domingo, 31 de janeiro de 2010

100 ANOS DA REPÚBLICA




O Presidente da República declarou, hoje, abertas as celebrações do Centenário da República Portuguesa, em 5 de Outubro, lembrando a revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto.
O levantamento militar, também conhecido como "Revolta do Porto", surgiu na sequência das cedências do governo, e da Coroa, ao ultimato britânico de 1890, a propósito do chamado "Mapa Cor de Rosa", e constituiu a primeira manifestação militar contra a monarquia.
Durante as pouco mais de 24 horas que mediaram entre a sublevação e a rendição, os revoltosos hastearam a bandeira vermelha e verde, no edifício da Câmara Municipal, Alves da Veiga declarou, na varanda, a implantação da República, e Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório.
A revolta, terminaria ás 10 horas da manhã do dia seguinte, com a rendição dos revoltosos e a morte de 12 de entre eles.
A República viria a ser implantada 12 anos depois, e apesar dos nobres ideais que estavam subjacentes á sua implantação, aquela que viria designada como Primeira República esteve longe de constituir um exemplo de tolerância e democracia, antes se tendo assistido a radicalismos de diversa ordem, por parte do Partido Republicano...
Neste início das comemorações do Centenário da República, do latim "Res Pública" , que significa "Coisa Pública", seria bom que tivéssemos presente os seus ideais e aumentássemos o nível de exigência, face a todos aqueles que são escolhidos para nos representar, aos mais diversos níveis da estrutura do Estado.






quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O MENINO JOÃOZINHO...


A BRINCAR AO PAPÁ E À MAMÃ:

Joãozinho chega da escola e vai directo ao frigorífico para comer um sorvete. A sua mãe entra na cozinha e dá aquela bronca:
-Nada disso, Joãozinho. Agora não é hora de comer sorvete. Está quase na hora do almoço... Vá lá para fora brincar!
-Mas mamã, não tenho ninguém para brincar comigo!
A mãe entra no jogo dele e diz:
-"Tá" bem, então eu vou brincar contigo. A que é que nós vamos brincar? -Quero brincar ao papá e à mamã.
Tentando não mostrar surpresa ela responde:
-"Tá" certo. O que é que eu devo fazer?
-Vá para o seu quarto, vista o baby-doll e deite-se.
Pensando que vai ser bem fácil controlar a situação, a mãe sobe as escadas. Joãozinho vai então à sala e pega num velho chapéu do pai. Ele encontra ainda uma barona de cigarro num cinzeiro e coloca-o no canto da boca. Sobe as escadas e vai até ao quarto da mãe. Esta, levanta a cabeça e pergunta:
-E o que eu faço agora?
Com um jeito autoritário, Joãozinho diz:
-Desce imediatamente e dá o sorvete ao miúdo!

ADMITA: VOCÊ PENSOU MALANDRICE, NÃO FOI?
Vá rezar pecador(a) ! Já !

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O ABRAÇO DE KIKI

É uma imagem inesquecível, um momento de rara felicidade, na tragédia que assolou o Haiti.
Ao fim de 8 dias entre os escombros, aquela criança de 7 anos, acolheu os salvadores com um sorriso, e abriu os braços, como que celebrando a vida que esteve á beira de perder.
Na verdade, há momentos em que um gesto vale mais do que mil palavras...



RIR É O MELHOR REMÉDIO




Há já alguns anos que me habituei a ler um livro de humor, de cada vez que me sinto macambúzio, como procuro ver filmes que me disponham bem, quando a vida não corre como eu desejaria.
É a forma que eu encontrei para não deixar que as vicissitudes da vida possam ocupar mais espaço do que devem, no quadro das minhas preocupações, e evitar tornar-me insuportável para com os outros, que não têm culpa nenhuma dos meus problemas.
Foi num desses dias menos felizes que decidi pegar no livro, cuja capa acima reproduzo, de Gustavo Nagib, cuja leitura recomendo, em substituição, com enorme vantagem, de um qualquer antidepressivo....
E para vos abrir o apetite, e partilhar um momento de boa disposição, passo a reproduzir uma das suas excelentes peças:

