Cetra era o escudo usado pelos Lusitanos. Este é o meu cetra, para defesa das minhas opiniões e evitar que a memória se perca...
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
UMA "AVÓ" MARAVILHOSA...
O meu pai costumava referir-se a alguns episódios ocorridos durante a sua vida como "flagrantes da vida real", presumo que influenciado por uma rubrica da velha revista da Reader's Digest, com o mesmo nome.
Ontem, a propósito de algo que me aconteceu no supermercado, voltei a lembrar o meu querido pai e as suas evocações...
Enquanto pagava os produtos adquiridos, abeirou-se da zona dos caixas uma senhora que cumprimentou, de forma efusiva, todas as empregadas, revelando a existência de alguma intimidade.
Ante a pergunta, tão portuguesa, "está boa?", que lhe foi dirigida, respondeu, sem hesitação:
- Eu estou bem, sim, felizmente. Não me queixo de nada.
Mais habituado a ouvir um "mais ou menos" ou "vai-se andando", não consegui deixar de prestar atenção à conversa com referida senhora, cuja jovialidade contrastava com a idade que aparentava, enquanto ela acrescentava que não tinha paciência para queixas e lamurias e lamentava o facto de nós, portugueses, que temos a felicidade de viver num país extraordinário, nos queixarmos, permanentemente, de tudo.
Não resisti e meti conversa, dando-lhe os parabéns pela sua atitude, tão pouco comum entre nós.
Depois de me dizer o seu nome e acrescentar que tinha um filho da minha idade, e um neto, que adora, referiu os seus 82 anos, que a sua aparência física, destreza e jovialidade, estavam muito longe de evidenciar.
Surpreendentemente, e quando me despedia, com dois beijinhos, a Senhora Mariana José de Matos virou-se para mim e disse:
- Sabe, já fiz tudo o que era minha obrigação fazer. Tive um filho, plantei uma árvore e escrevi um livro. E tenho aqui uma cópia, que era para oferecer a uma amiga, mas é com o maior gosto que a ofereço a si.
Primeiro, estupefacto, depois, comovido, aceitei e agradeci a gentileza e generosidade, lamentando não ter ali nada de meu para lhe oferecer em troca, a não ser o meu respeito, consideração e enorme gratidão.
Anotei os seus telefones e disse-lhe que não deixaria de publicitar o que aconteceu.
Despedi-me, desejando-lhe as maiores felicidades, muita saúde e longa vida, e aqui estou, como prometido, a publicitar o seu livro de poesias, "De Sol a Sol", editado em 2001 pela Junta de Freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, e a prestar-lhe esta singela homenagem.
Obrigado, Senhora Dona Mariana Matos!
E talvez porque me fez recordar a minha avó Rogélia, que teria comemorado mais um aniversário no passado dia 7 de Novembro, senti-me invadido por uma complexa mistura de sentimentos...
PS: Infelizmente, não me é possível colocar aqui, como gostaria, uma fotografia do livro da Senhora Dona Mariana Matos, o que prometo fazer, logo que possa.
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