segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A FAMÍLIA E A ÉTICA...


Já se percebeu que, uma parte do debate político, nesta campanha eleitoral, se fará em torno das questões da família.
Segundo a Drª Ferreira Leite, "diluíram-se pilares da sociedade como a família e o casamento, para impor a vontade da lei, onde deveria prevalecer a liberdade individual".
O chumbo presidencial da lei das uniões de facto, bem como a argumentação que lhe esteve subjacente, terá constituído, seguramente, um incentivo para fazer do tema uma boa arma eleitoral, mas não me parece avisado tratar este assunto pela via do "slogan".
A questão é séria demais para ser tratada como um mero instrumento do jogo político.
Que, "a família é a célula básica da nossa estrutura social", como refere a Drª Ferreira Leite, não me parece que mereça contestação, mas é fundamental que se precise bem de que conceito de família estamos a falar...
Tradicionalmente, foi em nome do conceito de família, que maridos agrediram as mulheres, sem que estas pudessem defender-se, que pais maltrataram filhos, sem qualquer protecção destes, que se mantiveram casamentos "estáveis", porque as mulheres não tinham assegurada a sua independência económica, em caso de divórcio, que filhos tiveram de conviver com um péssimo ambiente familiar, porque o divórcio penalizava, socialmente, a mulher...
Se, por um lado, é pena que os casamentos não possam durar a vida toda, como sucedeu com o meu, não é menos verdade que é preferível uma separação, civilizada, o que nem sempre acontece, infelizmente, á manutenção de um casamento que se extinguiu, porque desapareceu o amor que lhe esteve subjacente, e muitas vezes, porque não dizê-lo, o respeito que sempre é devido entre duas pessoas.
Os filhos, normalmente utilizados como instrumento de argumentação, em debates deste tipo, e pouco mais do que joguetes, na guerra entre os "paizinhos", merecem maior respeito.
Ninguém contesta que, o ideal seria que todos os casamentos correspondessem a uma vida plena de harmonia, com respeito, mútuo, de todos os membros do agegado familiar, só que, infelizmente, todos sabemos que isso não acontece.
De nada serve ignorarmos a realidade, antes é nossa obrigação tratarmos este tema com o respeito que a sua importância, e complexidade, merecem.
Quando as relações se quebram, não há santos, nem inocentes, a não ser as crianças, essas sim, merecedoras de todos os cuidados, para que o seu sofrimento seja o menor possível.
Mas a questão da família vai, quer queiramos quer não, muito para além da família tradicional.
A união de facto, seja entre pessoas de sexos diferentes, seja entre pessoas do mesmo sexo, existe, e como tal precisa de ser regulada, assegurando direitos, e deveres, ás partes.
As uniões de facto precisam de um quadro legal adequado, que proteja os interesses das partes, quer se tratem de uniões entre pessoas de sexo diferente, de mais fácil reconhecimento, por parte dos mais conservadores, ou de pessoas do mesmo sexo.
Quero deixar claro que sou contra a adopção, por parte de casais homosexuais, porque entendo que, para o bom equilíbrio da criança, ela necessita de um pai e de uma mãe.
Assim como entendo mal esta insistência dos homossexuais em ver reconhecido o casamento entre eles, que me parece ser uma forma de contestação social, mais do que uma aspiração legítima, desde que a lei regule, adequadamente, os seus direitos e deveres.
Tratar um assunto tão sério, e tão delicado, na base do "slogan", pode dar votos, mas não é sério.
E é por isso que entendo que, em nome do respeito que todos os cidadãos devem merecer aos políticos, se não quiserem tratar este tema com a profundidade, e seriedade, exigíveis, se abstenham de o transformar em arma de arremesso eleitoral. 
Se o não fizerem, podem ser eleitoralmente compensados, mas não terão autoridade moral para falarem de Ética... 

DIFERENTE...

O jornal i publica, hoje, a sua edição número 100.
É um marco simbólico, para um jornal que, apesar de recente, parece estar a fazer um percurso que lhe permitirá afirmar-se como publicação de referência.
A entrevista que Martim Avillez Figueiredo, director do jornal, concede a Mário Crespo merece ser lida com atenção, sendo de destacar, por me parecer verdadeira, a sua afirmação de que "Fazemos um jornal para quem se cansou de ler os outros".
Eu, que já não dispenso a sua leitura, não posso senão desejar a toda a equipa as maiores felicidades para o futuro, esperando que possam continuar a proporcionar-nos excelentes momentos de leitura, como sucedeu ao longo destas 100 edições.
Faço votos para que atinjam, rápidamente, a venda, em banca, dos 12000 exemplares necessários ao equilíbrio financeiro do jornal, e que mantenham viva essa ideia tão simples, e tão verdadeira, de que "ninguém paga para ler o que já sabe".
Os leitores agradecem !