CARTA PARA PAPAI NOEL

Prezado Papai Noel:
Todo o ano penso em escrever uma carta, mas o preço dos correios está um absurdo. Aproveito este espaço aqui e faço meus singelos pedidos.
Por favor, me traga os sapatinhos que coloquei na janela no ano passado. Sei que não foi você, mas alguém passou e os roubou e até hoje sinto falta deles.
Caso não seja demais, me mande uns ingressos para o cinema também. É que os preços estão altos, e quase todas as salas de projecção ficam em shoppings, o que só piora, pois temos de pagar pelo estacionamento.
Como não gosto de ir ao cinema sozinho, se tiver como me arranjar uma namorada, melhor ainda. Mas tem de ser do mesmo bairro. Não tenho tido muita sorte. As últimas moravam longe e gastei muita gasolina.
Se não der para arrumar a namorada, aceito o trenó emprestado.
Obrigado e feliz Natal.

sábado, 23 de janeiro de 2010

ONDE ANDA A GRIPE ?

A gripe A, ou gripe suína, desapareceu das primeiras páginas dos jornais, e deixou de ser tema de abertura de telejornais.
Pergunto:
O risco de pandemia continua a existir ?
Ou será que, tal como sucedeu com a gripe das aves, se assistiu a um enorme exagero ?
Seria bom que a Organização Mundial de Saúde nos viesse explicar qual tem sido a evolução da doença, e qual o balanço entre a realidade e as expectativas.
Mas mesmo que a OMS o não venha a fazer, como devia, o Ministério da Saúde tem a obrigação de fazer esse balanço, e de o dar a conhecer aos portugueses.
No que me diz respeito, não precisam fazer nada de muito complicado, bastando que digam se a realidade justificou o alarmismo, quanto é que se gastou em vacinas, quantas doses foram aplicadas, e quem é que ganhou com isso.
É que muitos portugueses, tal como eu, que não tomaram a vacina, também pagaram por elas...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

TRISTE...


O meu País é um País triste !
Porque as pessoas são tristes, porque os dirigentes são tristes, porque até os poetas são tristes, e chatos...
O clima de tristeza e de depressão que se vive em Portugal, maior do que o habitual, acentua a nossa tendência para o conformismo, o alheamento, o fado, entendido no seu pior sentido...
Portugal atravessa um período difícil, é verdade, económica e socialmente, mas continuamos a ser um dos países onde melhor se vive, no mundo. Apesar das enormes dívida externa e despesa pública...
Basta olhar o que se passa no mundo, para percebermos que somos privilegiados, embora isso não seja motivo para sentirmos que podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades, bem pelo contrário...
Somos um país democrático, respeitador dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e isso deveria bastar para que, aliados á nossa capacidade criativa e de trabalho, o futuro do País pudesse ser encarado com optimismo.
Mas, infelizmente, não é assim !
A luta partidária transforma os nossos políticos em pouco mais do que comentadores de futebol, e esse espírito alastra aos cidadãos, que replicam as opiniões dos seus líderes em discussões que em nada diferem das discussões futebolísticas...
A política, tal como o futebol, é um jogo, só que no jogo político as repercussões extravasam, amplamente, um rectângulo relvado...
E quando leio os jornais, e vejo televisão, só posso sentir uma profunda tristeza pelo estado em que se encontra o meu País...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

HAITI...


