Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
A TENDA...
Era o verão de 1967, ainda não passara um ano sobre o acidente dos meus pais, do qual resultou a morte da minha mãe, e o meu pai ainda estava em fase de recuperação dos múltiplos traumatismos que sofrera.
Nenhum de nós queria passar as férias no Algarve, como era de costume, pois a fatídica viagem dos meus pais, no regresso de férias, estava demasiado fresca, na memória de todos, e o meu pai procurava alternativas, para dar férias ás crianças.
O dinheiro não abundava, e um amigo dele, também árbitro de futebol, o senhor Mário Azevedo, convenceu-o a fazer-se sócio da então FNAT, hoje INATEL, e a inscrever-se no parque de campismo da Costa da Caparica.
Os argumentos eram imbatíveis:
O custo era baixo, o parque tinha excelentes instalações, para além de ser perto de Lisboa, e era bem servido por transporte rodoviário, o que permitia ao meu pai deslocar-se, diáriamente, para o Banco.
Convencido, tratou de adquirir o equipamento necessário para albergar os três filhos, a sogra, e ele.
Recebida a notícia de que lhe havia sido atribuído um talhão, logo nos informou que, no sábado seguinte, iríamos proceder á montagem do material.
A tenda principal, azul, era enorme, como se pode imaginar, para nos poder acomodar a todos, confortávelmente.
Estávamos em Junho, e recordo que o sol estava radioso, fazendo um calor de rachar.
O meu pai, acompanhado, nem sempre bem, por mim e pelo meu irmão, lá deu início á montagem, com o maior entusiasmo.
Só que, cedo ficou demonstrada a nossa total inexperiência, de nada me servindo o tempo passado nos escuteiros, e a boa disposição foi-se perdendo...
A dado momento, e quando procedíamos á montagem dos quartos, algo correu menos bem, levando o meu pai a exclamar:
Raios partam a barraca !
Fez-se um silêncio, e eu e o meu irmão observávamos o meu pai, visívelmente agastado com a situação.
De repente, de uma das tendas adjacentes, ouve-se uma voz, em tom grave e reprovador:
Olhe lá, ó amigo, a barraca é do cão ! Isto aqui são tendas !
Foi a gargalhada geral !
Num momento, todo o ambiente se transformou, e o meu pai, depois de apresentadas as devidas desculpas, já só conseguia rir, com gosto, frise-se, pela "barraca" que acabava de dar.
Com maior, ou menor custo, lá completámos a montagem, dando início a um período que durou vários anos, e nos proporcionou momentos de grande felicidade.
A estória acabaria por ser recordada, ao longo de muitos anos, tendo ficado célebre entre amigos e familiares.
Que grande barracada foi aquela montagem da tenda...
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