quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

DEPOIS DE PRONTO...



Depois de um período de ausência, pareceu-me tempo de retomar a escrita.
Enquanto os portugueses, numa conjuntura adversa, se preparam para nova eleição presidencial, com a mais do que provável reeleição de Cavaco Silva, as hostes partidárias concentram-se na maximização do aproveitamento político da crise e na estratégia a seguir, após a eleição.
Dizer, como tantas vezes sucede, que "cada povo tem o governo que merece", para apoucar o Executivo, e os portugueses que o elegeram, é pecar por defeito, pelo que me atrevo a sugerir a substituição dessa expressão por "cada povo tem os líderes, e os políticos, que merece". Seria mais adequada, por mais abrangente, e descreveria melhor o estado de desconfiança, descrença e apatia que parece assolar o país.
Mas seja uma, ou outra, a expressão utilizada, a verdade é que, em ambas, somos nós, os portugueses, quem fica muito mal no retrato.
Mas um povo que conta com uma significativa percentagem de saudosistas do passado, que parecem ter esquecido tudo o que de bom foi conseguido desde a restauração da democracia, e foi muito, não pode aspirar, digo eu, a ficar bem na fotografia, seja ela a cores, ou a preto e branco.
Gerir e tomar decisões implica, excepto para alguns iluminados, cometer erros. E o factor distintivo entre os mais e menos capazes reside, justamente, na capacidade de aprender com o erro e evitar a sua repetição, embora este pareça ser um princípio que poucos portugueses estão dispostos a aceitar, e é pena.
Diz o povo que "a necessidade aguça o engenho", mas as nossas elites parecem empenhadas em desmenti-lo, dado que as necessidades têm vindo a aumentar, sem que, com elas, tenham surgiram soluções engenhosas, para a resolução dos problemas que afectam o país...
Quem ouve e lê o que diz a maioria dos nossos líderes, aos mais diversos níveis, fica com a impressão que, tal como o professor Cavaco Silva, eles "nunca se enganam e raramente têm dúvidas", estando de posse das soluções para todos os problemas. Contudo, ou não as apresentam, ou, quando o fazem, é muito raro encontrar-se um traço inovador, que as credibilize como alternativa ás soluções adoptadas.
Em regra, a critica centra-se mais na forma, do que no conteúdo, isto quando o discurso não tem objectivos meramente ideológicos, ou eleitorais...
Embora apontando vários erros aos governos chefiados por José Sócrates, e é sempre possível apontar vários erros a qualquer governo, ficaria de mal comigo se não admitisse que admiro a coragem e a tenacidade do primeiro-ministro português, apesar de saber que se trata de um reconhecimento politicamente incorrecto, sobretudo num momento em que malhar no chefe do executivo parece ser o principal desporto nacional.
Ainda assim, sinto que esse reconhecimento lhe é devido, num momento difícil para o país, e para o governo, sobretudo no início de um ano que muitos apostam vir a ser o último da era Sócrates, por tudo o que de bom foi feito, e pelo esforço reformista de que já deu provas.
Como diria o meu querido, e falecido, pai, utilizando uma expressão herdada do meu avô, e que retrata o meu sentimento para com aqueles que, nunca apresentando alternativas, estão sempre prontos para criticar a obra feita, ou a sugerir que era óbvia, e não apresentava qualquer dificuldade, "depois de feito, é um instantinho".
Votos de um Feliz Ano de 2011 para todos!

Sem comentários:

Enviar um comentário