domingo, 7 de junho de 2009

PORTUGAL, A EUROPA E AS ELEIÇÕES...


Dentro de cerca de uma hora, os portugueses estarão a iniciar mais uma votação, para elegerem os seus representantes no Parlamento Europeu.
Talvez me engane, mas a vontade de penalizarem o governo, pela situação de crise económica que o País atravessa, não será suficiente para levar às urnas a maioria dos eleitores, como já vem sendo de costume...
Mas, se eu me enganar nesta previsão, em nada se altera o meu entendimento de que, infelizmente, os portugueses pouco sabem sobre o funcionamento das instituições europeias, pouco se interessam pelo que lá se passa e tendem a julgar os deputados europeus, mais pelos chorudos ordenados que auferem, do que pelas propostas que apresentam, ou pelo seu contributo para o debate europeu.
Aliás, a oposição, não esta, mas todas as oposições, ao longo desta nossa curta vivência comunitária, compreenderam isso mesmo, preferido tratar as eleições europeias como uma espécie de "referendo" à actuação, doméstica, dos governos, em detrimento da importância que a Comunidade Europeia tem, efectivamente, na vida dos portugueses.
E nisso, são todos responsáveis, sem excepção, incluindo "analistas" e "comentadores" políticos !
Os que me conhecem, sabem das minhas preferências políticas, sou militante do Partido Socialista, ainda que "não praticante", o que me vale a crítica dos meus camaradas de Partido, mas me deixa de bem com a minha consciência, e a liberdade suficiente para expressar as minhas opiniões, sobre este, e outros temas, sem estar sujeito à "disciplina partidária", que não suporto.
Nem no Benfica, Clube do meu coração, me submeti, ou submeto, a uma lógica de "disciplina clubística", quanto mais a uma disciplina partidária, por definição, bem mais abrangente...
E se, como eu imagino, os portugueses se voltarem a alhear do voto, nestas eleições, num momento tão importante quanto este, a culpa é, exclusivamente, dos nossos Partidos, do excessivo nível de "partidarização" da nossa vida política, da fraca qualidade dos nossos políticos e da sua incapacidade para distinguirem o essencial do acessório...
Todos são culpados, sem excepção !
Queixam-se, os nossos políticos, do pouco respeito que o Povo lhes dedica e do baixo prestígio de que desfrutam, mas, na verdade, pouco, ou nada, fazem para alterar essa situação...
Discutir a Europa, o papel de Portugal na Europa, e o futuro desta no Mundo, num momento de profunda crise, como aquela que atravessamos, deveria ser, para um político, um dos temas mais aliciantes e estimulantes.
Mas, para os nossos políticos, aos olhos de quem os ouve, e vê, parece que o exercício do poder, "neste cantinho à beira-mar plantado", é bem mais importante do que a reflexão, analise, e debate, sobre o papel de Portugal, numa Comunidade, cujo desenvolvimento, e coesão, representa um dos maiores desafios que os países integrantes tiveram pela frente, desde o pós-guerra.
Quando os políticos das principais Democracias do Mundo comemoram o "Dia D", o papel da Europa no Novo Mundo, que todos pretendemos, deveria merecer mais respeito, por parte de quem nos representa, e governa...
Depois queixam-se dos que dizem que existe, em Portugal, uma crise de verdadeiros "leaders" políticos...
E nem sequer adianta avançarem com os velhos, e estafados, argumentos de que é assim por toda a Europa, que somos um país pequeno, para justificarem a sua menoridade, política, no tratamento deste tema...
Em matéria de tamanho, lembro-me, sempre, do famoso Zé Carioca, quando afirmava, nos "velhos" livros aos quadradinhos:
"Tamanho não é qualidade, o miolo é que importa."
Não é pelo nosso tamanho que somos pequenos. A nossa pequenez vem da falta de Genialidade, e Ousadia, as mesmas que caracterizaram os nossos governantes, noutros períodos da nossa História...
Quem quer que seja o vencedor desta eleições, será, sempre, a meu ver, um derrotado, ainda que não aos olhos dos "analistas" políticos...
Todos serão perdedores !
Se é verdade que, neste mundo globalizado, como é o nosso, Portugal só consegue afirmar-se enquanto país europeu, "menorizar" estas eleições, em função de objectivos de poder "doméstico", só diminui a qualidade dos nossos políticos, e da nossa Democracia.
No final das contas, infelizmente, nós, Portugueses, seremos, a meu ver, todos perdedores, ainda que o "nosso" Partido possa vir a reclamar, para si, os "louros" da vitória...

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