sábado, 5 de fevereiro de 2011

RECORDANDO O IRÃO...


A situação no Egipto continua a concentrar as atenções do mundo inteiro.
As dezenas de milhares de manifestantes, que reclamam a saída de Mubarak, e a instauração de um regime democrático, merecem, genericamente, a simpatia das democracias ocidentais ocidentais, com muita gente a associar-se ao desejo de queda, imediata, do regime.
Mas as cautelas evidenciadas pelos Estados Unidos, e a União Europeia, relativamente ao abandono de Mubarak, parecem fazer sentido, atento o risco de aumento da turbulência, e da influencia islâmica, no pais.
Que me perdoem os mais entusiastas, mas tenho dificuldade em partilhar a sua euforia, quanto a um futuro mais democrático, para o Egipto.
Recordo o que se passou no Irão, e as ilusões que todos tivemos, após o abandono do Xá, com um país que aparentava ter todas as condições para poder tornar-se numa próspera democracia, e acabou nas mãos dos aiatolas, com os resultados que todos conhecemos...
A política das nações, e a de Portugal não foge à regra, não pode deixar de assentar em considerações de natureza estratégica, mesmo que isso implique algumas concessões, no que respeita aos princípios consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Podemos não gostar, mas é assim que as coisas funcionam, e existem, por vezes, muito boas razões para que se defendam processos de transição cautelosos.
Como o Irão demonstrou, não chega defender a democracia, e a aplicação de princípios democráticos, para que tudo corra bem, e o mundo se torne mais justo, mais democrático e mais próspero.
A democracia tem fortes inimigos, e, de entre eles, venha o diabo e escolha...
Só desejo que não se confirmem os meus piores receios, e expectativas, a bem do povo egípcio e da paz no mundo.

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