Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
domingo, 17 de abril de 2011
MOURINHO, SÓCRATES, E OUTRAS AFINIDADES...
Tive oportunidade de assistir ao jogo entre o Real Madrid e o Barcelona, e não dei o meu tempo por perdido.
Mourinho voltou a dar razão, uma vez mais, aos que o consideram o melhor treinador do mundo, e conseguiu o "milagre" de empatar, tendo um jogador a menos, nos últimos 40 minutos d0 jogo, com a equipa que muitos consideram, justamente, a melhor equipa do mundo.
O Real Madrid, depois de uma primeira parte em que demonstrou poder vencer o Barcelona, viu-se a perder, por 1-0, por via de uma grande penalidade, justa, mas, com um jogador expulso, não só conseguiu empatar o jogo, como evidenciou uma superioridade que muitos julgavam não estar ao seu alcance.
Mourinho, o "mago" da conquista da Liga dos Campeões, pela Inter de Milão, voltou a passear a sua arte de organizar uma equipa de futebol. E foi bonito de ver!
Curiosamente, depois do jogo, e numa rápida passagem pelo Twitter, deparei-me com artigo, num blog, onde o autor considerava Mourinho e Sócrates como filhos de Maquiavel, mestres da táctica.
E porque achei interessante a comparação, propus-me reflectir um pouco a esse respeito, tentando encontrar semelhanças entre as actividades que ambos exercem, e que mexem com a vida de milhões de portugueses.
Como ponto de partida, despertou a minha atenção o facto de, em matéria de vocabulário, existirem afinidades evidentes: no mundo da política, como no do futebol, é recorrente a utilização de termos como corrupção, manipulação, mentira, fraude, batota, para citar apenas alguns. Sem esquecer outros, como estratégia, ou táctica, de aplicação mais generalizada, e com sentido menos pejorativo.
No futebol, como na política, constatei que, parte dos eleitores optou por se organizar em claques de devotos, com a missão de aplaudir os dirigentes, abafar as críticas, e motivar as hostes, sendo que os eleitos se encarregam de lhes proporcionar as condições para desenvolverem essa actividade.
E observei, também, que, no que respeita ás consequências da prática de actos ilícitos, existe um evidente paralelismo, sendo poucos os "casos" que chegam a tribunal, e muito menos os que resultam em condenação.
A culpa tende a morrer solteira, e, com excepção de um ou outro figurante, é muito baixa a probabilidade de um dirigente ser brindado com uma estadia no chilindró.
Política e futebol, pelo dinheiro, poder, e influência, que movimentam, e lhes são genéticos, congregam interesses da mais diversa ordem, existindo o sentimento, entre muita e boa gente, de que nem todos serão legítimos.
Também a estreita ligação entre a classe dirigente e o sector financeiro, que contribui para a sua eleição, assim como a excessiva influência deste nas decisões, é factor comum ás duas actividades, apesar de não merecer os favores de boa parte do eleitorado.
Assim como não são bem aceites as crescentes transferências de dirigentes, da política para o futebol, e vice-versa, havendo quem sugira que, o à-vontade que demonstram nessas mudanças, é revelador da identidade existente.
Seja como for, a verdade é que, apesar de muitos considerarem que somos induzidos a aceitar, como verdade, tudo o que nos querem impingir, sempre com a preciosa ajuda do marketing, são poucos os que não se resignam ao estafado recurso à figura do inimigo externo, quando se trata de desviar as atenções, de resultados adversos. E esse é outro elemento comum, o que leva alguns maldosos a afirmarem que, quando alguns dirigentes advogam mudanças profundas, o seu verdadeiro objectivo mais não é do que procurar garantir que tudo fica na mesma.
Mas outra afinidade, importante, entre política e futebol, consiste no facto de a crítica raramente ser bem aceite, e de se estimular pouco a participação dos eleitores, excepto quando se trata de eventos destinados ao apoio, ou consagração, dos líderes.
Reparo, agora, que a hora vai adiantada, e a escrita longa, dois excelentes motivos para dar por terminadas estas linhas.
Mas não sem uma nota final: a lembrança de que os portugueses envolvidos na política, e no futebol, constituem amostras, representativas, de um universo mais amplo, que somos todos nós...
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