Era com imagens como esta que o Haiti se apresentava ao mundo turístico, evidentemente, antes da tragédia que se abateu sobre o país.
No momento em que escrevo este "post" chove, copiosamente, em Lisboa, e não consigo ignorar que muitos não possuem, sequer, um abrigo, num país europeu, como é o meu...
Nós, europeus, ou melhor, ocidentais, que tivemos a felicidade de nascer em países ricos, ou que souberam enriquecer á custa de países pobres, aprendemos, rápidamente, que "paga" ser solidário com os mais desfavorecidos, num contexto de "realpolitik", para usar um palavrão muito em voga, na política internacional...
Neste momento em que a tragédia que se abateu sobre o Haiti concentra as atenções de todos os meios de comunicação social, nem sempre pelos melhores motivos, quero deixar, bem clara, a minha posição:
- Total solidariedade para com as vítimas desta tragégia, os seus familiares, e o povo haitiano;
- O meu reconhecimento, ainda que de "barriga cheia", para com todos os homens, e Estados, de boa vontade, que se disponibilizaram para ajudar a minimizar os efeitos desta tragédia, sem nada pretenderem em troca;
- O meu mais veemente repúdio pela exploração da tragédia e da miséria humana, seja qual for a contrapartida que lhe esteja subjacente, ou os benefícios que dela pretendam tirar...

sábado, 9 de janeiro de 2010

A ÁRVORE...



Pela sua actualidade, e genialidade, não resisto a publicar este texto, que me fizeram chegar por correio electrónico.
Divirtam-se, reflictam e...bom fim de semana

É crónica do Luis Fernando Veríssimo, filho do Eurico Veríssimo, que publica semanalmente na folha de S. Paulo, a não perder...

Árvore Genealógica - Luiz Fernando Veríssimo

- Mãe, vou casar!
- Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
- Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
- Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
- Nada, não.. Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
- Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho. Ou um genro meio fêmea.
Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
- E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo ?
- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
- Tá ! Biscoito... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?
- Por quê ?
- Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
- Você acha que o Papai não vai aceitar ?
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade... E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.
- Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.
- A Bel já tá namorando.
- A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?
- Uma tal de Veruska.
- Como ?
- Veruska...
- Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
- Mãe !!!...
- Tá..., tá..., tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...
- Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
- Quando ele era hétero... A Veruska.
- Que Veruska ?
- Namorada da Bel...
- "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...
- É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
- De quem ?
- Da Bel.
- Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska...
- Isso.
- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
- Em termos...
- A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito.E dois pais: a Veruska e a Bel.
- Por aí...
- Por outro lado, a Bel...,além de mãe, é tia... Ou tio.... Porque é tua irmã.
- Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
- Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
- Exato!
- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
- Entendeu o quê?
- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
- Que swing, mãe?!!....
- É swing, sim! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
- Mas..
- Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio...
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos...
- Nós ajudamos.
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...
- Que.. ?
- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser f...

(Luiz Fernando Veríssimo )

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

LEGITIMIDADE...

