domingo, 15 de agosto de 2010

ATEANDO MAIS UM FOGO...


rentrée
(palavra francesa)
s. f.
1. Reabertura dos teatros no começo do ano dramático.
2. Nova aparição, após uma ausência, de um artista titular de um papel.

Definição que consta no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.

Segundo os meios de comunicação social, a rentrée política do PSD começou, ontem, no Pontal.
Só que, se o PSD esteve de férias da política, e eu não dei por isso, será que as declarações dos seus dirigentes, incluindo o líder, durante o período de férias, não são para levar a sério?
As férias, na política, fazem-me lembrar o defeso, em matéria de caça, com os intervenientes a não resistirem a um tirinho, sempre que surge uma oportunidade, apesar de a época estar, oficialmente, encerrada...
Seja como for, Passos foi ao Pontal inaugurar a nova época política, houve quem falasse de nova época eleitoral, e resolveu tirar uns coelhos da cartola: o dia 9 de Setembro, eleições antecipadas, e a Justiça.
Passos veio dizer-nos que Sócrates terá de decidir, até 9 de Setembro, se aceita que as suas propostas sejam, afinal, as que o PSD propõe, ou o Orçamento não será aprovado. E se não quiser assim, tem sempre a possibilidade de convocar eleições antecipadas.
Um ultimato que não deixa de ser interessante, para um líder de um partido que considera ter dado as mãos aos portugueses, quando viabilizou o Orçamento de Estado para 2010.
Talvez fosse interessante que Passos Coelho nos pudesse explicar o que mudou, desde então:
Mudaram os pressupostos? Alterou-se a situação económico-financeira? Alterou-se o sentido de Estado do partido? Mudaram os portugueses? Ou será que apenas mudou o "timing" político do PSD?
Não é crível que Sócrates aceite o repto, mesmo que a não aprovação do OE, para 2011, possa criar uma situação muito complicada, para o País, e o PSD sabe disso.
Por isso, apesar do discurso, faz sentido que aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos, antes de tirarmos qualquer conclusão...
Já quanto à Justiça, o coelho que saiu da cartola de Passos mais parecia uma lebre, tal o modo como fugiu da apresentação de soluções alternativas.
Quando o líder do principal partido da oposição diz que a Justiça portuguesa está mal, mas não apresenta soluções, está a colocar-se ao nível de um tal senhor "de la Palice", ou da célebre "prima Georgina", imortalizada por Raul Solnado, que tinha a mania de dizer coisas...
Afirmar que o Governo tem responsabilidades no actual estado da Justiça exige que Passos Coelho diga aos portugueses o que está disposto a mudar, quando for Governo.
Nem que seja para nos dizer que apenas pretende mudar pessoas, para que tudo fique na mesma...
E, para começo de conversa, talvez pudesse dizer-nos o que pensa sobre a existência do Sindicatos dos Magistrados do Ministério Público...

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