, não te preocupes. Anunciaram alerta vermelho, mas acho que é só lá para os lados de Alvalade...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

COM, OU SEM, PACIÊNCIA...


PACIÊNCIA
(Arnaldo Jabor)

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados. Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.
Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões e berrosque lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'. E o bem comportado executivo? O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...
Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça. Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.
Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...
Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.
Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.
A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintéticados calmantes está cada vez mais em alta.
Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' onde ele chegar? Qual é a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
E você? Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai aguentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você ama vão parar? Será que você conseguiu ler até aqui?
Respire... Acalme-se... O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...
NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA...
O Destino decide quem Você encontra na vida... Suas atitudes decidem quem fica...
TENHA UM ÓTIMO DIA E COM BASTANTE PACIÊNCIA...
A VIDA ESPERA. CALMA!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CONFUSÕES...

Confusões, ou o modo como uma simples troca de endereço pode criar uma barafunda dos diabos...
Mais um momento de humor, que merece ser divulgado.

E-mail errado

Quando o homem chegou e foi para seu quarto no hotel, viu que havia um computador com acesso à internet, então decidiu enviar um e-mail à sua mulher, mas errou uma letra, sem se dar conta, e o enviou a outro endereço (outra pessoa)...
O e-mail foi recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do seu marido e que, ao conferir seus e-mails, desmaiou instantaneamente.
O filho, ao entrar em casa, encontrou sua mãe desmaiada, perto do computador, em que na tela se poderia ler:
Querida esposa: Cheguei bem. Provavelmente se surpreenda em receber noticias minhas por e-mail, mas agora tem computador aqui e podem-se enviar mensagens às pessoas queridas.
Acabo de chegar e já me certifiquei que já está tudo preparado para quando você chegar na sexta que vem.
Tenho muita vontade de te ver e espero que sua viagem seja tão tranquila como está sendo a minha.

PS: Não traga muita roupa, porque aqui faz um calor infernal ...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

DEUS...


Se é verdade que rir faz bem á saúde, aqui fica mais um momento de boa disposição, para contrariar o clima de depressão generalizada em que o país parece ter mergulhado.
Divinal !
Um casal tinha dois filhos, um de 8 e outro de 10 anos, que eram umas pestes. Os pais sabiam que se houvesse alguma travessura na zona onde moravam, eles, com certeza, estariam metidos.
A mãe das crianças ficou sabendo que o novo padre da cidade tinha tido bastante sucesso em disciplinar crianças.
Então ela pediu ao padre que falasse com os meninos. O padre concordou, mas pediu para vê-los separadamente.
A mãe, então, mandou primeiro o filho mais novo.
O padre, um homem alto com uma voz de trovão, sentou o puto e perguntou-lhe austeramente:
- Onde está Deus ?
O puto abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som, ficou sentado, com a boca aberta e os olhos arregalados.
Então, o padre repetiu a pergunta num tom ainda mais severo:
- Onde está Deus ? Mais uma vez o puto permaneceu de boca aberta sem conseguir emitir nenhuma resposta.
Então, o padre levantou ainda mais a voz, e com o dedo no rosto do puto gritou:
- ONDE ESTÁ DEUS ? O puto saiu correndo da igreja directamente para casa e trancou-se no quarto.
Quando o irmão mais velho o encontrou, perguntou-lhe:
- O que é que aconteceu ?
O irmão mais novo, ainda tentando recuperar o fôlego, respondeu:
- Desta vez estamos mesmo lixados! Deus desapareceu e acham que fomos nós!!

O PRESIDENTE LULA



Os meus amigos sabem que tenho admiração pelo trabalho desenvolvido pelo presidente Lula, coisa que nem sempre é bem entendida por alguns dos meus amigos brasileiros.
Acredito que a história se encarregará de fazer justiça ao presidente, que cometeu erros, com certeza, mas cujo legado me parece inegável.
Por isso, no momento em que o PT acaba de designar Dilma como candidata á presidência, tendo o presidente Lula resistido á tentação de se recandidatar, apesar da sua enorme popularidade, decidi transcrever o conteúdo de uma mensagem que recebi de um amigo, português, com um texto de um professor universitário brasileiro realçando o trabalho do presidente.


Como Lula pôs o Brasil em destaque no mapa da política ... O Presidente, que no início era criticado e gozado, e que agora, pela obra feita, é respeitado em todo o mundo.


Assunto: Lula


Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores; e que também não entende de economia; pagou as contas de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos ricos.
Lula, o analfabeto, que não entende de educação, criou mais escolas e universidades que seus antecessores juntos [14 universidades públicas e entendeu mais de 40 campi], e ainda criou o PRÓ-UNI, que leva o filho do pobre à universidade [meio milhão de bolsa para pobres em escolas particulares].
Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o salário mínimo de 64 para mais de 291 dólares [valores de janeiro de2010], e não quebrou a previdência como queria FHC.
Lula, que não entende de psicologia, levantou o moral da nação e disse que o Brasil está melhor que o mundo. Embora o PIG-Partido da Imprensa Golpista, que entende de tudo, diga que não.
Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada,reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país à liderança mundial de combustíveis renováveis [maior programa de energia alternativa ao petróleo do planeta].
Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser respeitado e enterrou o G-8 [criou o G-20].
Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi sindicalista brucutu; mandou às favas a ALCA, olhou para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista. Tem fácil trânsito junto a Chaves, Fidel, Obama, Evo etc. Bobo que é, cedeu a tudo e a todos.
Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo (desmoralizado por brancos) uma mulher no cargo de"primeira ministra", e que pode inclusive, fazê-la sua sucessora.
Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha (a convite dela) e afrontou nossa fidalguia branca de olhos azuis.
Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes, criou o PAC; antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é hora de o Estado investir; e hoje o PAC é um amortecedor da crise.
Lula, que não entende de crise, mandou baixar o IPI e levou a indústria automobilística a bater recorde no trimestre [como também na linha branca de eletrodomésticos].
Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência entre os líderes mundiais; é respeitado e citado entre as pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual [o melhor do mundo para o LeMonde, Times, News Week, Financial Times e outros...].
Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um brucutu, já tinha empatia e relação direta com George Bush - notada até pela imprensa americana - e agora tem a mesma empatia com Barack Obama.
Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador;.. é amigo do tal John Sweeny [presidente da AFL-CIO -American Federation Labor-Central Industrial Congres - a central de trabalhadores dos Estados Unidos, que lá sim, é única...]e entra na Casa Branca com credencial de negociador e fala direto com o Tio Sam lá, nos "States".
Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa; é ator da [maior] mudança geopolítica das Américas [na história].
Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna interlocutor universal.
Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas; faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil.
Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerra, pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com Israel.
Lula, que não entende nada de nada;.. é bem melhor que todos os outros...!

