quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

PLURALISMO E RIGOR, NA INFORMAÇÃO...


O Relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, referente ao ano de 2009, foi apresentado, ontem, no Parlamento, e mereceu ampla cobertura mediática.
O destaque foi, como era de esperar, para o tempo a que cada um dos partidos teve direito, nas notícias da RTP, e o pluralismo da informação, com particular relevo para o espaço dedicado, ou não, ao PSD.
Com base no referido relatório, o PSD voltou a queixar-se de sub-representação, nos vários canais da RTP, e vai chamar ao Parlamento o director de informação da estação pública de televisão.
Para exemplificar o que pretendo dizer, centro-me no artigo publicado na página do Jornal de Notícias, na Internet, sob o título "PSD continua subrepresentado na RTP".
(http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1735741)
Começo por dizer que o PSD faz muito bem em queixar-se e pedir esclarecimentos ao director de informação da RTP, tanto mais que, José Azeredo Lopes, o presidente da ERC, reconhece como "sistemática a violação (por parte da RTP) de uma regra essencial" do pluralismo.
Aguardo, pois, as justificações do director de informação da estação, que me merece o maior respeito e credibilidade, para poder formular um juízo de valor, definitivo, sobre esta questão, tanto mais que Bloco de Esquerda e PCP parecem ter sido os principais beneficiados, e não o partido do Governo, como poderíamos ser levados a crer.
Mas o que mais me impressionou, apesar de não ter merecido grande relevo mediático, foi a denúncia do Conselho Regulador da ERC, no que diz respeito à qualidade do jornalismo que se faz em Portugal.
A dado passo do artigo do JN, acima mencionado, pode ler-se:

Jornalismo vulnerável

À margem da apresentação do relatório de regulação de 2009, o conselho regulador da ERC denunciou o que Azeredo Lopes apelida de "depauperação lenta, mas segura, da classe jornalística" que "se ressente na qualidade do produto jornalístico".
De acordo com a análise, existe uma "proletarização e nalguns casos a sub-proletarização do jornalismo por vários factores conjugados, como "a evolução tecnológica, o processo de concentração dos meios em Portugal, a redução de efectivos e a crise económica que atinge de frente os grupos de comunicação social".
"Isto não vem dar uma estocada final no jornalismo, mas vem dar uma estocada forte na possibilidade de um jornalismo em sentido pleno", declarou Azeredo Lopes, realçando as dificuldades dos grupos de comunicação em financiar a actividade jornalística e impondo condições salariais, ou de outra natureza, que "empurram o jornalismo para situações sociais e económicas de subproletarização".

Como leitor, e eleitor, não posso deixar de ficar preocupado.
Depauperação da classe jornalística, que se ressente na qualidade do produto jornalístico? Estocada forte na possibilidade de um jornalismo em sentido pleno?
São afirmações contundentes, sobre aquele que é considerado como o quarto poder, que merecem reflexão e não podem ser encaradas de ânimo leve.
O referido Conselho Regulador tem o dever, e a obrigação, de ser mais explícito para connosco, consumidores do produto jornalístico e por ele influenciados, quanto ao que quis dizer, exactamente, com a sua denúncia.
É que não é só na RTP que é preciso assegurar o pluralismo, e o rigor na informação...

Sem comentários:

Enviar um comentário