Não deixa de ser curioso que, alguns partidos, em véspera de votações sobre temas controversos, se aprestem a vir reafirmar que a Assembleia da República tem legitimidade para decidir sobre os temas em debate.
Foi assim quando da questão do aborto, e repete-se, agora, a propósito do casamento homossexual, com o Partido Comunista Português a vir reiterar aquilo que todos sabemos.
Só que, a questão, agora, como antes, não é a de se saber se o Parlamento Português tem legitimidade, legal, para aprovar a lei, pois ela é inequívoca, mas sim de se avaliar, atenta a delicadeza do tema, e a sua natureza fracturante, se não seria avisado que os portugueses fossem chamados a pronunciar-se, em referendo, sobre essa questão.
Mais do que discutir a legitimidade do Parlamento para aprovar as leis, importa discutir se, é legítimo que os portugueses não sejam chamados a pronunciar-se sobre um tema desta importância, e, a ser assim, faz todo o sentido que nos questionemos sobre a utilidade da figura do referendo.
A menos que, a figura do referendo tenha sido instituída para ser utilizada, apenas, quando se sabe que a matéria a referendar tem assegurado, á partida, o apoio da maioria da população, evitando-se a consulta popular sempre que se suspeitar que o resultado pode não ser o pretendido...
Se um tema desta importância, num país maioritariamente católico, puder ser aprovado entre quatro paredes, ainda que paredes parlamentares, a legitimidade, formal, da decisão, não poderá ser questionada, mas a qualidade da democracia, que todos os partidos dizem defender, essa, sairá, claramente, afectada.
Como socialista, quero acreditar que os deputados da bancada do PS acabarão por viabilizar o referendo, no respeito pelos portugueses, numa matéria que está muito longe de ser consensual, até entre os militantes do partido...
Num período em que se vai iniciar a discussão do Orçamento Geral do Estado, em Portugal, a ideia parece-me excelente.
Pela sua originalidade, e criatividade, é bem o exemplo da irreverência brasileira, ao seu melhor nível.
O Instituto Maurício de Nassau, no Recife, resolveu instalar um placard, no perímetro da faculdade, que possibilita aos recifenses saberem, de forma actualizada, quanto é que o país arrecada de impostos e taxas, municipais, estaduais, e federais, ao longo do ano.
Não sei se, de posse de esta informação, os pernanbucanos, e os recifenses, em particular, se tornaram mais exigentes, relativamente aos gastos, supérfluos, da administração pública, mas quero acreditar que sim, até pelas reacções, desfavoráveis dos governantes, naturalmente, á sua instalação.
Os números são impressionantes, se tivermos em consideração que respeitam, apenas, aos 4 primeiros dias do ano, e, apesar da dimensão do país, tanto dinheiro arrecadado tem de servir para melhorar, significativamente, a qualidade de vida dos brasileiros.
Reconheça-se, contudo, que, o presidente Lula, quando abandonar o poder, na sequência das eleições presidenciais, este ano, deixará saudades, pois é inequívoco o contributo dos seus governos, para melhorar a vida dos brasileiros mais necessitados.
Mas é bom que os cidadãos tenham uma ideia do que são as receitas do país, para melhor poderem aquilatar do modo como são gastas.
A generalização dos impostômetros, que acho de uma tremenda originalidade, parece-me uma excelente ideia, e atrevo-me a sugerir que, as nossas universidades patrocinem a instalação de um placar idêntico, em todas as cidades portuguesas.
O povo ficaria mais informado, e o Estado, quem sabe, talvez tivesse vergonha, e decidisse reduzir os gastos supérfluos...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ANO NOVO, VIDA...VELHA

O Manecas Barbeiro, O Nando Farmacêutico e o Monas Picheleiro tomavam, juntos, o seu primeiro café de 2010.
-Ó Monas, vocês ainda não digeriram bem a derrota, na Luz. A coisa não está fácil, para os vossos lados, diz o Manecas, sem conseguir esconder um, malicioso, sorriso.
-Essa agora, ganhasteis, está ganho, não se fala mais nisso, retorquiu o Monas. Deixa que no dragão lebais o troco.
-Ah sim? E então o que é que significa o comunicado dos jogadores do teu clube, a dizerem que não prestam mais declarações ao jornal "A Bola"?
-E estão cheios de razão. Tu num bês a forma como o jornal trata o FCP? E toda a gente sabe que "A Bola" é do Benfica.
-Ó Monas, vai-te catar, com essa conversa. Querem é arranjar um inimigo externo, como é costume, para desviarem as atenções da má fase da equipa. Ou será que já te esqueceste dos "blackouts", sempre que vocês passavam por uma má fase?
-Nisso o Manecas tem razão, ó Monas, interveio o Nando. Infelizmente, no futebol português, é sempre assim. Quando as coisas estão mal, arranja-se um inimigo externo.
-Lá estão bocês, com a conbersa do costume. E no Sporting? E no Benfica?
-Não é conversa do costume, não, é uma triste realidade. E não é só o Porto, o Benfica e o Sporting fazem o mesmo, atalhou o Nando.
-Tens razão, ó Nando, quando a coisa dá para o torto, todos correm a encontrar um inimigo externo. E as televisões, e os jornais, são um alvo fácil, até porque se põem, muitas vezes, a jeito...
-Pois eu concordo com a posição dos jogadores, rematou o Monas. Com o FCP num se brinca.
-Pois é. E é por culpa de gajos como tu que os dirigentes se permitem fazer coisas destas, replicou o Manecas, já num tom mais sério. Eu acho este tipo de comportamento uma vergonha, venha ele de quem vier.
-Contrariamente ao que diz o ditado, com o novo ano não começou uma vida nova, para o futebol português, acrescentou o Nando.
-É verdade. Neste caso, é "Ano Novo, Vida...Velha".
E lá continuaram a conversar, com o Nando entusiasmado, após a vitória dos leões, frente ao Braga, e o Manecas aproveitando a liderança do seu Glorioso, para dar uma bicadas nos rivais.
O Monas, esse, aguarda a chegada de melhores dias...

