domingo, 16 de agosto de 2009

ALHOS...E BUGALHOS



Para os que não sabem, o Dr Eduardo Ferro Rodrigues foi secretário-geral do Partido Socialista e vive, há mais de três anos, em Paris, onde exerce funções de embaixador de Portugal, junto da OCDE.
O semanário Expresso, deste fim de semana, deu á estampa uma entrevista com o embaixador Ferro Rodrigues, na qual ele afirmou não entender o pavor que existe, em Portugal, pelas coligações, defendendo que, caso o PS vença as próximas eleições legislativas, sem maioria absoluta, deveria procurar coligar-se com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda. E acrescentou que, se tal não se revelasse possível, o PS deveria procurar uma coligação com o PSD.
Á partida, tudo normal, isto é, um ex-secretário geral do PS decide expressar a sua opinião sobre o que, em seu entender, seria a melhor estratégia, pós-eleitoral, para o seu partido, em nome da estabilidade governativa, que considera essencial, num cenário de crise económica.
Curiosamente, ou talvez não, os partidos referidos, por Ferro Rodrigues, apressaram-se a reagir, nem sempre de forma educada, ficando até a impressão, para quem não tivesse lido a entrevista, que a solução teria sido aventada por José Sócrates, a quem compete tomar esse tipo de decisões.
A comunicação social, especialmente as televisões, logo amplificou essas reacções, não cuidando de deixar claro que, não fôra o "arrogante e todo-poderoso" Sócrates quem fizera a sugestão, mas um militante socialista que, apesar de distinto, nem sequer exerce funções partidárias.
Deliberadamente, as declarações de Ferro Rodrigues, seguramente bem intencionadas, acabaram por dar azo a um aproveitamento político, inqualificável, por parte dos partidos da oposição, com a prestimosa colaboração da comunicação social, e isso só diminui quem se prestou a esse papel.
Mal comparado, é como se um membro da minha família entendesse sugerir, a bem do que considerava serem os superiores interesses famíliares, o meu casamento com determinada senhora, acrescentando que, se tal não fosse possível, deveria desposar uma outra, e as potencias consortes resolvessem vir a público negar a sua disponibilidade, utilizando linguagem ofensiva, fingindo ignorar que não fôra eu quem aventara a sugestão.
Mas, infelizmente, é desta mistura, de alhos com bugalhos, que se alimenta a política portuguesa, com os nossos políticos empenhados em demonstrar que os fins justificam os meios...

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