Infelizmente, a época desportiva, que agora finda, foi mais uma "desgraça" para os benfiquistas.
Uma sucessão de erros de "casting", por parte do actual presidente da direcção, com a "colaboração" de Rui Costa, não podiam conduzir a desfecho diferente...
De há muito que tenho para mim que, o que tornou futebol o desporto mais popular do mundo foi a sua simplicidade, e isso permitiu aos adeptos uma fácil identificação com o jogo, e as suas regras.
E é por isso que me recuso, como o actual presidente do Benfica gostaria, a ter uma atitude acrítica, face ao que se passa no futebol do Benfica.
Infelizmente, alguns dos intervenientes tentam convencer-nos que o futebol é uma "ciência complexa", como forma de justificarem a sucessão de erros que cometem, se é de erros que, na verdade, se trata...
Vem isto a propósito da péssima prestação do Benfica, ao longo desta época desportiva, sem que os responsáveis se tenham apercebido, a tempo de emendar o erro, quando o Benfica dispunha de um dos melhores lotes de jogadores que, nos últimos anos, algum treinador teve à sua disposição.
E os erros começaram bem cedo, com a dispensa de Nelson, ficando sem nenhum lateral direito de raiz, felizmente que Maxi Pereira fez bem o lugar, e a posterior dispensa de Léo, ainda que contratando Jorge Ribeiro, para acabar por "adaptar" David Luís, e até, Miguel Victor....
No meio campo, os equívocos sucederam-se, com Ruben Amorim a iniciar a época a extremo direito e os restantes médios a jogarem alternadamente, sem que se tornasse perceptível uma lógica subjacente ás escolhas efectuadas.
E todos percebemos a importância dos jogadores do meio campo, numa equipa de futebol...
Na frente, mais confusões, com Aimar a jogar fora da sua posição, dois bons extremos esquerdos e nenhum extremo direito de raiz, ou melhor, total inadaptação daquele que foi contratado para essa posição, a saber, Balboa.
Para além da utilização, sem critério perceptível, dos avançados disponíveis...
Quem olhasse para os primeiros jogos do Benfica, sem os óculos da clubite, teria verificado os desequilíbrios do plantel, ainda que as "adaptações" iniciais tenham permitido disfarçar as lacunas.
Infelizmente, o treinador, ao invés de tentar remediar a situação, acabou por complicá-la, ao mudar de equipa todas as semanas...
Quem gostar de futebol sabe, quase intuitivamente, que existem lugares onde só se mexe por obrigação, como é o caso do eixo central da defesa, e a equipa técnica do Benfica demonstrou, ao longo da época finda, o que não se deve fazer numa equipa de futebol.
Como também não é necessário ter nenhuma licenciatura para saber que, um jogador acabado de chegar, raramente deve ser colocado a jogar, de imediato, sob pena de isso poder ter reflexos muito negativos na coesão do grupo.
Isso só pode acontecer com jogadores cuja categoria, e capacidade de adaptação, esteja acima de qualquer dúvida, e não é isso que tem acontecido, infelizmente, com a maioria dos jogadores que chegam ao Benfica...
Que me perdoem se estou enganado mas, penso que Quique Flores apenas apresentou a mesma equipa em 2 dos 30 jogos do campeonato, conseguindo o "milagre" de instabilizar todos os sectores...
E, nesse contexto, torna-se compreensível a fraca prestação desportiva, e a diferença pontual para os nossos principais rivais, de nada adiantando tentarmos "tapar o sol com a peneira", evocando as arbitragens.
Agrada-me a postura, educada e cordial, do treinador do Benfica, embora com alguns "deslizes" inaceitáveis, mas isso não é suficiente para o qualificar para o lugar...
Mas não suporto ver um responsável a criticar, na comunicação social, os profissionais do Clube, embora, nesse domínio, o mau exemplo tenha precedentes, e venha de cima...
A meu ver, salvo algumas excepções, o Benfica praticou um futebol de má qualidade, lento, incaracterístico, apesar da qualidade individual dos seus jogadores, e alguém deveria ser responsabilizado por isso.
Mas a culpa terá sido só do treinador ?
Esta triste realidade, que não creio poder ser alterada com o actual presidente, merece uma reflexão, numa perspectiva construtiva, e é por isso, que entendi dever, também, apresentar alternativas, à política que tem vindo a ser seguida.
Deixo de lado, de momento, a questão do papel que o Benfica pode, e deve, desempenhar no futebol português, mas quero registar que, aparte sugestões, no âmbito do "Apito Dourado", não me recordo de uma única proposta, estruturada, do Clube, ou da SAD, para a transformação do futebol português.
Se existe, desconheço, e gostaria muito de a conhecer...
Quanto às questões internas, nunca entendi como é que um Clube, com a dimensão do Benfica, aceita que, com a chegada de um novo treinador, venha uma legião de jogadores, por si escolhidos, que acabam, uma parte deles, por, ou não jogarem, ou jogarem muito pouco.
