quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O PRAZER DA CULINÁRIA


Ainda criança, meu avô paterno e meu pai ensinaram-me a descobrir o prazer da mesa, que me empenhei, ao longo da vida, em aperfeiçoar e valorizar devidamente.
Ainda hoje, a ida ao mercado, ou ao supermercado, constitui um dos meus grandes prazeres, pela possibilidade que me dá de sentir o cheiro dos alimentos, avaliar-lhes a cor e imaginar-lhes o sabor.
Um hábito que adquiri com os meus pais, com quem comecei a ir à praça, sempre ao sábado, e que me deu a oportunidade de aprender a verificar se um peixe é fresco, se a carne é macia, se a fruta é de boa qualidade, ou se os legumes são frescos.
E esses simples, mas importantes, ensinamentos, procurei transmiti-los ao meu filho, e aos meus sobrinhos, e partilhar com os amigos, sempre que a oportunidade se proporcionou.
Mas nunca me atrevi a grandes incursões culinárias, reservando a minha intervenção, para além dos elementares ovos estrelados, à grelha, talvez porque essa fosse uma tarefa, tradicionalmente, destinada aos homens.
Chegado aos cinquenta anos, e sem saber bem explicar como, quando, e porquê, senti despertar em mim o desejo de aprender a cozinhar, de manusear os alimentos, de os combinar, de conseguir, com eles, diferentes gostos e sabores.
Hoje, é um dos prazeres de que não me dispenso, de forma regular, e que me permite o exercício de alguma criatividade, na certeza de que estou a dar continuidade ao desejo do meu avô e do meu pai, eles excelentes cozinheiros.
Já o meu filho começou bem mais cedo, sendo melhor cozinheiro do que eu, e quero acreditar que poderei ter contribuído, de algum modo, para o seu interesse pela culinária. Mas é bem provável que tenha mais a ver com a genética...
Gastronómicamente falando, sou um apreciador da boa mesa, e começo a acreditar que, ao contrário do que se costuma dizer, o facto de um prato ter sido preparado por mim, não só acentua o meu sentido crítico, relativamente à sua qualidade, como me estimula a que o aprecie na sua verdadeira dimensão.
E porque acredito que uma boa alimentação é, não só essencial à preservação da saúde, como também um excelente tónico para a manutenção da boa disposição, aqui fica o meu incentivo a um maior interesse pela culinária.
Além de que, como vim a descobrir, ainda que tardiamente, a confecção dos alimentos pode proporcionar grandes momentos de prazer.
Por tudo isto, aqui fica o meu conselho para que se divirtam, cozinhando, na certeza de que estão a contribuir para a preservação de um dos elementos essenciais da nossa cultura...

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