sábado, 2 de janeiro de 2010

Á VOLTA DA TRAGÉDIA DE ANGRA...


A banalização da difusão de notícias de crimes, catástrofes naturais, atentados, gera, em grande parte dos cidadãos, estou disso convicto, uma certa indiferença perante a tragédia.
Mas também penso que, durante a quadra natalícia, quando todas as mensagens, por mais hipócritas que sejam, e muitas delas são, apontam no sentido da solidariedade, do amor ao próximo, do respeito pela pessoa humana, e pelas liberdades fundamentais, as tragédias e catástrofes, mesmo as naturais, tendem a "mexer" mais connosco.
Admito ter sido isso que aconteceu comigo, ao tomar conhecimento do que se passou em Angra dos Reis, num local paradisíaco, onde um um grupo de pessoas encontrou a morte, dormindo, após ter comemorado a passagem do ano, quando projectara momentos de diversão e se dispusera a pagar caro por eles.
Infelizmente, pagaram caro, muito caro mesmo, o atrevimento do Homem, em contrariar as leis da natureza, insistindo em construir desordenadamente...
Tivesse a catástrofe tido lugar daqui a uns meses e, acredito, o choque seria menor, pois teria sido antecedida pelas mortes "habituais", no Iraque, Paquistão, ou Afeganistão, em consequência da guerra de guerrilha, ou na China, na Tailândia, ou Japão, fruto de fenómenos naturais. E o espírito natalício tinha-se desvanecido...
Dizer que a morte é a coisa mais natural da vida, é uma "lapalissada" de todo o tamanho, admito, mas, sendo verdade, tenho sérias dúvidas que seja natural o modo como nos habituámos, no ocidente, a conviver com este tipo de notícias.
Dirão alguns, com razão, que, historicamente, já foi maior o número de mortes por catástrofes naturais, ou em consequência de actos violentos, e que a grande diferença, nessa capacidade para nos chocar, reside na "proximidade", decorrente da velocidade na difusão da informação.
Sabemos mais agora, com mais detalhe, e mais rapidamente, do que sabíamos no passado...
Mas talvez porque, socialmente, se tornou bem aceite o ideal de um mundo mais pacífico, e mais seguro, a tragédia passou a vender melhor, como atestam as capas de jornais, e as aberturas dos telejornais.
Apesar disso, não se me afigura natural que, no século XXI, em países civilizados, se explorem, até ao tutano, as tragédias, e desgraças, alheias, em nome de interesses comerciais. Não ignoro que rende muito, mas não é aceitável...
E como ainda não me consegui libertar do espírito natalício, embora sabendo que é pedir demasiado, atrevo-me a sugerir que, no início desta nova década, a comunicação social passe a privilegiar outras notícias, em detrimento das tragédias, demonstrando respeito pela memória dos que partem, e pela sensibilidade dos que ficam...
Não ignoro, contudo, que há sempre um amigo, ou familiar, que gosta de aparecer no retrato, mesmo por maus motivos, nem que a tragédia vende, é notícia, mas, como para tudo, existem limites...
As mortes em Angra chocaram-me, confesso, pelas circunstâncias, mas ajudaram-me a reflectir, sobre este assunto. Muitas outras se seguirão, ao longo do ano, igualmente trágicas, e mais, ou menos, mediatizadas.
Por isso, aqui fica registado o meu pesar, para este caso, e para todos os que vierem a ocorrer, ao longo de 2010, porque eu, confesso, sou dos que mudo de canal, ou de página, quando o tema é a tragédia....
Prefiro a comédia, e o riso, ao fado da "desgraçadinha", ainda que, como diz o povo, mas o povo nem sempre tem razão, isso possa ser entendido, socialmente, como sinónimo de "pouco siso"...




