Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
domingo, 20 de junho de 2010
SOBRELEVAR O ELOGIO E ESCONDER A POLÉMICA...
Não eram amigos, nem se conheciam, esclareceu o Presidente da República, para justificar a sua ausência no funeral do escritor. Mas a presidência emitiu uma nota oficial, homenageando a sua obra e Cavaco fez-se representar pelos seus chefes das Casas, Civil e Militar.
Devo dizer, embora não seja politicamente correcto, que concordo com Cavaco Silva.
Desta vez, ao contrário do que sucedeu com a questão do casamento "gay", o Presidente resolveu assumir uma posição condizente com o que pensa e sente, mesmo sabendo que se sujeitaria às críticas de diversos sectores da sociedade, incluindo alguns que não suportavam Saramago, em vida.
E não penso que o Presidente tenha resolvido não estar presente no funeral por razões eleitorais, como alguns deram a entender, pois acredito que a sua presença seria, dessa perspectiva, mais compensadora.
E a esse respeito, vale a pena ler o Editorial do jornal Público de hoje, que passo a citar:
"Nos momentos de homenagem e despedida, o costume tende a sobrelevar o elogio e a esconder a polémica. José Saramago esteve muitas vezes do lado errado da História, perfilhou ideologias e sistemas políticos pouco condizentes com a humanidade da sua obra, apoiou ditadores, nem sempre agiu em favor da liberdade, envolveu-se em polémicas gratuitas e cultivou de si a imagem de alguém que subalternizou a tolerância."(...)
O Editorial continua, para considerar que o "dever do Presidente é esquecer querelas do passado" e "associar-se às cerimónias".
É uma opinião, que, naturalmente, respeito, mas que merece a minha discordância.
Se a obra de Saramago merece ser enaltecida e homenageada, como fez o Presidente, através de uma nota oficial, o seu comportamento, em vida, esteve longe de respeitar muitos dos mais elementares princípios democráticos...
E é por isso que eu, que não sou cavaquista, considero que o Presidente fez bem, ao ser coerente e não ceder à hipocrisia do velho costume português, segundo o qual "nos momentos de homenagem e despedida", tendemos a "sobrelevar o elogio e a esconder a polémica".
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