Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
sábado, 7 de maio de 2011
O BENFICA DO MEU DESCONTENTAMENTO
A eliminação do Benfica, no espaço de 15 dias, das finais da Taça de Portugal e da Liga Europa, deixou a nação benfiquista à beira de um ataque de nervos.
No Benfica, mais do que em qualquer outro clube português, a passagem do estado de euforia ao de depressão dá-se muito rapidamente, em função dos resultados, evidenciado uma das principais características do povo de que emana.
Ciente desse paradigma, esforço-me por resistir à tentação de analisar o que se passa no meu Clube em função do meu estado de alma, e é com essa preocupação que escrevo estas linhas.
As condições em que o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal e da Liga Europa não podem deixar nenhum benfiquista satisfeito, mas também não me parece razoável que o descontentamento possa ser amplificado pelo facto de uma das derrotas nos ter sido infligida pelo Sporting de Braga.
Independentemente de tudo o resto, a equipa bracarense realizou uma campanha notável, sendo de justiça reconhecer que Domingos Paciência é o grande responsável pelo êxito da equipa minhota.
Já perder com o FCPorto parece ter-se tornado um hábito, que se acentuou desde que, no final da época passada, o treinador do Benfica reclamou um aumento de ordenado, sob pena de ir treinar a equpa do seu amigo Pinto da Costa.
Dizer que as duas eliminações não me causaram uma enorme azia, e um profundo sentimento de frustração, seria fugir à verdade, coisa que me recuso a fazer.
Mas é esse mesmo respeito pela verdade que me obriga a dizer que sou favorável à rescisão do contrato com Jorge Jesus, para que o Benfica possa iniciar um novo ciclo.
E devo reconhecer que, após um período de cepticismo, também eu me converti à ideia de que seria Jorge Jesus o responsável pelo futebol de excelente qualidade que o Benfica praticava na época passada. Apesar de resistindo alguns amigos benfiquistas me fazerem notar que o homem não tinha as qualidades que se apregoava e que o Benfica ganhava porque tinha um lote de jogadores muito superior ao das restantes equipas.
Em defesa dessa sua tese, esses meus amigos realçavam também a renhida disputa do campeonato com o SCBraga, nosso principal adversário, num ano em que o FCPorto demonstrava uma fragilidade pouco habitual.
As saídas de Ramires, Di Maria, e David Luís vieram evidenciar as debilidades do treinador, para não falar do desastrado despedimento de Quim, substituído por um jovem calmeirão que, desde o início, demonstrou não ter qualidade para justificar a sua contratação, e menos ainda o preço da sua transferência.
E com o enfraquecimento do plantel ficaram a nu as insuficiências do treinador: teimosia, falta de humildade, dificuldade em fazer uma adequada leitura do jogo, incapacidade para reagir perante a adversidade, total inabilidade para dosear o esforço dos jogadores mais influentes...
Acresce a tudo isto uma notória alteração no seu comportamento, e no discurso, particularmente evidentes na reverência perante o nosso principal adversário.
Por motivos que desconheço, a verdade é que Jorge Jesus se transfigurou, desde que esteve na iminência de ir treinar o FCPorto.
Visivelmente abatido pela eliminação da Liga Europa, Luís Filipe Vieira acabaria por vir pedir desculpas aos adeptos, e tempo para reflectir, quando havia afirmado, após a eliminação da Taça de Portugal, que os benfiquistas sabem ser reconhecidos, pelo que não estava em causa a continuidade do treinador.
No momento em que a nação benfiquista aguarda, com natural expectativa, que o presidente do Clube lhe dê a conhecer o resultado da sua reflexão, entendi dever suscitar algumas perguntas, cujas respostas deveriam ser relevantes para a decisão:
- Apesar da enorme qualidade do plantel, na época passada, porque não conseguiu o Benfica uma melhor prestação na Taça de Portugal, e na Liga Europa?
- Qual foi o comportamento do treinador nos jogos decisivos, e qual a justificação para que o título de campeão nacional só tivesse sido conseguido na última jornada?
- Que transformações operou o treinador na equipa, em jogos decisivos, e quais as suas consequências?
- Qual o tempo necessário para que Jorge Jesus efectuasse ajustamentos na equipa, sempre que se revelaram erradas as suas opções iniciais?
- A planificação da presente época e a gestão do plantel do Benfica foram as mais adequadas?
- O investimento efectuado no futebol profissional encontrou reflexo na prestação desportiva?
- Por que motivo veio o treinador reclamar de um penalti, não assinalado, no jogo contra o Olhanense, cujo resultado não contava para nada, quando não se insurgiu contra o facto de o segundo golo do FCPorto, no jogo que eliminou o Benfica da Taça de Portugal, ter sido conseguido em clara posição de fora de jogo?
- Que acontecimentos terão estado na origem das alterações no comportamento do actual treinador do Benfica, a ponto de demonstrar resignação ante a derrota, e ser reverente para com o nosso principal adversário?
- Existe alguma semelhança entre o treinador que conhecemos na época passada, e o homem que vimos com as mãos na cabeça, quando ainda faltava meia hora para terminar o jogo que afastou o Benfica da final da Liga Europa?
As respostas a estas perguntas, e outras que ficam por fazer, só podem levar à conclusão de que Jorge Jesus, por acção e omissão, não reúne os requisitos necessários para continuar a ser treinador do Benfica.
A conquista de um campeonato nacional e de duas taças da Liga são parco retorno para o investimento realizado.
E que me perdoe o presidente do meu Clube mas o Benfica deve gratidão, em primeiro lugar, aos seus associados e adeptos, que constituem a sua principal força e a única razão da sua existência.
Os treinadores, como quaisquer outros profissionais, devem ser remunerados, a tempo e horas, para cumprirem os objectivos que lhes são fixados.
E quando se fala de profissionais, gratidão e reconhecimento só fazem sentido na medida em que prestem serviços relevantes, o que está muito longe de ter acontecido com Jorge Jesus, que nem sequer hesitou em utilizar uma oferta de emprego do nosso principal rival para reivindicar um aumento do ordenado.
Quando aos profissionais do Benfica falta a alma e a mística dos benfiquistas, resta-lhes poder aspirar a ver o seu nome citado, sempre que se faz a história do Clube, coisa que nunca acontecerá com muitos associados, a quem o Benfica muito deve, que nada mais reclamam do que o orgulho de poderem dizer que são do Benfica.
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