quinta-feira, 17 de março de 2011

CONVERSA DA TRETA...


Para que não haja equívocos, desde já declaro que não percebo nada de política internacional.
Limito-me a conhecer, apenas, o regime político em vigor na maior parte dos países, as principais alianças entre eles, e algumas das personalidades mais relevantes, enfim, digamos que sei o suficiente para manter uma conversa de café.
Também não percebo nada de estratégias militares, e mal conheço a influências dos homens fardados na definição da política internacional dos vários governos, mas sei que a indústria da guerra é uma das maiores do mundo, e que os produtores de armamento não produzem o material para ficar armazenado...
Digamos, portanto, que o meu conhecimento está quase ao nível do de muitos dos comentadores que vemos por aí...
E não ignoro, naturalmente, que a política internacional dos países se rege, primeiramente, pela defesa dos seus interesses económicos, o que não é de estranhar, num mundo em que ninguém dá nada a ninguém, e que a defesa dos grandes princípios, que nortearam a revolução francesa, está em segundo plano, mesmo para as principais democracias do mundo.
Vem esta introdução a propósito do que se está a passar na Líbia e no Bahrein, onde as rebeliões, aparentemente em defesa da democracia, estão a ser esmagadas, perante a incapacidade dos EUA, e da União Europeia, em assumirem uma posição clara, para além da simples retórica, e das ameaças.
Na Líbia, Gaddaffi, que já passou de bandido a aliado, e agora está a meio caminho, continua a esmagar os adversários, e apresta-se para retomar o controlo da integralidade do território, frustrando a esperança dos que sonhavam com a instalação de um regime democrático, e o fim dos 42 anos de poder, do ditador.
No Bahrein, um pequeno estado independente, que passou de emirado a monarquia, em 1973, a Arábia Saudita envia tropas para ajudar a combater os rebeldes, suportada pelo Conselho de Cooperação do Golfo, também ele composto por países sob o domínio de monarcas e emires.
Claro que a necessidade de manter aliados, em áreas extremamente instáveis do globo, eventualmente vulneráveis à influência do fundamentalismo islâmico, exige cuidados particulares, por parte das democracias ocidentais, mas não é aceitável que se hipotequem os princípios, em nome desses interesses.
Na verdade, a solidariedade das nossas democracias, para com aqueles que pretendem livrar-de de regimes que elas condenam, não passa de conversa da treta.
Digo eu, que não percebo nada de política...

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