Pedro Lima *
* Economista e professor de economia da UFRJ
http://blogdojuarez.amazonida.com/wp/

domingo, 21 de fevereiro de 2010

AINDA A MADEIRA...


Alguém disse que há fotos que valem mais do que mil palavras, e é bem verdade.
Quando ainda não consegui ter notícias de todos os amigos, e conhecidos, que residem naquela maravilhosa ilha, penso que esta foto traduz bem a multiplicidade de sentimentos acerca da tragédia...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

TRAGÉDIA NA MADEIRA

Á semelhança do que tem vindo a suceder noutras partes do mundo, neste início de 2010, uma tragédia acaba de se abater sobre a ilha da Madeira, com 31 mortos confirmados, vários desaparecidos, dezenas de feridos e de desalojados.
Várias localidades estão isoladas, como o Curral das Freiras, e os prejuízos materiais são elevadíssimos.
Quero expressar a minha solidariedade para com os madeirenses, apresentar condolências ás famílias enlutadas, e deixar um forte abraço aos meus amigos que ali residem, na esperança de que o pior tenha passado.

MIGUEL SOUSA TAVARES



Sou um confesso admirador de Miguel Sousa Tavares.
Gosto dos seus livros, das suas crónicas, do seu estilo de fazer jornalismo, da sua isenção.
Separa-nos a opção clubística, mas, que diabo, também ninguém é perfeito.
Vem isto a propósito da sua notável crónica, publicada na página 9 do primeiro caderno da edição de hoje do jornal Expresso, sob o título "O QUE FAZ FALTA", a qual ainda não está disponível na página do Expresso, na Internet, pelo que não poderei reproduzi-la aqui, como gostaria, mas cuja leitura, vivamente, recomendo.
Para vos aguçar o apetite, permito-me transcrever duas breves passagens:

-"Faz falta um sopro de lucidez que varra este país de cima a baixo e nos devolva o bom senso e a esperança".

-"É que o direito á reserva da vida privada, por exemplo, é um conceito objectivo: todos sabemos o que significa. Mas o 'interesse público' é um conceito subjectivo, que varia conforme o regime e as circunstâncias, os hábitos, as modas e o interesse do público".

Na esperança de que estas duas passagens possam constituir um incentivo á leitura integral da crónica, passo a transcrever, uma outra, igualmente excelente, publicada no jornal Expresso da passada semana:

