A questão do Orçamento Geral do Estado para 2010, e da redução da Dívida Pública, têm dominado a discussão política nas últimas semanas.
É um bom sinal, quando o assunto é tratado com a seriedade que merece, pois fica menos tempo para os ditos e mexericos, que apenas contribuem para afastar os portugueses da discussão dos verdadeiros problemas do país.
Depois das negociações entre o governo e os partidos da oposição, e obtido o compromisso, com PSD e CDS, de que o Orçamento não seria rejeitado, eis que surge um problema com a proposta de alteração da Lei das Finanças Regionais.
Os partidos da oposição, e particularmente o PSD, aparecem agora a defender exactamente o contrário do que exigiram, e bem, para deixarem passar o Orçamento, a saber, a redução do deficit orçamental, e um rigoroso controlo da despesa pública.
E a proposta acaba de ser aprovada, em sede de comissão parlamentar, com os votos contra do PS, o que é um péssimo sinal para os mercados...
O argumento utilizado é o de que, com a aprovação da proposta, o agravamento da despesa representa menos de 0,1% do deficit previsto, pelo que não será por aí que o gato vai ás filhoses...
Só que o preço da dívida portuguesa, e dos "Credit Default Swaps", nos mercados internacionais, que já reflectia os problemas existentes, e o risco de contaminação da crise na Grécia aos países mediterrânicos, sofreu um significativo abanão, com reflexos nos mercados bolsistas.
Para quem afirma, como os responsáveis dos partidos de oposição, que o problema da alteração da lei não intensifica os efeitos negativos quanto á capacidade de Portugal para controlar o deficit, recomendo a sintonização, urgente, da CNBC, para perceberem o modo como os analistas, e os mercados, estão a reagir a esta medida...
Num momento difícil para o país e para os portugueses, não faz nenhum sentido agravar a situação, para favorecer uma região que está numa situação privilegiada, quando comparada com outras regiões de Portugal continental...
E se a política é a arte do possível, alguém tem que ser capaz de explicar ao Dr Alberto João Jardim que há momentos em que já não é possível continuar a brincar com coisas sérias.
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