quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

EM NOME DA PAZ E DOS DIREITOS HUMANOS...



Fui apanhado de surpresa, com as mensagens de Natal, das tropas americanas, no Iraque, transmitidas pela televisão.
As mensagens, em si, nada têm de especial, mas a sua semelhança com aquelas que me habituei a ver, e ouvir, na televisão portuguesa, dos nossos militares, durante a guerra colonial, despertou em mim um sentimento estranho. Afinal, estamos na era da internet e do telefone sem fios...
Á época, era eu um jovem, essas mensagens, numa televisão a preto e branco, despertavam-me um sentimento de revolta, perante a possibilidade de ser obrigado a participar numa guerra que eu não considerava minha, nem via motivos para a sua existência.
Agora, ao ouvir aquelas mensagens, aquela exposição da intimidade, sem sentido, senti reviver em mim o mesmo sentimento de revolta.
Ouvir as mensagens daqueles jovens, a partir de um país que ocuparam, e destruíram, ilegítimamente, em nome de uma mentira, montada pela administração americana, e corroborada pelos seus principais aliados, incluindo o governo português, fez-me recordar os anos da nossa guerra colonial.
O "adeus, até ao meu regresso", com que a maioria dos militares portugueses terminava as suas mensagens, repete-se, cerca de 40 anos depois, na boca das tropas americanas.
Só que para muitos deles não haverá regresso, como não houve para tantos dos nossos...
E se, para muitos portugueses, a manutenção da guerra se aceitava, em nome da defesa dos nossos interesses coloniais, e dos nossos colonos, ao povo americano não resta, sequer, esse consolo.
Em defesa dos seus interesses petrolíferos, ainda que sem o admitir, a administração americana iniciou uma guerra sem sentido, sacrificou a vida de centenas de jovens americanos, e criou um enorme imbróglio naquela região do globo, já de si muito complicada.
E ás tropas americanas, apesar de compostas por voluntários, ao contrário das tropas portuguesas de então, apenas resta a esperança de que a administração Obama ponha fim a uma presença militar sem sentido, e os mande regressar a casa, de onde nunca deviam ter saído.
Quando isso suceder, é possível que se repita aquilo a que assistimos nas antigas colónias portuguesas, com as diferentes facções envolvidas numa guerra fratricida pelo controlo do país, mas as coisas são como são, e não como muitos de nós gostávamos que fossem...
E já vai sendo tempo de nós, ocidentais, deixarmos de pretender dar lições aos restantes povos do mundo, sobre o modo como devem organizar-se, e gerir os seus destinos...
Ao ouvir estas mensagens de Natal, no final desta primeira década do século XXI, uma pergunta invadiu o meu pensamento:
Até quando continuarão, as grandes potências, a fazer a Guerra, supostamente em nome da Paz, e da defesa dos Direitos Humanos?


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