sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VAI DAR CAVACO...


Chegados ao final da campanha eleitoral, para a primeira volta, que levará à escolha do novo presidente da república portuguesa, parece-me legítimo que se questione o resultado dos debates entre os candidatos, bem como as respectivas campanhas.
Do meu ponto de vista, nada de significativo, ou seja, mais do mesmo.
Para os que apreciam a chicana política, e admito que sejam bastantes, a polémica em torno do envolvimento do candidato Cavaco Silva com algumas figuras do chamado "caso BPN" deve ter-lhes proporcionado alguns momentos de diversão, mas não terá, a meu ver, consequências eleitorais significativas.
Além de que não se trata de algo verdadeiramente novo, porquanto o tema da compra e venda de acções da SLN já tinha sido comentado, ainda que com um tratamento mediático bem diferente daquele que foi concedido aos casos que, pretensamente, envolviam José Sócrates.
Como diz o povo, "mais vale cair em graça do que ser engraçado", e as coisas são como são...
Até a compra da nova casa de férias de Cavaco Silva, e algumas irregularidades no seu licenciamento, não mereceriam qualquer destaque especial, não fora o facto de ter sido adquirida ao senhor Fantasias, colaborador próximo do ex-presidente do BPN.
Mas os portugueses também conheciam o caso da marquise e o resultado foi o que conhecemos...
Enfim, muita fantasia e especulação em torno das ligações do actual presidente ao "caso BPN", mas nenhuma evidência da existência de factos que o desqualifiquem para o exercício do cargo.
Mais interessante, e a carecer de melhor explicação, terá sido o aviso para o perigo de uma subida das taxas de juro, em caso de necessidade de uma segunda volta, e para os custos adicionais que a mesma acarretaria.
Teria sido bom que o candidato tivesse explicado melhor o que queria dizer, mas não acredito que Cavaco Silva tivesse intenção de advogar quaisquer limitações à democracia.
Apenas lhe dava jeito que o assunto ficasse resolvido desde já, e tratou de arranjar umas justificações de última hora. Não foi feliz.
Já Manuel Alegre, que também não nos brindou com nenhuma ideia nova, acabará por pagar a factura da sua primeira candidatura, contra o seu ex-amigo Mário Soares, e do constante ziguezaguear entre o PS e o Bloco de Esquerda, facto que muitos militantes do PS não esquecem.
Cá se fazem, cá se pagam...
Fernando Nobre, que passou boa parte da campanha a justificar porque se candidatou, esteve aquém das expectativas, não trazendo nada de novo ao debate, e deveria te-lo feito.
Fica a "originalidade" de ter sido uma candidatura sem suporte partidário, apesar de apoiada, para não dizer incentivada, por Mário Soares, e pelos soaristas.
Soares que, a meu ver, também será um perdedor nestas eleições, ainda que indirectamente...
Enfim, tudo junto e ponderado, é razoável admitir a reeleição de Cavaco Silva, logo na primeira volta, como indicam as sondagens, o que me parece ser a melhor escolha, de entre as alternativas existentes, para o país.
É que, além de acreditar que Cavaco fará tudo o que estiver ao seu alcance para preservar a estabilidade política, estou, também, convicto de que, após provar o travo amargo da suspeita, relativamente ao seu envolvimento no "caso BPN", não lhe será tão fácil assobiar para o lado, quando o alvo voltar a ser José Sócrates.
Aguardemos, pois, as cenas dos próximos capítulos...

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