quarta-feira, 17 de junho de 2009

O MOVIMENTO E A CANDIDATURA

Acolhi, com agrado, o aparecimento do Movimento "Benfica, Vencer, Vencer", enquanto plataforma congregadora daqueles que entendem que, o caminho seguido pelos actuais dirigentes, agora demissionários, não serve os interesses do Clube.
Esperava, pois, desse Movimento, uma atitude agregadora e um posicionamento claro, relativamente à estratégia e objectivos que se propunha atingir, o que não veio a acontecer.
Normalmente, o aparecimento destes Movimentos, ou Plataformas, tende a surgir associado a um grande desígnio, ficando-se com a ideia de que, neste caso, esse grande desígnio é a derrota de Luís Filipe Vieira, o que é, a meu ver, manifestamente insuficiente.
Quando da presidência de Vale e Azevedo, estive entre os fundadores do Movimento de Cidadania Benfiquista, cujo objectivo principal era restaurar a legalidade no Clube, e criar as bases para o aparecimento de uma candidatura sólida, quer do ponto de vista programático, quer das pessoas que a corporizavam.
A apresentação, extemporânea, da candidatura de Manuel Vilarinho, apoiado por alguns dos integrantes do Movimento, acabou por colocar em causa toda a estratégia seguida, e se é verdade que ganhou as eleições, não é menos verdade que, rapidamente, se evidenciaram as contradições e divergências, entre os seus promotores.
O Movimento de Cidadania Benfiquista acabou, como se recordam, por não apresentar nenhum candidato, e dar o seu apoio, antes do acto eleitoral, á candidatura de Manuel Vilarinho.
Afinal, o mais importante, como se veio a confirmar, era afastar João Vale e Azevedo, e muitos dos seus acompanhantes, da gestão do Clube. Mas era evidente a falta de uma estratégia, para ultrapassar a crise em que o Clube se encontrava mergulhado, tendo-se sucedido as desavenças, entre os principais promotores da candidatura e alguns dirigentes, da qual se destacou a polémica em torno da construção do novo estádio.
E foi nessa época, convém relembrar, que um dirigente da SAD do Clube, integrante do grupo promotor, que mais tarde viria a ser eleito presidente, apelidou de "papagaio" o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica...
O Movimento "Benfica, Vencer, Vencer" surge num contexto diferente, apesar de eu considerar que, em muitas matérias, existe uma perigosa aproximação aos comportamentos, e métodos, utilizados por Vale e Azevedo, mas os problemas para os quais deverá apresentar soluções, não diferem, substancialmente, daqueles que o Movimento de Cidadania Benfiquista teve que enfrentar.
Afinal, continua a ser necessário definir que Benfica queremos, fixar objectivos e metas, a curto e médio prazo e escolher as estratégias mais adequadas. Os problemas financeiros do Benfica continuam a ser preocupantes e é arrepiante a ausência de uma estratégia para o futebol, de cujo sucesso depende a recuperação financeira.
O convite agora dirigido a José Eduardo Moniz, para liderar uma lista, em nome do Movimento, como foi noticiado, parece fazer todo o sentido, mas é preciso que se conheça o enquadramento.
Entre os benfiquistas que integram o Movimento, alguns deles amigos que muito prezo e respeito, existem diversas "sensibilidades", que se consubstanciam em formas diferentes de avaliar o papel do Benfica, quer na sociedade, quer no desporto português, com perspectivas diferentes sobre o que deve ser o futebol do Clube e até o seu ecletismo. Assim como existem incompatibilidades pessoais que, pese embora o facto de conseguirem ser minimizadas, ou ultrapassadas, no âmbito do Movimento, não deixarão de se evidenciar quando da formalização de uma candidatura e da formalização dos objectivos que lhe estão subjacentes.
Conhecedor de que é sempre mais fácil congregar vontades em volta do descontentamento, do que construir alternativas sólidas, entendo que é importante, e se torna urgente, que o Movimento dê a conhecer as condições em que foi feito o convite.
Importa saber se José Eduardo Moniz terá total liberdade para escolher as pessoas e elaborar um programa, ou se a sua candidatura estará subordinada a algumas "exigências".
Como importa saber que papel estará, ou não, reservado a José Veiga, no Clube, ou na SAD, cuja figura está, como sabemos, muito longe de ser consensual...
Como benfiquista, aguardo, com expectativa, a evolução dos acontecimentos, apesar de já ter dado o meu apoio á candidatura de Bruno de Carvalho.
Sou favorável a que exista, apenas, uma lista opositora á de Luís Filipe Vieira, pelo que, a concretizar-se a aceitação de José Eduardo Moniz, é urgente que conheçamos o seu pensa fazer a este respeito.

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