Nos últimos quinze dias não faltaram, infelizmente, notícias sobre o meu Benfica, mas foram tantas, algumas recorrentes, que desisti de as tratar individualmente.
Desde a novela relativa à contratação de Jesus, e a possível saída de Quique, e as suas declarações, à habitual sucessão de nomes de reforços, possíveis, para a equipa de futebol.
Pelo meio, as infelizes, ainda que recorrentes, declarações do actual presidente do Clube, relativamente aos que dele discordam, como sempre, em termos vagos, pouco elegantes, e absolutamente gratuitas. Infelizmente, nada de novo...
E mais uma nova contratação, Ramirez, um jovem de elevado potencial, com o episódio, rocambolesco, da negação, via CMVM, do que haveria de ser confirmado, 15 horas depois...
Enfim, comportamentos a que nós, benfiquistas, nos vamos, tristemente, habituando...
Mas a notícia mais importante, e que aqui quero realçar, estava reservada para o final desta semana, com o anúncio da aprovação do pedido de isenção do IMT, para a, projectada, integração da Benfica Estádio na SAD.
De há muito que o actual presidente do Benfica tem a intenção de concretizar esta fusão, e o actual administrador financeiro da SAD do Benfica veio declarar, ao Jornal de Negócios, que o Benfica, leia-se, estes dirigentes do Benfica, "tem a expectativa de ainda conseguir a fusão este ano".
O mesmo dirigente referiu ainda que, "Para a incorporação da Benfica Estádio na SAD, basta, apenas, que a operação seja aprovada em assembleia-geral de accionistas da SAD. No entanto, os sócios do Clube vão ser chamados a votar esta proposta da administração(...)", pode ler-se na edição de fim-de-semana do mesmo jornal.
Quero, aqui, manifestar, a minha perplexidade e preocupação, relativamente a este tema.
Perplexidade, pelas declarações do actual dirigente da SAD, quando afirma que a aprovação dos accionistas da SAD, em assembleia-geral, é suficiente para a concretização da operação, relegando para um lugar subalterno a Assembleia que, na verdade, é a mais importante para este processo, ou seja, a Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica, Clube a quem pertence a integralidade do capital da Benfica Estádio.
Perplexo também, ao ler, na mesma entrevista, que o "project finance" passou a integrar "(...) outro tipo de endividamento, essencialmente dívida que o Benfica SGPS não tem conseguido saldar perante a SAD. Fizemos uma cedência de créditos que a SAD tinha sobre o Benfica SGPS à Benfica Estádio. (...)".
Embora não seja uma novidade para mim, o actual presidente do Benfica, que sempre privilegiou a SAD, de que é accionista, em detrimento do Clube, prepara-se para efectuar mais uma operação ruinosa para o Clube, tal como aconteceu com a cedência da marca Benfica e com a valorização dos activos transferidos, ou cedidos, para a SAD.
Vale e Azevedo iniciou o processo, a "gestão" Vilarinho/Vieira nada fez para corrigir a situação, bem pelo contrário, e o actual presidente do Clube prepara a machadada final...
Ou melhor, Vilarinho/Vieira fizeram uma "revisão", para tornar menos ridículos os valores de partida, para que tudo pudesse ficar na mesma...
Argumentar com o cumprimento do artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, para justificar esta operação, é mais uma descarada mentira, para esconder os seus verdadeiros propósitos. A exigência do cumprimento deste artigo, uma bandeira do Sr Dr Bagão Félix, enquanto ministro das finanças, acabou por ser deixada cair, sob pena de levar ao desaparecimento de um elevadíssimo número de empresas portuguesas.
O objectivo é, portanto, outro, e é bem claro, privilegiar a SAD, e os seus accionistas, sem cuidar do Clube e do seu futuro.
E não posso deixar de perguntar :
Para que precisa a SAD deste aumento de capital, se ele não se traduz em entrada de dinheiro ?
Quem ganha com esta operação, e o quê ?
Em que condições fica o Benfica, caso a operação se concretize, para poder acompanhar um futuro aumento de capital ?
Estas, e outras perguntas, terão de ser respondidas em Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica e não quero acreditar que sócios do Clube autorizem esta operação. Já basta o que basta..
Por tudo isto, estou, como disse, perplexo, mas também preocupado, tanto mais que, os actuais dirigentes do Clube, e em particular os membros do Conselho Fiscal, nada disseram, ou dizem, sobre o tema...
Mas quero deixar claro que, a meu ver, o processo tendente à aprovação desta operação nunca poderá ter lugar antes das eleições para os Órgãos Sociais, previstas para Outubro deste ano, porque estaria ferido na sua legitimidade. E espero bem que assim não aconteça...
Este tema deve, pela sua importância, ser, amplamente, debatido, durante a campanha eleitoral, para que os sócios do Clube possam ser esclarecidos, de forma inequívoca, antes de serem chamados a votar, em Assembleia Geral, a convocar para este efeito.
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