Oito passos em direcção ao fim

1 Para começo de conversa: a liberdade de imprensa não está em perigo em Portugal. Obviamente. Quem o diz, quem organiza petições online e manifs, nunca antes, quando o perigo real existiu, se fez ouvir. Não há um único grande jornalista português que ande por aí aos gritos em defesa da liberdade pretensamente ameaçada. Não conheço ninguém que não diga e não escreva o que quer e que não tenha tribuna para ser escutado. Sim, há, como haverá sempre, os que têm medo, os que hesitam e os que medem as consequências: mas a cobardia individual não é defeito público. Convém, pois, não confundir liberdade com irresponsabilidade, não confundir vaidades individuais, desejos de protagonismo e aproveitamentos políticos com a situação real, como um todo.
2 Mal, muito mal, andou, pois, Paulo Rangel, com aquele seu infeliz, quase ridículo, discurso no Parlamento Europeu, querendo justificar num minuto a ditadura que se viveria em Portugal. Além de mais, para quem queria defender o jornalismo livre, ele cometeu um pecado capital: exagerou, generalizou, mentiu. Fiquei a pensar que, se este é o amigo da liberdade de imprensa, que avancem os inimigos.
(Felizmente para ele, redimiu-se, dois dias depois, com o brilhantíssimo discurso de apresentação da sua candidatura ao PSD. Aposto: estamos perante um próximo primeiro-ministro. Mais cedo do que tarde).
3 Nada, jamais, me fará deixar de lado o nojo que me causa a revelação destas 'verdades' arrancadas à custa da divulgação de conversas telefónicas ou presenciais privadas, do atropelo sem vergonha do segredo de justiça. Aceitando que as escutas sejam necessárias (excepcionalmente e não como regra geral) na investigação de crimes que, de outro modo, não poderiam ser investigados, nunca conseguiria imaginar que, uma vez declaradas sem interesse para a investigação ou mandada arquivar esta, as escutas pudessem cair então no domínio público. Se não aproveitam à justiça, servem então para o voyeurismo jornalístico ou para os julgamentos populares? Por mais incrível que pareça, é esta, por exemplo, a opinião do juiz-conselheiro Eduardo Maia Costa, que sustenta que "tendo sido proferido despacho de arquivamento... o interesse público prevalece", já que as escutas reveladas pelo "Sol" não "contêm nenhum facto que se reporte à vida privada ou íntima de quem quer que seja". Então, o sr. conselheiro acha que a divulgação da correspondência privada - cuja inviolabilidade é garantida pela Constituição - não é, em si mesma, uma violação da privacidade, desde que não contenha passagens sobre sexo, drogas e rock'n'roll? Muito bem: dê-nos a ouvir a gravação das suas conversas ao telefone dos últimos meses - quando não sabia que estava a ser escutado.
4 Já agora, também não consigo resignar-me à confusão instalada sobre o papel dos dirigentes sindicais da magistratura. Não consigo entender que os dirigentes da Associação Sindical dos Juízes e do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público sejam vozes autorizadas para se pronunciarem sobre regras processuais, princípios constitucionais aplicáveis ao processo-crime e até sobre casos concretos em julgamento. Já faltou mais para que, qualquer dia, tenhamos os dirigentes sindicais dos magistrados a ditarem as sentenças que devem ser aplicadas.
5 Eu já vivi isto, eu lembro-me disto. Assim como me lembro de viver sem liberdade de imprensa ou sob a ameaça a ela. A diferença é que, hoje, eu, como qualquer um, digo o que penso, mas não posso impedir que escutem as minhas conversas ao telefone ou num restaurante e que depois elas sejam plasmadas num jornal, para que o pagode se regale. É isso, antes de tudo o resto, que me preocupa. E, preto no branco: no lugar do director do "JN", José Leite Pereira, eu também não teria consentido a publicação da crónica de Mário Crespo. Porque não aceito, como regra deontológica do jornalismo, a publicação de notícias fundadas numa fonte anónima que escutou conversas privadas, mesmo em local público. E porque também não o aceito como regra de educação. Nunca o fiz e nunca o farei - e também o poderia fazer abundantemente. E sinto asco quando vejo o director do "Sol" vir agora revelar o suposto teor de uma conversa com Sócrates, num almoço em que foi como convidado a S. Bento e onde o PM lhe teria feito confidências gravíssimas. Com gente desta não quero almoçar. (Não deixo, aliás, de achar extraordinário que o mesmo "Sol" ande aí a gritar aos quatro ventos que o Governo português quis comprar a sua liberdade, aproveitando as dificuldades financeiras do jornal, quando, tanto quanto sei, eles se abriram, directa ou indirectamente, aos dinheiros do mais corrupto Governo do planeta).
6 Aprendi, de há muito, o essencial: que não há fins que justifiquem meios injustificáveis. Pelo contrário: meios injustificáveis caracterizam os próprios fins - a história de qualquer ditadura o ensina. Mas, dito isto, estou de acordo com Ana Gomes: ultrapassado o asco e o nojo, porque assim tem de ser, resta o conteúdo e, esse, é inquietante.
As escutas reveladas pelo "Sol" confirmam várias coisas sobre as quais aqui tenho escrito abundantemente: a promiscuidade absoluta entre o público e o privado; o papel determinante das empresas públicas ou participadas nessa promiscuidade; e a função moral rastejante desempenhada pelos boys partidários nessas empresas. Nesse aspecto, Sócrates capricha: ninguém tem amigos e protegidos tão pouco recomendáveis como ele. Não são os inimigos que o matam, com esses pode ele bem; são os amigos.
7 Claro que não tenho uma dúvida de que Sócrates engendrou, consentiu ou sabia (a graduação não é indiferente) que a PT queria comprar a TVI - e, parece agora, que pelas piores razões. E também não esqueço que Moniz assinou na altura um comunicado dizendo que a ideia fazia todo o sentido para a TVI (acabando a aceitar uma indemnização da TVI para sair e ir para a Ongoing, que também fazia parte do 'esquema' montado pelos boys). Mas, por muito que procuremos em vão os inocentes desta sórdida história, resta o que está à vista e que, pelo menos para aqueles que tomam banho todos os dias, não tem outra saída: aqueles meninos que Sócrates andou a colocar nas suas golden shares ou nas suas golden opportunities, têm de ser varridos imediatamente, sem apelo nem agravo. É uma questão de higiene pública. Que eles cheguem ao pormenor patético e eloquente de terem como password do computador "Sócrates 2009" é apenas um detalhe enxovalhante, embora revelador de tudo o resto. Mas que se gabem entre eles do seu génio "empresarial" por congeminarem para o 'chefe' serviços que envolvem o compromisso de centenas de milhões de euros dos contribuintes a custear uma manobra de baixa política, isso é insustentável, sob qualquer ponto de vista.
8 E uma palavra final para esse destroço do naufrágio geral, que voga à tona das águas, agarrado a uma bóia de salvação que diz 'procurador-geral da República'. De há muito que, por outras e variadíssimas razões, defendo a gentileza da sua demissão. Na esteira dos seus antecessores, já se sabia que ele nada pode, nada manda e pouco sabe do que se passa na casa que supostamente dirige. Agora, ficou a saber-se que já nem em si próprio manda e que gasta o melhor do seu tempo a redigir comunicados a desmentir e a contradizer os seus próprios e anteriores comunicados. Num dia recebe o encargo solene do ministro da Justiça para apresentar medidas que ponham termo à bandalheira da violação do segredo de justiça e, no dia seguinte, declara no Parlamento que nada há a fazer quanto a isso. Há, sim, dr. Pinto Monteiro: uma reforma na aldeia, a olhar o lume e a assar castanhas.


Texto publicado na edição do Expresso de 13 de Fevereiro de 2010

A PROPÓSITO DO ANIVERSÁRIO DA TVI...

Faz hoje 17 anos que, na sequência de um período em que se discutiu, muito, o papel da televisão do Estado em Portugal, e a necessidade de autorizar canais alternativos, surgiu a TVI - Televisão Independente, o quarto canal a transmitir em sinal aberto.
Inicialmente ligada á Igreja Católica, a TVI propunha-se fazer televisão de forma diferente, assumindo uma programação compatível com os valores cristãos.
Ironicamente, após várias vicissitudes e transformações accionistas, aquela que é hoje a principal estação televisiva portuguesa, em termos de audiências, está nas mãos dos nossos vizinhos espanhóis e no epicentro de uma virulenta crise política.
E o mínimo que se pode dizer, a propósito da polémica em torno da frustrada tentativa de aquisição de parte do capital da TVI pela PT, como integrante de um eventual plano concebido pelo primeiro ministro para controlar a comunicação social, e condicionar a liberdade de imprensa no país, é que nada tem de cristã, bem pelo contrário...
O papel desempenhado pela TVI e pelo seu tristemente célebre Jornal Nacional de Sexta-Feira, na campanha para denegrir a imagem do primeiro ministro José Sócrates, pode ter sido excelente para garantir o nível de audiências, mas não foi, certamente, inspirado no Catecismo da Igreja Católica.
Assim como não é crível que se deva a uma qualquer intervenção divina o facto de uma investigação no âmbito de um processo, curiosamente designado "Face Oculta", inicialmente ligado á venda de sucata, se tenha transformado, com o empenhamento de vários sucateiros, num vergonhoso exemplo de promiscuidade entre política, justiça e jornalismo...









sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A LIGA E OS CASTIGOS




A Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional divulgou, através do seu presidente, Dr Ricardo Costa, os castigos aplicados aos jogadores Hulk e Sapunaru, do Futebol Clube do Porto.
Mas fez, também, questão de esclarecer os critérios que estiveram na base da decisão e as limitações que impediram uma maior celeridade.
Confesso que estava convencido que a decisão sobre estes processos estava a demorar demasiado tempo, quando, afinal, se verifica que são os Regulamentos, aprovados pelos clubes, que impõem essa morosidade e conduzem, até, a penas inadequadas e desproporcionadas.
Incapaz de analisar a questão de um ponto de vista técnico, por falta de formação jurídica, devo confessar que me considero esclarecido quanto aos motivos, e prazos, que determinaram os castigos, que me parecem adequados, face ás explicações prestadas.
E permito-me sugerir, para bem do futebol português, que os dirigentes dos clubes façam uma reflexão, séria, sobre as sugestões avançadas pelo Dr Ricardo Costa, e procedam á alteração das leis que regem o nosso futebol, visando a sua adequação ás exigências de uma actividade profissional que envolve muito dinheiro, e múltiplos interesses...

O PIRATA E O MARINHEIRO





Com votos de um bom fim de semana para todos, aqui fica mais uma anedota:


Um marinheiro e um pirata se encontram num bar e começam a contar suas aventuras nos mares.
O marinheiro nota que o pirata tem uma perna de pau, um gancho e um tapa-olho. Curioso, pergunta:
- Por que você tem essa perna de pau?
O pirata explica:
- Nós estávamos em uma tormenta no mar. Uma onda enorme veio por cima do navio e me jogou no mar. Eu caí no meio de um monte de tubarões. Lutei contra eles e consegui voltar para o navio, mas um tubarão arrancou minha perna.
-Que história! Mas e o gancho? Foi culpa do tubarão também?
- Não, o gancho foi outra história. Nós estávamos abordando um barco inimigo e, enquanto lutávamos, fui cercado por quatro marinheiros. Consegui matar três, o quarto me cortou a mão.
- E o tapa-olho?
- Caiu um cocô de pomba no meu olho...
- E você perdeu o olho só por causa do cocô de pomba?
- Não Porra! Era o meu primeiro dia com o gancho...

COISAS DA IDADE...


Um velhote de 90 anos e uma jovem de 20... estão em plena noite de núpcias!
O homem vê a jovem muito nervosa e pergunta-lhe o que se passa.
- É que sou virgem e não sei fazer amor!
- Agora é que estamos tramados- diz o velhote - Tu não sabes e eu não me lembro......

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O PAÍS ESTÁ EM CRISE ?


Portugal está em crise !
É o que nos dizem os economistas e os operadores nos mercados financeiros, o que nos é relatado nos meios de comunicação social, e o que as estatísticas, infelizmente, confirmam.
Entretanto, aguarda-se a aprovação, na especialidade, do Orçamento Geral do Estado, e a apresentação do Plano de Estabilidade e Crescimento, com Portugal a ser observado, de perto, pelos analistas internacionais, enquanto o país regista uma taxa de desemprego próxima dos 10%, com tendência para crescer.
Seria, por isso, legítimo admitir que fossem os temas relacionados com a economia e com o emprego a ocuparem a actualidade, quer na comunicação social, quer no Parlamento.
Surpreendentemente, é a liberdade de expressão em Portugal e o controlo da comunicação social, ou tentativa nesse sentido, por parte do governo, que ocupa os nossos parlamentares e grande parte das notícias.
A Comissão de Ética, Sociedade e Cultura debate, no Parlamento, o tema, que sendo importante, está longe de merecer, em Portugal, a importância que lhe está a ser atribuída.
Como se o país já não tivesse problemas suficientes, os esforços dos nossos dirigentes estão concentrados em torno de questões que, sendo relevantes noutros países, no contexto português se tornam ridículas.
Pressões dos governos sobre os órgãos de informação sempre houve, e continuará a haver, e se elas resultarem é porque existem jornalistas que não cumprem o seu dever, o que não abona a seu favor.
E não será demais relembrar que, cabe aos jornalistas, por mais mediáticos que sejam, exercerem a sua profissão com rigor e no estrito respeito pela deontologia aplicável á sua profissão, o que nem sempre parece ser o caso...
Aos partidos políticos, e aos seus parlamentares, pede-se que, pelo menos em momentos de crise, a luta político/partidária não perca de vista os reais interesses do País e dos Portugueses...

MAIS UM ANO, MAIS UM CARNAVAL...

