Pouca passava das quatro da tarde e eu almoçava, tranquilamente, á beira mar.
A voz de uma criança, com uns 6 a 7 anos, retirou-me dos meus pensamentos:
- Mãe, quando chegar á praia, dou logo um mergulho !
-Nem pensar, responde a jovem senhora, ainda não fizeste a digestão ! Só ás cinco horas !
-Mas mãe....
Não consegui ouvir o resto, mas veio-me á lembrança a minha juventude.
Em minha casa, em Albufeira, onde, regularmente, passávamos férias, existiam duas regras sacramentais:
-Os "meninos", incluindo a minha irmã, tinham que dormir a sesta;
-Banho, só passadas 3 horas, contadas a partir do final da refeição.
E se a minha avó, Rogélia, que nos acompanhava a maior parte do tempo, era rígida no seu cumprimento...!
Cresci, e ganhei o hábito de, nos dias de calor, dar "um mergulhinho", após acabar de comer, embora sempre com o cuidado de, antes, passar água no corpo, devagar, para evitar um choque térmico.
Agora, ao escrever este apontamento, é que me dei conta de que nunca perguntei a nenhum médico se esta prática é, ou não, perigosa, mas a verdade é que nunca tive nenhum problema com isso, e espero nunca vir a ter.
Não sei se a minha avó tinha razão, ou a mãe desta criança, mas não me parece natural que, em dias de calor intenso, como o de hoje, se leve uma criança para a praia a horas em que ela não pode tomar banho. Ou estar exposta ao sol...
Ter de ficar debaixo do toldo, ou do chapéu de sol, com um calor dos diabos, o mar ali ao lado, e sem poder molhar os pés, é sacrifício demasiado para um adulto, quanto mais para uma criança...
E é essa uma das memórias que eu guardo, de parte das minhas tardes de Verão em Albufeira...
Bem melhor seria que, após o "soninho" da tarde, a criança ficasse em casa, lendo, ou ouvindo ler, um livro, até chegar a hora em que pudesse disfrutar da praia, e do sol, na sua plenitude.
Sei bem que, na praia, as crianças "chateiam" menos os paizinhos, do que quando fechadas em casa, e que, para os paizinhos, é mais agradável estar na praia do que em casa, a brincar com o filhinho, ou a ler-lhe um livro.
Só que, as crianças não merecem ser sujeitas a certos sacrifícios e também ninguém disse que é fácil ser Pai...
Não sei se tenho, ou não, razão, no modo como avalio o comportamento de muitos adultos, nesta matéria, mas aqui fica a minha opinião, a título de "conversa de café", evocando memórias da minha juventude...
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