Bruna Real é uma moçoila de 27 anos, que exercia funções de professora de música, nas actividades extra-curriculares da escola de Torre de Dona Chama, em Mirandela.
Digo exercia porque ontem teve de se apresentar no Arquivo Municipal de Mirandela, para onde foi transferida, após o aparecimento das fotos, onde mostra os atributos com que a Mãe Natureza a favoreceu, na revista "Playboy".
Da indignação de docentes e pais dos discentes até à denuncia foi um pequeno passo e a autarquia apressou-se a colocar a Bruna no Arquivo, até ao final do seu contrato, que nestas coisas não se pode transigir.
Entretanto, ontem, em Belém, o senhor Presidente da República anunciava a sua decisão de promulgar o diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A contragosto, é certo, mas a maioria parlamentar favorável à promulgação tornava inútil o veto presidencial, como teve ocasião de explicar na sua alocução televisiva, e o que tem que ser tem muita força...
Quando da aprovação do diploma na Assembleia da República escrevi e não é demais repetir, que considero inaceitável que este tema não tenha sido submetido a referendo, sendo lamentável e falaciosa a justificação apresentada pelo Partido Socialista para defender a posição que tomou.
Como se não soubessem que nenhum eleitor lê os programas eleitorais, nem mesmo os candidatos, ou se tivessem esquecido que nem tudo o que está nos programas eleitorais é para levar a sério, como a prática política se tem encarregue de demonstrar.
Questões deste melindre deveriam exigir um tratamento cuidado, em vez de se procurar a sua legitimação a reboque de uma molhada de propostas e boas intenções, que são os programas eleitorais, como veio a suceder.
Só que de boas intenções está o inferno cheio e até eu, que votei PS, nunca imaginei que este tema pudesse ser tratado como foi e aprovado sem uma consulta popular, que defendi.
Enganei-me, mas sempre aprendi mais qualquer coisinha para o futuro...
Foi uma importante vitória, num país de maioria católica, da internacional cor-de-rosa e da "opus gay", na sua luta pela destruição de alguns valores tradicionais, tendo como meta final a adopção, perante a passividade de um povo que nem sequer é dado a mariquices. Ou não costumava ser...
Como se apressaram a lembrar-nos, estava em causa o respeito pelos direitos das minorias, só que nós também sabemos que há minorias e minorias...
A minoria que eu integro, a fumadora, não teve direito aos bons ofícios dos nossos parlamentares, nem mesmo por parte dos que, tal como eu, se entregam a esse prazer crescentemente proibido.
Já a homossexualidade, considerada crime, até 1982, soltou-se com a legalização, invadiu o nosso quotidiano e vê agora consagrado o direito ao casamento, com alianças, vestido de noivo e beijos na boca...
E não resisti a tentar imaginar a cena, numa das conservatórias de Mirandela, envolvendo um qualquer professor de música, desposando um "raparigo" da terra, trajado a rigor, o vestido branco e a flor de laranjeira, com direito a molhado beijo e foto no jornal.
Transferido, imediatamente, para o Arquivo Municipal? Duvido!
Já a boa da Bruna Real, que cometeu o crime de se deixar fotografar nua, teve punição imediata, de nada lhe valendo a sua reconhecida capacidade profissional, ou os seus excelentes atributos físicos. Só um exemplar castigo poderia aplacar a ira das pudicas gentes de Mirandela.
Arquivo com ela, que ofende os bons costumes!
Coitada da Bruna, faltou-lhe o "lobby" que empurra a causa "gay", é o que é, que esta coisa dos direitos tem muito que se lhe diga...
E não resisto a interrogar-me se, por este caminho, não viremos a ter que solicitar os bons ofícios de alguns mariquinhas, para assegurarmos a parlamentar defesa dos direitos da futura minoria heterossexual.
Já faltou mais...
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