Na passada terça-feira, com chuva e frio, catrapus, caiu-me mais um ano em cima, elevando para 56 a minha presença neste planeta azul.
Estava destinado a ser um dia calmo, mas a minha irmã e o meu filho encarregaram-se de me surpreender, convidando alguns familiares para uma pequena festa, na qual não faltaram as máscaras, nem as serpentinas.
Nesse capítulo, a minha irmã esmerou-se, apresentando-se mascarada de palhaço, totalmente irreconhecível, muito bem secundada pelo meu sobrinho Bernardo, um verdadeiro macaco de rabo pelado.
Fiquei, naturalmente, satisfeito com a surpresa, mas a verdade é que já são muitas as perdas de entes queridos e amigos, pelo que a alegria das festas de outros tempos será difícilmente repetível...
Por cá, a chuva encarregava-se de estragar a festa aos foliões, e destruía o trabalho de muitos meses daqueles que, por esse país fora, se esforçam por manter viva essa brincadeira secular.
Enquanto isso, no Brasil, festejava-se com muita música e alegria, sob calor intenso, mais um Carnaval, uma festa introduzida pelos portugueses, estima-se que no século XVI.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O IMPÉRIO SERRANO


Estávamos em pleno Carnaval, corria o ano de 1999, e eu estava no Rio de Janeiro, com o meu filho, hospedados no Hotel Rio Atlântica, em Copacabana, que viria a ser adquirido pelo Grupo Pestana.
Contrariamente ao que me recomendavam os meus amigos brasileiros, o meu filho convenceu-me a desfilar numa escola de samba, com o argumento, simples, de que não era possível que houvesse qualquer perigo, quando estávamos rodeados de tanta gente...
Convencido, tratei, junto da recepção do hotel, de conseguir as fantasias, mas foi graças aos serviços do meu antigo colaborador, e amigo, Nelson Maia, que também se encontrava no Rio, e dos seus tios, que consegui comprar 2 fantasias, a 150 reais cada uma.
E foi deste modo que pisei, pela primeira vez, a Marquês de Sapucaí, num momento inolvidável para todos nós, desfilando numa das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, o Grupo Recreativo Escola de Samba Império Serrano.
Infelizmente, a escola viria a ser rebaixada nesse ano, e eu, que sou um mau sambista, como o meu filho fez questão de me lembrar, também dei a minha contribuição nesse sentido, mas aqueles minutos passados na Avenida ficarão, para sempre, gravados na minha memória.
Ainda recordo a música e parte da letra do samba enredo:
Lá vou eu, lá vou eu
Lá vou de verde e branco, feliz
(...)
Parabéns Carmen Miranda, que conseguiu
Mesmo distante não deixar de ser Brasil.
Na verdade, quem conhece o Brasil, mesmo quando distante nunca deixará de ser Brasil, assim como quem teve o privilégio de desfilar numa escola de samba, na Avenida, não pode deixar de assistir ás imagens dos desfiles com um pouco de nostalgia...

CHICO BUARQUE...Á BENFICA !


Curiosamente, procurando uma foto para ilustrar a extraordinária crónica de João Pedro Roriz, que reproduzo abaixo, encontrei esta recordação única, em que Chico Buarque de Hollanda, aparece com Eusébio da Silva Ferreira e Mário Esteves Coluna, duas das maiores figuras de sempre do meu Glorioso Sport Lisboa e Benfica, no velho e saudoso Estádio da Luz.
E se já era grande a minha admiração por Chico Buarque, vê-lo vestido com a camisola do meu Glosioso foi, confesso, "a cereja em cima do bolo".

Diário do João Pedro Roriz
Desde 28/11/09, posto aqui uma crônica diária, baseada em situações inusitadas, engraçadas e reflexivas do meu dia. Falo basicamente da difícil tarefa de ter quase trinta anos, enumerando, sem pudor, fracassos profissionais e amorosos... Poste seu comentário!
OBS.: Os textos aqui postados são baseados em fatos verídicos, mas são obras literárias e artisticas, portanto fictícias!
Monday, February 15, 2010


CHICO BUARQUE E SUA UNANIMIDADE
Crônica do dia 14/02/2010 João Pedro Roriz

Nelson Rodrigues disse que toda unanimidade é burra... Se isso for verdade, nem todo mundo concorda, certo? Existe uma unanimidade que, para mim, faz todo sentido: Chico Burque de Hollanda.
Quem nunca ouviu a mulherada falar dos olhos azuis do Chico? Ou se indagarem, bobas: "como pode descrever tão bem a alma feminina"?. Uma vez, eu vi uma garota de dezoito anos, totalmente bêbada, num momento de lucidez poética, gritar agarrada ao poste da praça:
- Chico, quero brincar no teu corpo feito bailarina, que logo te alucina, salta, se ilumina quando a noite vem!
E eu cá debaixo, cantarolei baixinho:
- ... e nos músculos exaustos dos seus braços, repousa frouxa, farta, murcha, morta de cansaço...
Conhecer as letras de Chico, é ter acesso ilimitado ao seu eleitorado. Valeu, cara!
Ao mesmo tempo que sinto inveja criativa de um artista tão completo, entendo seu isolamento. Deve ser difícil ser Chico Buarque de Hollanda. Ainda mais sem cigarro, café, violão e Tom Jobim.
Deve ser difícil ser um artista tão unânime, afinal Chico não agrada só as mulhers. Já vi muito marmanjo-macho dizer por aí que se fosse obrigado a dar um beijo na boca de um homem, que fosse em Chico Buarque de Hollanda. É a típica homenagem que o compositor com certeza não vai querer receber.
E, para a alegria da mulherada, Chico é poeta-compositor, músico sensível... e homem... e tímido! Quase um ET! Seu culto às mulheres, o Politeama aos sábados, o barzinho com os amigos no domingo e a poesia defenestrada durante as tardes de sexta-feira o trasformaram em uma complexa evolução: o sonho de qualquer mulher, o Homem 2.o.
Eu diria que Chico é a salvação da lavoura dos homens, o exemplo de masculinidade aliada ao atletismo, à sensibilidade poética e... à feminilidade! Nunca escutei um amigo invejoso dizer que Chico Buarque é gay. Afinal, Chico também descreveu muito bem os homens brasileiros, os "Pedros Pedreiros" (proletariados da vida), os sufocados, seja em Construção, ou em Cotidiano... o malandro que gostava da Lapa e agora chocalha no trem da Central, o vagabundo que não quer trabalhar...
E politicamente, então, nem se fala... Desde os tempos de chumbo, é a salvação das minorias, dos ratos de rua, irriquietas criaturas... e hoje, permanece, num momento que a música popular brasileira anda tão "ies, ies, ies".
Sinceramente, acho que nem quero conhecê-lo, pois seria frustrante cair na realidade de que meu amigo íntimo (no qual conheço a vida passada de trás pra frente, como num retrato... ou melhor, num DVD em branco e preto), sequer sabe quem sou.
E pensar que tem tanta gente aí que daria tudo só para fazer um cooper com o cara, ou bater um papo informal num barzinho do Leblon... Conheço gente que venderia os próprios rins para ser músico de sua banda, biógrafo de sua jornada, copeiro do seu hotel, ou balaústre de seu palácio.
Eu prefiro render-lhe homenagens por aqui e ao piano, tocando:
Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
* Todos os direitos reservados ao autor
posted by Blogger Oficial de João Pedro Roriz

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

INFORMÁTICA APLICADA...

