Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
VERSOS...
Meu Querido Filho
É em dias como este, quando comemoras mais um aniversário, em que eu gostava de te poder dar tudo o que de melhor existe, que sinto pena de não ser um poeta, para poder expressar, adequadamente, esta torrente de sentimentos que me invade a alma...
Relembro a tua vida como se de um filme se tratasse, contigo como principal protagonista, sem me esquecer de fazer uma apreciação, crítica, do meu papel como actor secundário...
Relembro cada momento, uns bons, outros nem tanto, e recordo, em especial, todos os que nos deixaram, desde os que não te chegaram a conhecer, como a tua avó Micá, até aos que partiram recentemente, como o teu avô Raul.
Pelo caminho, ficaram, o teu avô Sousa, a avó Rogélia, a avó Aurora, o tio Carlos Alberto, a tia Micas...
Lembro Londres, Paris, New York, a tua primeira bicicleta, a mota de brincar, e a outra, o teu primeiro carro...
Lembro as viagens, as férias, o teu final de curso, o mestrado...
E lembro-me do menino que fui e das voltas que a vida deu até hoje...
E é por isso que aqui te deixo os versos que escrevi, tinha, então, 15 anos, antes de uma viagem ao Algarve, com os meus colegas do liceu.
JUVENTUDE
Num dia quente de verão
Estava eu olhando o mar
Fecho os olhos, num repente
Tenho um lindo quadro em frente
Dois velhos a conversar...
Dizia o Xico para a Xana
Que se devia cortar
O cabelo aos estudantes
E pô-los a trabalhar
Dona Xana que, apesar
de ser velha, amava a moda
Afirmou não concordar
Que trabalhe a malta toda
Ó homem, tu diz-me cá
Diz a Dona Xana irada
Criticas a mocidade
Por ela não fazer nada?
Por isso e por muito mais
Pois eu não esqueço o cabelo
Sempre comprido demais
Todo sujo, em desmazelo
Tu és como todo o mundo
e só fazes confusões
Não os julgues pelo cabelo
Julga os jovens pelas acções
E quase chorei de pena
Quando meu pai me despertou
Desta pequenina cena
Que entre velhos se passou
Foi um sonho, não o esqueço
Mas o certo é que no mundo
Há muito quem diga tal
Da Juventude
Que no fundo
Não se mete com os velhos
Se lhe não fizerem mal
Falam mal da juventude
Porque quer modificar
Algumas erradas leis
Que os velhos querem ditar
Mas ao criticar não esqueçam
Que o falar ou não falar
Não impedirá, um dia
Os jovens de governar
Pensem bem que um dos jovens
Criticado por ser novo
Será, um dia, escolhido
Para chefe do nosso Povo
Pensem ainda também
Velhos que nos censurais
Que não temos só defeitos
Temos também Ideais
Queremos um Mundo melhor
De Paz, Justiça e Verdade
Queremos um Mundo de Amor
De Trabalho e Felicidade
Queremos que a Fome se acabe
Que em todo o mundo haja Pão
Que Branco e Negro se amem
Pois Cristo é de ambos Irmão
Entre os Homens e Nações
Paz em toda a Plenitude
Censuráveis Ambições
da moderna Juventude
Beijos do teu Pai, que te Adora!
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Acredito que a melhor prenda que o seu filho pode receber hoje, dia do seu aniversário, é o seu amor expresso en cada linha desta carta.E tudo isso envolto nos veros maravilhosos do "pai-jovem", como uma lição de vida. Enternecedor!
ResponderEliminarParabens tb ao pai que, para mim, só tem um defeito: ser do Benfica! Claro, não há bela sem senão...Um abraço Graça
Obrigado Graça, pela sua atenção e pela sua simpatia.
ResponderEliminarSó lamento ter de discordar consigo, porque ser benfiquista é uma das minhas, poucas, qualidades.
Um Abraço Rui
Oh! Don Rui, sois um veradadeiro poeta, pai emoção e tantas outras coisas maravilhosas que deixaste transparecer nesssas belas linhas em homenegem ao teu filho Frderico, de quem te orgulhas e com certeza ele também se orgulha de te.
ResponderEliminarSandra Bianchi