sexta-feira, 15 de abril de 2011

A PRETEXTO DE UM GRANDE SUSTO...


Foi excelente, para o futebol português, que Benfica, Braga, e Porto, tenham conseguido o apuramento para as meias-finais da Liga Europa. Aqui ficam os meus parabéns!
Mas se o Porto aproveitou para passear a sua classe, em Moscovo, voltando a golear o Spartak, para Benfica, e Braga, foi dia de aflição.
Contudo, o feito do Braga é tanto mais meritório quanto se tenha em consideração a expulsão de Paulo César, quando faltava mais de uma hora para o fim do jogo, e a escassa vantagem que lhe dava o empate, a um golo, no jogo da primeira mão.
Incompreensivelmente, ou talvez não, nem os três golos que tinha de vantagem foram suficientes para livrar o Benfica, e os benfiquistas, de um tremendo susto, ao estar a perder, por 2-0, quando eram decorridos, apenas, 25 minutos de jogo.
Como benfiquista, e treinador de bancada, tenho dificuldade em entender várias das opções de Jorge Jesus, cuja "criatividade" tende a aumentar quando disputa jogos importantes, e tentarei explicar, sucintamente, o que quero dizer:
1. A utilização de César Peixoto, que não faz parte, normalmente, da equipa base do Benfica, não só não costuma ser bem sucedida, como é reveladora dos receios do treinador, com reflexo nos índices de confiança da equipa.
Foi assim, por exemplo, nos jogos contra o FCPorto, que se saldaram por derrotas, em que desarrumou a equipa para encaixar Peixoto, e poderia ter sido assim ontem, não fora o golo de Luisão, num "timing" perfeito, já que Peixoto não tem condições para desempenhar o lugar que é de Pablo Aimar.
César Peixoto, que não é responsável pelas decisões do treinador, esforça-se por corresponder, com as limitações que se lhe conhecem, mas acaba por ser, várias vezes, o alvo da ira de muitos adeptos, injustamente.
2. As frequentes mudanças no centro da defesa não contribuem para dar tranquilidade aos jogadores, com reflexo na quantidade de golos sofridos, deixando a impressão de que o treinador não sabe quem escolher para parceiro de Luisão, e ficando claro que nenhum deles lhe merece particular confiança.
Sidney, Fábio Faria, e Jardel, são tudo menos defesas tranquilos, e confiantes, como fica evidenciado sempre que o Benfica sofre a pressão do adversário, com a agravante de saberem que não podem confiar em Roberto, para emendar um eventual erro.
As trocas de bola, na defesa, terminam, demasiadas vezes, com uma charutada de Luisão, sendo evidente que a equipa sai muito menos vezes, para o ataque, com a bola dominada, em contraste com o que sucedia na época passada.
Ainda no sector defensivo, parece claro que Fábio Coentrão rende muito mais na posição de defesa lateral, do que no meio campo, ou mesmo a extremo. A sua capacidade para criar desequilíbrios, no apoio ao ataque, fica muito prejudicada quando o treinador o elege para outras funções, mas Jesus não parece convencido disso.
Já no lado direito da defesa, e quando Maxi Pereira está menos bem, como aconteceu ontem, o Benfica não dispõe de um substituto à altura. E as adaptações de Jesus, como foi o caso da recente utilização de Ailton, evidenciam o que pensa sobre jogadores como Luís Filipe, sendo legítimo perguntar porque decidiu conservá-lo no plantel.
Na baliza, Roberto, apesar de algumas boas defesas, não tem condições, nem categoria, para ser o titular. Com evidentes deficiências no posicionamento, e péssimo a sair dos postes, nem a elevada estatura ajuda o guarda-redes do Benfica no desempenho da sua função, chegando a ser chocante a sua incapacidade para se impor, como deveria, na pequena área. Isto sem entrar em consideração com os regulares franguinhos, responsáveis pelo afastamento, precoce, do Benfica, da luta pela conquista do campeonato nacional.
A intranquilidade da defesa do Benfica começa, a meu ver, com a presença de Roberto, e nem a necessidade de justificar o dinheiro gasto na sua contratação deveria impedir o treinador do Benfica de dar oportunidade a Júlio César, ou a Moreira.
3. Do meio do campo para a frente, se é verdade que Saviola não atravessa um bom momento, não é menos verdade que o argentino rende muito mais quando joga com Pablo Aimar, mas Jesus, nas suas escolhas, parece empenhado em provar o contrário, nem sequer me parecendo válido o argumento de que a equipa perde capacidade de marcação, com os dois em campo.
Já Óscar Cardozo é, a meu ver, um caso perdido, sempre que a bola não lhe chega, redondinha, ao pé esquerdo. É lento, trapalhão, com pouca mobilidade, e cabeceia mal, pelo que tenho dificuldade em perceber a sua utilização, em jogos em que o Benfica adopta maiores cautelas defensivas.
Além de que deve ser frustrante, para Kardec, e Weldon, verificarem que não são opção, ante a comprovada ineficácia do paraguaio.
Eis, pois, de forma sucinta, o que me preocupa, e não entendo, nas as opções de Jorge Jesus.
Decerto que muitos não estarão de acordo comigo, mas também nisso reside a beleza do futebol, um jogo de regras simples, fáceis de entender, que propicia aos adeptos a tentação, fácil, de serem treinadores de bancada.
Desejo, naturalmente, que o meu Benfica vença a Liga Europa, mas temo que a criatividade de Jorge Jesus possa contribuir, como aconteceu ontem, para aumentar os sobressaltos, nessa caminhada.
Oxalá eu esteja enganado...

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