Nestes tempo em que a informática ocupa um papel crescente no nosso quotidiano, não podia deixar de transcrever a mensagem que acabei de receber, e que me proporcionou um excelente momento de boa disposição.

Assunto: Upgrade de um Namorado 5.0 para Marido 1.0

Caro Apoio Técnico,
No ano passado fiz um upgrade do NAMORADO 5.0 para o MARIDO 1.0 , (ou seja: casei!!!) e notei uma redução significativa de performance, principalmente nas aplicações FLORES e JÓIAS, que operavam sem falhas no NAMORADO 5.0 . Além disso, o MARIDO 1.0 desinstalou outros programas importantes como ROMANCE 9.5 e ATENÇÃO AO QUE EU DIGO 6.5 e instalou aplicações indesejáveis como JOGO DE FUTEBOL 5.0. Também não tenho conseguido rodar o programa CONVERSAÇÃO 8.0 e o AJUDAR EM CASA 2.5: o sistema simplesmente bloqueia. Tentei fazer correr o RECLAMAÇÕES 5.3 para corrigir esses problemas mas não consegui nada. O que faço?
Ass.: Utilizadora desesperada.
____________________________

Cara Utilizadora desesperada,
Primeiro, tenha em mente que o NAMORADO 5.0 é um pacote gratuito e de entretenimento, enquanto MARIDO 1.0 é um sistema operativo. Comece por fazer o download de LÁGRIMAS 6.2 e depois digite o comando C:/EU PENSEI QUE ME AMAVAS para instalar o SENTIMENTO DE CULPA 3.0. Essa operação actualiza automaticamente as aplicações FLORES 3.5 e JÓIAS 2.0. Mas lembre-se que o uso em excesso dessas aplicações no MARIDO 1.0 pode activar alguns programas indesejáveis como SILÊNCIO TOTAL 6.1 , IR VER O FUTEBOL COM OS AMIGOS 7.0, que invariavelmente instala o CERVEJA 6.1 e CIGARRO 3.1. Este último é terrível, pois cria arquivos do tipo WAV da versão RESSONANDO ALTO 2.5.(ehehehehe) De qualquer forma, não instale SOGRA 1.0 ou reinstale qualquer versão de NAMORADO. Estas aplicações são incompatíveis e vão bloquear o MARIDO 1.0. Em resumo, MARIDO 1.0 é um óptimo sistema, mas ele tem limitações de memória e demora a correr certas aplicações. Para o perfeito funcionamento do sistema, sugerimos que a senhora adquira alguns programas adicionais. Recomendamos: JANTAR ROMÂNTICO3.0, LINGERIE 6.9 e KAMASUTRA 3.1
Muito cuidado: Algumas clientes instalam o FILHO 1.0 para tentar dar estabilidade ao sistema e muitas vezes isso causa alguns efeitos contrários, sendo necessário, antes, uma verificação total no sistema para garantir espaço no disco e, principalmente, ter um SWAP adequado no MONEY 3.0.
Boa Sorte.
Atenciosamente.
Apoio Técnico

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010


Um amigo fez-me chegar a mensagem electrónica que passo a reproduzir.
É verdade que o comércio livre e o fim do proteccionismo são da maior importância para o comércio mundial, e que Portugal também depende, e muito, das suas exportações, mas não é menos verdade que é importante o consumo de produtos nacionais, podendo, até, justificar-se alguma discriminação positiva nesse sentido.
Mas enfim, nesta como noutras matérias existem opiniões para todos os gostos, e todas elas respeitáveis.
Aqui vai a transcrição :
Parece anedota mas é importante para TODOS Nós PORTUGUESES...

O ZÉ, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã.
Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China).
Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e um relógio de bolso (Made in Swiss).
Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas.
Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in Índia), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego.
Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italia), o Zé decidiu relaxar por uns instantes.
Descalçou os seus sapatos (Made in Nederland), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL....
Talvez este e-mail devesse ser enviado aos consumidores portugueses.

O Ministério da Economia de Espanha estima que se cada espanhol consumir 150€ de produtos nacionais, por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas e, ainda por cima, cria postos de trabalho.

P.F. ponham este e-mail a circular. Pode ser que acorde alguém.
SÓ MAIS UMA INFORMAÇÃO... PRODUTOS NACIONAIS COMEÇAM TODOS POR 560 NO CÓDIGO DE BARRAS... NÃO CUSTA NADA... É SÓ OLHAR E ESCOLHER... PRINCIPALMENTE OS PORTUGUESES...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

MAR ENCRESPADO...