Os jogadores de futebol são um dos principais activos da SAD e não me parece razoável que se entregue, exclusivamente, nas mãos de um treinador, a escolha dos activos a adquirir.
E é por isso que entendo que, o Benfica deveria ter, no mínimo, 55 jogadores em observação, permanente, 5 por cada posição, de modo que, qualquer que fosse o sector que um novo técnico quisesse ver reforçado, a escolha tivesse que ser feita, obrigatoriamente, de entre esse lote.
E é minha convicção que, enquanto isso não suceder, o Clube continuará a "engordar" a sua folha salarial, com atletas que acaba por não utilizar, sem que daí colha quaisquer benefícios, bem pelo contrário...
Também tem sido norma que, o treinador escolhido se faça acompanhar de um grupo de colaboradores, o que considero inadmissível.
Cada um que chega traz um adjunto, ou mais, um preparador físico, um fisioterapeuta, um treinador de guarda-redes, enfim, um séquito que o Benfica paga, em regra, principescamente, e quando o "chefe" sai, vão todos embora, e recomeça o ciclo....
Atente-se no que se passou com Diamantino Miranda e Fernado Chalana, cujo papel, na estrutura da SAD, depois da relegação de que foram alvo, ainda não consegui entender...
O que seria normal, a meu ver, era que o treinador tivesse "direito" a fazer-se acompanhar de um adjunto, no máximo, sendo que os restantes elementos da equipa técnica deveriam constituir um "quadro permanente" do Clube.
Ficava a transição assegurada, e reforçava-se a "mística", que, na verdade, só pode ser transmitida por quem a sente, ou a viveu...
Por outro lado, também penso que a política de articulação entre a equipa principal e as camadas jovens, não pode ficar ao sabor da vontade de cada treinador, antes devendo resultar de uma política definida pelo Clube, e essa, se existe, não só não é conhecida, como tem dado fracos resultados, precisando ser revista.
Aliás, sobre esta matéria, nunca entendi porque é que os juniores foram integrados na SAD, já que a formação deve ser uma função do Clube, mesmo se alguns jogadores juniores são semi-profissionais. E a manutenção dos juniores, no Clube, daria, ao Benfica, a possibilidade de beneficiar das mais-valias associadas á sua transferência para a o plantel principal, logo, para a SAD, as quais, ainda que não sendo recebidas, constituiriam suprimentos do Clube, a utilizar num futuro aumento de capital.
Mas como, com o actual presidente, o objectivo principal tem sido o de "engordar" a SAD, à custa do Clube, a actual prática não deixa de ser coerente...
Tenho para mim que, sem uma política desportiva clara, com critérios, e objectivos, bem definidos e regularmente revistos, não será possível o Benfica, reverter a política de insucesso desportivo dos últimos anos, de forma consistente. Embora reconheça que isso não impediria que continuassem a ocorrer erros nas contratações, como é normal, mas diminuiria a sua frequência e, quando ocorressem, seriam consequência de uma lógica desportiva e não fruto da influência de empresários, junto de dirigentes e treinadores...
Mas também sei que, a definição de uma política para o futebol exige, em primeiro lugar, que o presidente do Clube, e da SAD, goste, e se interesse, por futebol, o que não é, manifestamente, o caso do actual presidente do Benfica...
E a função de director desportivo, um lugar-chave na estrutura, tem de estar preenchido por alguém que tenha ideias claras, que defina um estratégia global para o futebol e, com o devido respeito, Rui Costa não tem, nem nunca teve, força suficiente para impor as suas ideias, apesar das, diversas, declarações públicas afirmando o contrário....
A terminar, embora este tema desse "pano para mangas", entendo que a política de comunicação tem de ser radicalmente diferente da adoptada pelo actual presidente do Clube, sendo que, reconheça-se, não foi este presidente quem a inaugurou...
O Clube, e a SAD, não podem ser utilizados como "armas de arremesso", ao serviço daqueles que, temporariamente, os dirigem, nem servir de seu "manto protector", e a vida interna do Clube necessita ser protegida.
Fazer o contrário fragiliza o Clube e enfraquece a autoridade de quem o dirige, aos olhos da opinião pública, dos sócios, colaboradores e atletas.
E se o que se passa, no Benfica ,só é do conhecimento de um restrito número de pessoas, até eventuais divergências internas, como é que essas "notícias" chegam ao conhecimento dos órgãos de comunicação social ?
Como souberam da, aparente, intenção de demitir o actual treinador ? E de contratar Jorge Jesus ?
E como será que tiveram conhecimento de, eventuais, divergências entre Rui Costa e o actual presidente do Clube ?
Eu julgo saber quem é o principal fornecedor de informação, mas o que importa é que essa situação tem sido recorrente, nos últimos anos, e tem que acabar...
Sem esgotar este tema, aqui ficam, por agora, alguns temas para reflexão, quando se aproxima o início do período eleitoral...
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