Manecas Barbeiro tomava a sua bica e lia os jornais, quando o Edson Brasuca entrou no Café Central.
-Oi gente, boa tarde a todos.
-Boa tarde Edson, respondeu-lhe o Manecas. Tudo bem?
-Tudo sim, siô Manecas, na medida do possíveu.
-Então homem, sempre tão alegre e bem disposto e agora estás com essa cara de caso?
-Não é isso não, siô Manecas. É que ainda não consegui ter notícias de meu primo, que mora em Niterói. E nóis somos muito chegados, sabe...
-Desculpa amigo, nem me lembrava dessa tragédia. Uma coisa horrível. Mas se Deus quiser ele está bem.
-Deus o oiça siô Manecas, Deus o oiça. A natureza não está sendo generosa com a gente não. Tem sido um início de ano horríveu.
-É verdade, Edson. Tem sido sim e um pouco por todo o mundo, infelizmente...
-Pois é siô Manecas, eu sei que sim e até que eu nem sou de me preocupar antes do tempo. Mas custa ver o sofrimento de minha mãe, que tem tanta gente amiga e conhecida por lá.
-Coitada, eu imagino o que lhe vai na alma...
-Mas desculpe, siô Manecas, que eu não queria incomodar o siô com essas coisas triste não.
-Ó rapaz, não incomodas nada. Custa-me é ver-te assim e mais ainda porque não é costume, pelo contrário. Olha, vou ler-te um poema que um amigo meu escreveu, a propósito dessa tragédia, para veres que os brasileiros não estão sozinhos nesta hora:
Viver…
“Viver, e não ter vergonha de ser feliz”.
É a mensagem do poema, da canção,
Que nos chega do Brasil, país irmão,
Que ri para a vida como um qualquer petiz.
Por isso me custa ver a natureza
Ser tão injusta com aquela gente,
Tão simples, mas sempre tão contente
Mesmo quando vive em estado de pobreza.
Ver sofrer os cariocas, dói
Derrocadas, chuva, destruição,
São imagens de cortar o coração,
Da tragédia que afecta Niterói.
Por isso eu, que nem sou brasileiro
Mas adoro o país e a sua gente,
Sou incapaz de ficar indiferente
E partilho essa dor de corpo inteiro.
É a mensagem do poema, da canção,
Que nos chega do Brasil, país irmão,
Que ri para a vida como um qualquer petiz.
Por isso me custa ver a natureza
Ser tão injusta com aquela gente,
Tão simples, mas sempre tão contente
Mesmo quando vive em estado de pobreza.
Ver sofrer os cariocas, dói
Derrocadas, chuva, destruição,
São imagens de cortar o coração,
Da tragédia que afecta Niterói.
Por isso eu, que nem sou brasileiro
Mas adoro o país e a sua gente,
Sou incapaz de ficar indiferente
E partilho essa dor de corpo inteiro.
Fez-se um silêncio e o Edson afastou-se sem articular palavra.
Mas jura quem assistiu que levava uma lágrima no canto do olho...
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