Mário Crespo é jornalista, e nessa qualidade deve manter, digo eu, uma certa contenção em matéria de opinião política.
Mário Crespo escreve artigos de opinião, nos quais esquece a sua condição de jornalista e ataca o primeiro-ministro, os que lhe estão próximos, e o seu governo, no que está no seu direito.
José Sócrates é primeiro-ministro de Portugal, e nessa qualidade deve respeitar, digo eu, os jornalistas, mesmo aqueles que lhe criticam a acção e o comportamento.
José Sócrates, além de primeiro-ministro é também um cidadão, e não nutre particular simpatia por aqueles que o criticam, sobretudo os que, sendo jornalistas, utilizam esse estatuto para o fazer, assistindo-lhe, nessa qualidade, o direito de os criticar.
Sucede que Sócrates se cansou das críticas de Crespo, e terá dito, á mesa de um restaurante, onde jantava com os amigos, e ministros, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão, que Crespo era um problema e precisava ser internado.
Uns amigos, ou conhecidos, de Crespo, também jornalistas, ouviram a conversa, informaram o visado, e este decidiu escrever uma crónica a contar, e criticar, o sucedido.
O Jornal de Notícias, para quem Crespo fazia as crónicas, terá considerado que se tratava de matéria pessoal e impediu a publicação.
Foi o suficiente para que se encrespassem as águas e ressurgissem os ataques ao primeiro-ministro, quanto ao modo como reage ás críticas dos jornalistas, e á sua alegada tentação para controlar a comunicação social.
Crespo, entretanto, concede entrevistas, considerando-se um jornalista incómodo, afirmando-se perseguido e procurando associar o seu caso ao de Moniz, Moura Guedes, e outros, ao mesmo tempo que usa os seus conhecimentos e amizades, ligadas ao principal partido da oposição, para editar, em tempo recorde, um livro de crónicas, incluindo a que esteve na base da polémica.
É verdade, digo eu, que José Sócrates não lida bem com os seus críticos, e revela tiques de autoritarismo nessa, e noutras, matérias.
Mas não é menos verdade que Mário Crespo mistura, intencionalmente, as suas funções de jornalista e de cronista, para atacar, ostensivamente, o primeiro-ministro, com base em opiniões e juízos de valor.
Se Crespo se sente no direito de usar a sua condição de cronista para atacar o primeiro-ministro, terá de aceitar que o cidadão Sócrates o critique, e até entenda que o seu estado de saúde merece cuidados, e um eventual internamento. E que comente esse facto, á mesa, com os amigos, do mesmo modo que Crespo recorreu aos amigos para publicar o livro...
O que Mário Crespo parece pretender, e não me parece razoável, é ter "sol na eira, e chuva no nabal", reclamando, enquanto cronista, um tratamento como jornalista, ao mesmo que nega ao primeiro-ministro o direito de ter opinião como cidadão.
Acredito que talvez Barack Obama não reagisse como Sócrates, como afirma Mário Crespo em entrevista ao jornal Expresso, mas também penso que talvez nenhum jornalista americano, digno desse nome, confundisse as suas funções com as de cronista, do modo como Mário Crespo faz.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

CRISE EXPLOSIVA...

Desde a passada quarta-feira que Portugal está na boca do mundo, pelos piores motivos.
Para alguns, a culpa é do comissário Joaquin Almunia, ao colocar no mesmo plano a Grécia, Portugal e Espanha, para outros a culpa é do governo, que deixou chegar o deficit a 9,3%, e há até quem culpe as agências de "rating" pela sua insensibilidade face á situação portuguesa.
Pelo meio, um desnecessário confronto acerca da revisão da Lei das Finanças Regionais, num confronto que em nada dignifica a nossa classe política.
A juntar a tudo isto surge, agora, uma nova divulgação de escutas, do processo "Face Oculta", colocando o primeiro ministro, e o partido que o apoia, em sérias dificuldades...
Como português, não posso deixar de me interrogar até onde estão os partidos dispostos a chegar, antes de perceberem que a situação é grave, e não se compadece com jogos de poder, por mais legítimos que possam parecer.
Tive a possibilidade de acompanhar a CNBC nestes últimos dias, e verifiquei as consequências internacionais de toda esta trapalhada, a que os políticos portugueses têm obrigação de colocar um ponto final, o mais rapidamente possível.
Que o deficit é enorme, todos sabemos, mas não é menos verdade que todos estiveram de acordo quanto á necessidade de lançar dinheiro na economia, para fazer face á crise, á semelhança do que aconteceu com todos os países do mundo. Até os partidos da oposição !
Espero, para ver, o que vai suceder com a aprovação do Orçamento Geral do Estado, e com o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), mas tenho para mim que a conflitualidade actual não augura nada de bom...
Realço, por justiça, a posição do Presidente da República, a quem se devem as recomendações do Conselho de Estado, bem como as declarações, claras, quanto ás diferenças entre a situação da finanças públicas portuguesas e a de outros congéneres europeus.
No meio de tudo isto, o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, continua a brincar á política, na certeza de que continuará a gastar o que não tem, á custa do orçamento...
Atrevo-me a prever que a política pura e dura continuará, infelizmente, a dominar a actualidade portuguesa, e o novo caso da escutas dominará a discussão política em Portugal, durante as próximas semanas...
Como se os mercados internacionais não estivessem atentos ao que acontece neste cantinho á beira mar plantado...
Enquanto isso, foi encontrada uma base da ETA em Portugal, com cerca de meia tonelada de material explosivo.
Que me perdoem esta analogia, mas será que são necessários "explosivos" estrangeiros para pôr fim a esta situação, insustentável ?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A BRINCAR COM COISAS SÉRIAS...

