quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ANIMAIS NO CIRCO...




A partir de ontem, Portugal tornou-se no único país, na Europa, que proíbe, aos circos, a aquisição de animais exóticos, como elefantes, tigres, ou leões, e a sua reprodução em cativeiro.
A reacção dos circos, como se esperava, foi imediata, e segundo noticia o jornal i, a Associação Europeia de Circos vai avançar com um processo contra Portugal.
Os argumentos utilizados para a proibição assentam na conservação das espécies, e na saúde, e bem-estar, dos animais, e das populações.
Admito estar enganado, mas cheira-me a mais uma cedência ás associações de protecção dos animais, numa prática, que se vai generalizando, para tudo o que se tornou, politicamente, incorrecto...
Custa-me a acreditar que os circos maltratem os seus animais, o que seria absurdo, atendendo a que deles dependem para os seus espectáculos, e os especialistas são os primeiros a afirmar que não faz sentido falar de risco para a saúde pública.
Resta a questão da protecção dos direitos dos animais.
Que todos os animais, incluindo o Homem, têm direito a ser protegidos e bem tratados, parece consensual, mas proibir os circos de conservar, alguns deles, em cativeiro, mesmo quando cumpridas todas as normas de higiene e transporte, não só me parece um exagero, como gostava de conhecer o critério subjacente, para tentar perceber até onde nos levará esta lógica...
Porquê proibir a utilização de um macaco, e não de um cavalo ? O que distingue, quando em cativeiro, o sofrimento de um gato, relativamente ao de um tigre ?
Infligir maus tratos a um animal, como é o caso do espicaçar de um toiro, deve ser condenado por qualquer sociedade civilizada, mas impedir a inclusão de animais, em espectáculos circenses, inofensivos, parece-me mais um radicalismo, em que esta nossa sociedade se vem revelando tão próspera...
Nunca, como hoje, os grupos de pressão tiveram tanto peso, e influência, no mundo ocidental, seja contra o tabaco, o açúcar, a obesidade, os animais em cativeiro, ou os casamentos entre homossexuais...
E no entanto, uma parte, muito significativa, do mundo em que vivemos continua a não se poder dar ao luxo de se preocupar com estes problemas, porque o animal humano insiste em subjugar outros humanos, permitindo horrores incomparávelmente maiores do que os que sofrem os animais em cativeiro.
Fome, miséria, guerra, morte por doença, cuja cura se conhece há anos, exploração do trabalho infantil...
Neste circo gigantesco, que é o mundo em que vivemos, a espécie dominante parece preocupar-se mais com os direitos dos outros animais do que com os de alguns dos seus, como é o caso das gentes do circo...
E interrogo-me quanto ao número de gatinhos, e cãezinhos, que existirão em casa desses defensores dos direitos dos animais, num cativeiro que, mesmo sendo de luxo, não deixa de ser cativeiro...
Pobres crianças portuguesas, para quem o circo deixará de ser um local onde podem ver, e aprender a respeitar, os animais exóticos, como aconteceu com os seus antepassados...




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