sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CORRUPTOS, NA TERCEIRA PESSOA...


Informa-nos o Barómetro Global da Corrupção, da organização não governamental Transparência Internacional, que 83% dos portugueses são de opinião que a corrupção aumentou, em Portugal, nos últimos três anos, contra apenas 3% que consideram que terá havido uma redução.
Curiosamente, apenas em quatro dos países incluídos no Barómetro, Papua New Guinea, Roménia, Senegal e Venezuela, a percentagem de inquiridos que acredita no aumento da corrupção, se revelou superior aos 83%.
O Barómetro (http://www.transparency.org/policy_research/surveys_indices/gcb/2010), apresenta conclusões interessantes, das quais me permito destacar que, "8 em cada 10 inquiridos pensa que os partidos políticos são corruptos, ou muito corruptos, enquanto metade deles considera que a acção do seu governo para parar a corrupção é ineficaz".
Uma outra conclusão, não menos importante, é a de que "nos últimos 12 meses, um em cada quatro dos entrevistados afirmou ter subornado uma de nove instituições e serviços, em áreas como a saúde, a educação, ou autoridades fiscais".
Relativamente aos 24 países europeus analisados, verifica-se que 73% dos cidadãos considera que a corrupção aumentou, nos últimos três anos, enquanto na América do Norte essa percentagem é de 67%.
Para os portugueses, e segundo o mesmo inquérito, partidos políticos, parlamento, empresas e poder judicial, por esta ordem, lideram a lista dos sectores mais afectados pela corrupção, seguindo-se, ao mesmo nível, a polícia e os funcionários públicos.
De realçar que, apenas 10% dos portugueses inquiridos consideram eficaz a acção do Governo, na luta contra a corrupção, contra 75% que a qualificam de ineficaz.
Se se tratasse de matéria menor, a conclusão, simplista, a tirar seria a de que a maioria da população mundial acha que cada vez há mais gente a "gamar", pela via do suborno. E que uma esmagadora maioria dos portugueses considera ter aumentado o número de compatriotas que se dedicam a essa actividade.
Mas o assunto é sério e merecia, a meu ver, uma análise mais aprofundada, e um tratamento noticioso mais cuidado, embora não esteja convencido que isso venha a suceder...
E porque não sou entendido nestas matérias e recuso as análises demasiado simplistas, sobre um assunto tão complexo, limito-me a deixar umas perguntas, que me ocorreram após a leitura do estudo:
Quantos serão, dos 83% de portugueses que acreditam que a corrupção aumentou, os que se baseiam em experiência própria? E, desses, quantos denunciaram a situação?
Ou será que a sua opinião se baseou, apenas, no que ouvem dizer?

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