A questão do Orçamento Geral do Estado para 2010, e da redução da Dívida Pública, têm dominado a discussão política nas últimas semanas.
É um bom sinal, quando o assunto é tratado com a seriedade que merece, pois fica menos tempo para os ditos e mexericos, que apenas contribuem para afastar os portugueses da discussão dos verdadeiros problemas do país.
Depois das negociações entre o governo e os partidos da oposição, e obtido o compromisso, com PSD e CDS, de que o Orçamento não seria rejeitado, eis que surge um problema com a proposta de alteração da Lei das Finanças Regionais.
Os partidos da oposição, e particularmente o PSD, aparecem agora a defender exactamente o contrário do que exigiram, e bem, para deixarem passar o Orçamento, a saber, a redução do deficit orçamental, e um rigoroso controlo da despesa pública.
E a proposta acaba de ser aprovada, em sede de comissão parlamentar, com os votos contra do PS, o que é um péssimo sinal para os mercados...
O argumento utilizado é o de que, com a aprovação da proposta, o agravamento da despesa representa menos de 0,1% do deficit previsto, pelo que não será por aí que o gato vai ás filhoses...
Só que o preço da dívida portuguesa, e dos "Credit Default Swaps", nos mercados internacionais, que já reflectia os problemas existentes, e o risco de contaminação da crise na Grécia aos países mediterrânicos, sofreu um significativo abanão, com reflexos nos mercados bolsistas.
Para quem afirma, como os responsáveis dos partidos de oposição, que o problema da alteração da lei não intensifica os efeitos negativos quanto á capacidade de Portugal para controlar o deficit, recomendo a sintonização, urgente, da CNBC, para perceberem o modo como os analistas, e os mercados, estão a reagir a esta medida...
Num momento difícil para o país e para os portugueses, não faz nenhum sentido agravar a situação, para favorecer uma região que está numa situação privilegiada, quando comparada com outras regiões de Portugal continental...
E se a política é a arte do possível, alguém tem que ser capaz de explicar ao Dr Alberto João Jardim que há momentos em que já não é possível continuar a brincar com coisas sérias.

"POLITICAMENTE DECENTE"...

Uma conhecida rádio portuguesa noticiava, ontem de manhã, citando um jornal igualmente conhecido, que um grupo de três deputados do Partido Socialista apresentara uma proposta que visava tornar públicas as declarações de rendimento de todos os portugueses.
Cumprindo o seu dever jornalístico, essa mesma rádio entrevistou um dos subscritores dessa proposta, o qual, para além de defender os seus méritos, teve o cuidado de explicar que se tratava de uma proposta subscrita por três deputados, que não tinha sido submetida á discussão do grupo parlamentar e que desconhecia qual a posição do governo sobre a mesma.
Seis horas mais tarde, no noticiário, a mesma estação de rádio referia-se a essa proposta como um "projecto de lei", entrevistava um ex-ministro das finanças sobre o assunto, e pedia a um deputado de um partido da oposição a sua opinião sobre a contitucionalidade da mesma.
Tudo como se de um projecto de lei se tratasse.
Claro que, dirigentes dos partidos de oposição logo se apressaram a comentar, ferozmente, essa medida, aproveitando para desancar o governo...
Eu, que ouvi tudo, em directo, nem queria acreditar.
E lembrei-me dos tempos em que o professor Marcelo Rebelo de Sousa era apelidado de criador de factos políticos, uma imagem que o perseguiu durante muitos anos, do episódio das escutas a Belém, de tudo o que se diz sobre o relacionamento de José Sócrates com os meios de comunicação...
Quando uma notícia pode ser "construída" com esta facilidade, e "credibilizada" pelos comentários e análises de responsáveis políticos, existem fortes razões para duvidarmos da qualidade da nossa democracia.
Numa sociedade cada vez mais dominada pelo "politicamente correcto", talvez fosse tempo de desenvolvermos o conceito de "politicamente decente"...

A PROPÓSITO DA MORTE DE UM AMIGO...


Perder, de forma inesperada, um amigo, é um sentimento difícil de descrever.
Mas existem vidas para as quais a morte se transforma num alívio, num merecido descanso, atentas as dificuldades humanas para lidar com situações de angústia e sofrimento, causadas por terceiros...
Morrer de morte natural, repentina, é uma bênção, mesmo quando ela vem aos 58 anos, uma idade bem distante da esperança média de vida, nos nossos dias.
Todos sabemos que a morte é a coisa mais natural da vida, mas comportamo-nos como se fossemos viver indefinidamente, o que torna o mundo infinitamente pior do que seria se tivéssemos presente, diariamente, essa realidade.
O dinheiro gasto em flores, por muitos dos que passaram no velório foi, seguramente, superior ao que gastaram, ao longo da sua vida, para lhe proporcionarem momentos agradáveis e lhe dizerem quanto o apreciavam.
As conversas sobre o que foi, e poderia ter sido, a sua vida excederam, muito provavelmente, os momentos de trocas de impressões, sinceras, que com ele tiveram.
As virtudes que nele descobriram, depois de morto, raramente lhe terão sido expressas em vida, fazendo-lhe saber que podia contar com o seu apoio em momentos de dificuldade, e por tantos ele passou...
Foi cremado, mesmo sem que tenha declarado ser essa a sua vontade, o que é sempre melhor, digo eu, do que estar sepultado numa campa ao abandono, como é minha convicção que acabaria por acontecer...
Por tudo isto, não resisti a uma reflexão, tão fria quanto possível, a este respeito, que mais não fez do que reforçar as minhas convicções, tantas vezes transmitidas ao meu filho e que aproveito para partilhar convosco:
-Quando morrer quero ser cremado, pois o trabalho que dei em vida á família e aos amigos foi mais do que suficiente;
-Dispenso a presença, nas cerimónias fúnebres, de todos os que me trataram mal em vida, ou para quem fui indiferente. Eles poupam tempo, e o defunto agradece;
-Lembrem-me como fui, com as poucas qualidades e os muitos defeitos que tenho, não vá o Senhor enganar-se, tomar-me como um anjo, e atirar-me directamente para o Céu, coisa que não mereço, que me parece ser, numa perspectiva agnóstica e terrena, um local entediante;
- Não chorem a minha ausência, celebrem o meu alívio por já não ter de aturar tanto cinismo, tanta hipocrisia, tanta injustiça e tanta maldade;
-Não gastem dinheiro em flores, que prestam um muito melhor serviço aos vivos quanto viçosas, alegrando um jardim, do que mortas, secando num cemitério. O defunto dispensa, e a natureza agradece.
E para terminar, uma nota final, não menos importante:
Se, por acaso, alguém sentir o desejo de me manifestar a sua amizade ou apreço, agradeço que o faça em vida, enquanto tenho tempo de agradecer e retribuir. Depois de morto, fica dispensado.