Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
segunda-feira, 28 de março de 2011
DO MAL, O MENOS!
Ser alvo de uma tentativa de assalto é uma situação estranha, e difícil de explicar.
Lembro-me de ter lido, em tempos, a notícia de que um rapaz morreu, esfaqueado, por ter resistido a quem lhe tentou roubar a mochila, e de ter considerado incompreensível a reacção do moço.
Na altura, prometi, a mim mesmo, que nunca reagiria perante situação semelhante, e estava firmemente convencido de que assim seria.
Tanto mais que, valha a verdade, coragem e valentia nunca constaram dos meus principais atributos, tendo sido, sempre, mais dado a ser o primeiro a fugir, quando me cheirava a violência.
Sucede que, ontem, domingo, dia 27 de Março, fui alvo de uma tentativa de assalto, com o objectivo de me roubarem um fio, em ouro, que pertenceu à minha falecida mãe, Maria do Carmo.
E se a sensação de ter um rapazola a agarrar-me o pescoço já é difícil de descrever, imaginem o que é ser confrontado com um outro meliante, cúmplice do primeiro, a fazer nova tentativa, igualmente frustrada, num espaço de segundos, com igual intenção.
Confesso que ainda estou para perceber como passei, tão rapidamente, do estado de surpresa à reacção, sem medir o que estava a fazer, ou as possíveis consequências.
Tendo conseguido agarrar o fio, alvo do roubo, num gesto de puro reflexo, quando da primeira investida, acabei por reagir ao segundo ataque, prendendo os braços do assaltante, enquanto gritava por ajuda, e o forçava a soltar os objectos, que ele tentava arrancar do bolso da minha camisa, antes de se pôr em fuga.
Tudo se passou em segundos, que me pareceram horas, e só uns bons minutos depois do sucedido, com o pequeno fio na mão, pensei na insensatez da minha reação.
Felizmente que os assaltantes não tinham armas, ou, se as tinham, não fizeram menção de as utilizar...
Faço notar, com tristeza, que apesar de existirem várias pessoas por perto, ninguém fez, sequer, menção de me ajudar, o que não deixa de ser sintomático do estado de indiferença a que chegou a nossa sociedade. Mas isso é um outro tema...
O que importa é que tive a sorte de tudo ter terminado com um estrago que pode ser considerado mínimo:
Dois pares de óculos bastante mais tortos do que já estavam, o fio sem o fecho, e uma camisa a necessitar de uma passagem pela lavandaria.
Aliviado, por um lado, nervoso, por outro, mas satisfeito por ter reagido, e sido, relativamente, bem sucedido, ainda sinto dificuldade em descrever tudo o que me passou pela cabeça, naqueles breves momentos.
Certo é que não ganhei para o susto, e passadas mais de 24 horas sobre o incidente, ainda me interrogo onde fui buscar a força e a coragem, que nunca imaginara ter, para lutar com um assaltante.
De uma perspectiva sobrenatural, reconheço que me inclino a atribuir esse verdadeiro “milagre” a Nossa Senhora do Carmo, a santa padroeira da minha querida, e saudosa, mãe, que, decerto, intercedeu por mim, naquela hora. Pode não ser verdade, mas é muito reconfortante pensar que sim.
Já numa óptica mais pragmática, vejo-me forçado admitir que só conhecemos, verdadeiramente, as nossas reacções, os nossos limites, e capacidades, quando confrontados com situações extremas.
Seja como for, a verdade é que, no final, depois de tudo revisto, e ponderado, é caso para dizer:
Do mal, o menos!
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