Ao ouvir as notícias e diversas declarações sobre a greve dos transportes que paralisa Lisboa, não resisti à analogia com o princípio defendido por Russell.
A greve, direito inalienável dos trabalhadores, pode ser, tal como a guerra, justa ou injusta, dependendo da perspectiva em que nos colocamos e da situação económica da empresa, ou do país.
Que os trabalhadores e sindicatos, numa sociedade como a portuguesa, aproveitem os períodos de crescimento económico para conseguirem uma distribuição mais equitativa da riqueza, entre os factores de produção, parece-me inteiramente justo.
Mas que o façam num período em que a economia se encontra estagnada, sem que alguém possa dizer quando se retomará o crescimento, e com os preços da dívida do país nos mercados internacionais sujeitos a uma intensa pressão, não me parece justo.
E a injustiça é ainda maior quando se trata de greves em empresas públicas, deficitárias, cujos prejuízos são suportados pelos contribuintes.
Por isso entendo que os trabalhadores e sindicatos dos transportes colectivos escolheram um péssimo momento para provocarem enormes prejuízos à economia e aos utentes.
É de justiça reconhecermos que a distribuição da riqueza em Portugal se caracteriza pela existência de enormes desigualdades e que se torna necessário tomar medidas tendentes à sua melhoria.
Mas aproveitar um momento de crise profunda, nacional e internacional, para promover greves e debilitar, ainda mais, a nossa economia é profundamente injusto para com os portugueses.
Pena que os sindicatos e os trabalhadores envolvidos não tenham ponderado esse aspecto...
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