sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

NO CAFÉ CENTRAL

O Presidente da Junta de Freguesia, Dr Sesismundo, tomava o seu café, enquanto lia o jornal local.
-Parabéns, senhor Silva, ficou bonito o seu anúncio. Sim senhor.
-Obrigado, senhor presidente, agradeceu, orgulhoso, o Silva.
-Então e o Natal, como vai ser ?
-Nada de especial, senhor presidente. Sempre igual, nestes últimos anos.
-Noto-lhe uma certa tristeza na voz, ou estou enganado?
-Para falar a verdade, o Natal traz-me muitas recordações, sobretudo daqueles que já partiram, e quando a idade avança, e não há crianças, este período acaba por ser mais de introspecção do que de festa...
-É, na verdade, as crianças e a família são a alma do Natal, anuiu o Sesismundo, pensando que, nesse ano, não teria a presença dos netos, para lhe alegrarem a ceia.
-Sabe, presidente, a verdade é que, apesar de ser uma quadra festiva maravilhosa, o Natal tornou-se num grande evento comercial, talvez grande demais para o meu gosto.
E o modo como uma grande parte das pessoas vive o dia a dia contrasta com a mensagem que pretendem fazer passar, no Natal.
A solidariedade, o respeito pelo próximo, a paz, a concórdia, são pouco mais do que conceitos, que muitos apregoam, mas a poucos preocupa.
E talvez seja por isso, e pelo desaparecimento de queridos familiares, e amigos, que o Natal, para mim, deixou de ter o significado de outros tempos...
-Ó Silva, é melhor mudarmos de conversa, que já me está a dar uma certa nostalgia, atalhou o Sesismundo, que já não conseguia tirar da cabeça a ausência do filho, e dos netos, e não estava de maré para grandes reflexões.
-Tem razão, presidente, é melhor mudarmos sim.
Então o que me diz ao facto de o Braga chegar ao fim do ano na frente do campeonato? Estão de parabéns, e é bom para o campeonato. Não acha ?
E lá ficaram, falando de futebol, que esse não convida a grandes reflexões...

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