DEVE SER DA IDADE...


Quando, em 1974, me filiei no Partido Socialista Português, tinha eu 20 anos, recordo-me que, um amigo, alguns anitos mais velho, me disse que eu me iniciara na política do modo errado.
Portugal acabava de se ver livre de um regime ditatorial, de 50 anos, e uma boa parte da juventude aderira a partidos mais radicais, como a UDP, ou o MRPP.
Segundo esse meu amigo, para quem seria "lógica" a minha filiação num partido "mais á esquerda", atendendo á minha idade, e aos meus ideais, haveria uma ordem "natural" na evolução ideológica, e consequentemente, partidária.
Começava-se "à esquerda", para, com o avançar da idade, terminarmos num dos, então, chamados "partidos burgueses", nos quais ele incluía, "naturalmente", o PS.
Apesar da nossa amizade, não lhe segui o conselho, mas registei a observação, e viria, alguns anos mais tarde, a verificar, que essas mudanças ocorriam, de facto, só que não estou seguro que tivessem por base os motivos que ele evocava...
Há muito que deixei de militar no PS, mas nem por isso deixei de ser um votante no partido, e acredito que assim continuarei, até ao final dos meus dias.
Crítico de algumas das políticas seguidas pelos seus governos, discordando de algumas das medidas tomadas, revejo-me, globalmente, no seu ideário, e na perspectiva social democrata que o enforma.
O que não deixa de ser curioso é que, com o avançar da idade, e ao contrário das teorias desse meu amigo, me vejo mais preocupado com as questões sociais, com os pobres, os doentes, os desprovidos de direitos, e de liberdades fundamentais...
E, talvez por isso, ontem, ao ouvir, e ver, as notícias das celebrações da passagem de ano, por esse mundo fora, fazendo menção ás toneladas de fogo de artifício queimado, não tenha resistido a pensar que algo tem que estar muito errado.
Morrem milhões de pessoas, no mundo, com doenças cuja cura se conhece, desde há muito, e sempre se evocam motivos de ordem financeira para "justificar" a falta de vontade para se corrigir este problema.
No entanto, queimam-se milhões de euros, para celebrar a mudança de ano, ironicamente, poucos dias após o fim de uma quadra em que todos, ou quase todos, apelam á solidariedade, e formulam votos de um mundo mais justo...
Ontem, quando assistia a uma dessas queimas, dei comigo a pensar que muitas vidas se poderiam salvar com metade, apenas metade, dos dinheiros públicos gastos, em fogo de artifício, no final de cada ano...
Sei que muitos dirão que não é por aí que o problema se resolve, só que também sei que, para eles, nunca é por aí, eles que tiveram a felicidade, como eu, de não ter nascido pobres, em países pobres.
A melhor forma de nunca se fazer nada, é buscar a solução perfeita...
E não resisti a pensar que é preciso mudar o paradigma, alterar mentalidades, hábitos, e procedimentos.
O mundo só será melhor, mais justo, quando cada um de nós for menos complacente com a pobreza, com a fome, com a miséria!
Mas isso depende de todos, e de cada um, e se grandes causas, como o aquecimento global do planeta, motivam grandes movimentos de cidadãos, que melhor causa do que a morte por falta de medicamentos, e cuidados médicos, para mobilizar as opiniões públicas mundiais?
No caso vertente, atrevo-me a sugerir, simplesmente, uma redução, para metade, dos gastos, públicos, em fogo de artifício, sendo o seu montante alocado á erradicação da malária.
Será que é pedir muito?