segunda-feira, 25 de maio de 2009

VAMOS FALAR DE FUTEBOL...



Terminou mais um Campeonato, Nacional, ou da Liga, como lhe queiram chamar, com o Futebol Clube do Porto como justo campeão, e a despromoção do Clube de Futebol "Os Belenenses", por quem tenho especial simpatia. Do meu Benfica, falarei noutra ocasião...

Globalmente, pode dizer-se que se jogou pouco, e mal....!

A arbitragem, esteve, como também é de costume, no centro das discussões e polémicas, e a vergonha dos salários em atraso, repetiu-se.

Os árbitros erraram muito, o que não abona em favor da sua qualidade, e os critérios utilizados para julgarem lances idênticos estiveram longe de ser uniformes.

Os jogadores continuaram a simular faltas e lesões, a fazer anti-jogo e a praticar agressões, não tendo sido, na maioria dos casos, sancionados adequadamente.

Os treinadores continuaram a culpar os árbitros, pelas péssimas actuações das suas equipas, ou pelos resultados menos favoráveis, e continuaram a "ver" um jogo diferente daquele que foi jogado nas quatro linhas, raramente reconhecendo as más exibições das suas equipas.

Os dirigentes, tiveram os lamentáveis comportamentos do costume, com declarações insensatas e insinuações inaceitáveis, sem que lhes fossem aplicados castigos adequados.

A Comissão Disciplinar da Liga esteve, como de costume, mal, na aplicação de castigos e a aplicação de "sumaríssimos" continuou a obedecer a uma lógica que ninguém entendeu.

Os jornais, e televisões, raramente se preocuparam em analisar e discutir, os verdadeiros problemas do futebol português, tendo continuado a explorar a "clubite aguda" da maioria dos adeptos.

Os adeptos, esses, continuaram, como sempre, a assistir a tudo isto, impávidos e serenos, desejando, apenas, que a sua equipa ganhe, nem que seja de forma irregular.

E é este, meus amigos, o actual estado do futebol português !

Sei bem que estou a generalizar e que todas as generalizações são perigosas, mas a verdade é que é isto que se passa, com poucas, e honrosas, excepções.

E é este estado de coisas que é preciso mudar, para que possamos ter melhores espectáculos, maiores receitas e campeonatos mais competitivos.

Por isso defendo que, talvez que o melhor fosse começarmos por questionar o modelo, ou seja, o número de clubes que integram a primeira e a segunda Liga.

Se a Primeira Liga tem, a meu ver, clubes a mais, a Segunda Liga deveria, pura e simplesmente, dividir-se em duas, uma Norte e outra Sul, com um máximo de 12 clubes cada uma. No actual sistema, as receitas dos clubes mal chegam para pagar as deslocações, as estadias e o policiamento, quanto mais os salários aos jogadores...

A criação de duas Zonas permitiria reduzir custos e aumentar as assistências (todos sabemos que a rivalidade local é um estímulo á presença de espectadores), facilitando a angariação de patrocinadores, o que muito ajudaria ao equilíbrio financeiro dos clubes.

Na Primeira Liga, o número de clubes deveria ser reduzido para 12, jogando todos contra todos, em duas "voltas", e no final, os seis primeiros voltavam a jogar entre si, também em duas voltas, para apuramento do campeão e dos lugares de acesso às provas europeias. Os seis últimos jogariam para o apuramento dos 4 clubes que desceriam de divisão, abrindo o acesso à subida a dois clubes de cada uma das divisões inferiores.

Os clubes das ilhas, participantes na Segunda Liga, seriam, por razões de equidade, repartidos entre as duas divisões secundárias.

Um modelo deste tipo, e esta é, naturalmente, apenas uma sugestão, teria a vantagem de ter o dobro dos jogos entre os clubes "grandes" e daria um importante contributo para o aumento das receitas, não só destes, como dos que os acompanhassem na fase final.

Também a luta pela não descida, e o aumento do número de clubes a despromover, acabaria por ter efeitos, positivos, na receita dos clubes, pela via do aumento das receitas, já que a presença de adeptos tende a ser maior em jogos decisivos.

A Liga deveria assumir, e gerir, as receitas televisivas, fazendo a distribuição das mesmas em função das audiências e da classificação, desportiva, de cada clube, mas assegurando níveis mínimos de receita, pela participação. Melhorava-se a distribuição das receitas, fundamentais para o aumento da competitividade.

Os árbitros, deveriam ser profissionais, com um quadro reduzido, de modo a que estivessem em constante actividade, ao mais alto nível. Deveria ser melhorada a sua formação e serem incentivados a aplicar as leis do jogo, rigorosamente, no interior das áreas e fora delas.

Tenho para mim que, a fraca qualidade da arbitragem portuguesa está relacionada com o escasso número de jogos que cada árbitro apita e com a demasiada "latitude" que lhes é concedida na aplicação das leis do jogo.

Agarrar um adversário na grande área, por exemplo, é punido com pontapé de grande penalidade, pelo que não deveria haver motivo para assistirmos aos aglomerados de jogadores a agarrar-se, na área, de cada vez que é cobrado um pontapé de canto, sem que daí resulte qualquer penalidade...

A exigência de uma garantia bancária, aos clubes, a favor da Liga, no início do campeonato, por valor igual ao dos encargos salariais previstos, para a época desportiva, impediria as situações de salários em atraso, a que temos assistido. E é urgente que se acabem com estas situações.

A criação de um tribunal desportivo, para julgar todos os comportamentos anti-desportivos, mesmo aqueles que, tendo sido sancionados no campo, se verifica, mais tarde, pelo recurso às imagens, que devem ser objecto de agravamento da sanção.

Estou em crer que, com este tribunal, seria possível melhorar, substancialmente, o comportamento dos vários agentes desportivos, o público compreenderia melhor os critérios de aplicação das sanções, e eliminavam-se as suspeitas de parcialidade, na aplicação dos castigos.

Enfim, este é, apenas, um conjunto de ideias, e sugestões, que, em meu entender, contribuiriam para melhorar, substancialmente, o futebol português.

É preciso que os dirigentes da Federação, da Liga e dos Clubes, percebam, de uma vez por todas, que o actual modelo está errado, que a mudança é necessária e que todos terão a ganhar com ela.

Nesta matéria, cabe aos dirigentes dos três principais clubes particular responsabilidade, e já vai sendo tempo de se deixarem de guerras, e guerrilhas, e compreenderem que o actual estado de coisas não é sustentável, nem serve os interesses dos clubes, e do futebol português.

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