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

EU, PECADOR, ME CONFESSO




Eminência

Eu, humilde português, saloio de Sintra, benfiquista e divorciado, venho perante Vossa Eminência, na qualidade de cardeal desta arquidiocese, que é Portugal, pedir a sua bênção e confessar os seguintes pecados:
- Não contribuí com o meu voto para a eleição de Vossa Eminência, pecado que, sendo gravíssimo, espero que possa, um dia, vir a ser-me relevado;
- Sempre entendi as funções de Vossa Eminência como as de um árbitro, pelo que não aceito que Vossa Eminência cubra, com o seu manto protector, nenhum dos candidatos á substituição do actual patriarca ;
-Tenho convicções religiosas, ainda que não seja praticante, mas preservo a religiosa liberdade de apoiar todos os princípios, e clérigos, com que me identifique, mesmo quando oriundos de outras doutrinas;
- Apesar da maldade, desnecessária, que lhe fez o nosso patriarca, a propósito do Estatuto dos Açores, e de tudo o que se tem dito, e escrito, acerca do homem, louvo-lhe o seu desejo reformista e a sua tenacidade;
- Não sei se o nosso patriarca completou os estudos, no seminário, com a ajuda de algum professor, nem isso me interessa, e considero inconcebível que a comunicação social desta arquidiocese insista em tentar envolver o cardeal num caso ilícito, sem que existam indícios, ou provas, enquanto é tão pouco assertiva relativamente a outros casos, já dados como provados, envolvendo outros clérigos...;
- Não me pareceu muito católica a posição de Vossa Eminência, com aquela coisa da falta de espaço no jipe, tanto mais que, no passado, o cardeal Soares precisou de um muito maior, e considero excessiva a posição de Vossa Eminência em matéria de vetos, apesar de o nosso patriarca, e a conferência episcopal, se terem colocado, muitas vezes, a jeito...;
- Vivo no permanente pecado de acreditar que o Estado deve ter intervenção reguladora na economia, e assumir a sua função social, sendo insensível ás "virtudes" do liberalismo económico, professado por outras igrejas...;
Para além de todos estes pecados, e afins, que não adianta enumerar, até porque a confissão já vai longa, e Vossa Eminência tem muitos fiéis para atender, preciso acrescentar que, tal como o pároco Moita Flores, não apoiarei a candidatura, a patriarca, da presbítera Manuela, o que me colocará, acredito, em pecado mortal, perante Vossa Eminência, e a sua igreja.
Venho, pois, rogar a indulgência de Vossa Eminência e solicitar que me indique, na volta do correio, quantas Ave-marias e Pai-nossos deverei rezar, para poder aspirar a que não me fique interdito, eternamente, o Reino dos Céus.
Peço-lhe que aceite, Eminência, os respeitos deste pecador incorrigível.



THE BEATLES




Está a decorrer, em Liverpool, o "International Beatles Week Festival".
Lembrar os Beatles, cujas músicas marcaram a minha juventude, é sempre um prazer, e as suas canções continuam no "top" das mais ouvidas em minha casa.
Mas, sobre o fenómeno que foram os Beatles, não sou eu, certamente, a pessoa indicada para vos falar, pelo que me limito a contar-vos dois episódios, da minha juventude, com eles relacionados.
Desde pequeno que, em matéria de corte de cabelo, as instrucções da minha mãe eram claras:
- O corte é á inglesa, curta !
Essas instrucções eram conhecidas de todos, o meu pai, eu, o meu irmão, e até o Sr Cécio, o barbeiro a quem esteve atribuída a tarefa, durante toda a minha juventude.
Era um sábado, dia de visita ao barbeiro, e eu teria os meus 11 anos.
De pé, em cima da cama dos meus pais, como era de costume, sempre que a minha mãe me arranjava para sair, eu estava orgulhoso por estrear uma camisola azul, de malha, que a minha mãe acabara de fazer para mim.
Enquanto me ajeitava a roupa e me olhava, minha mãe atirou:
- Não te esqueças de te portar bem no barbeiro.
Ao que eu respondi:
-Sim mãezinha, eu porto sim.
Mas ousei acrescentar:
-Mãezinha, eu gostava mesmo era de usar o cabelo á Beatle.
Foi uma fracção de segundo, até chegar um tabefe que me fez sentar na cama e acabar, por muito tempo, com essa veleidade...

Corria o ano de 1969 e eu celebrava os meus 15 anos.
A minha mãe tinha falecido, há cerca de dois anos e meio, e o meu pai, contra o que era costume, não me fazia qualquer pergunta relacionada com o que eu gostaria de receber, como presente de aniversário.
Mandara-me passar no BPA, onde trabalhava, a pretexto de algo que já não recordo.
Ao chegar, e depois dos dois beijos com que, sempre, nos cumprimentámos, a cada chegada e despedida, colocou-me a mão sobre o ombro e entregou-me um presente.
O embrulho era largo, e fino, e eu percebi que era um disco. O meu pai sabia que a música era, por esse tempo, um dos meus "hobbies".
Ao abrir o presente, o meu estado de emoção foi tal, que fiquei quase sem saber o que dizer, em agradecimento.
Era o álbum branco, "The White Album", um duplo LP que os Beatles tinham acabado de lançar, a 22 de Novembro de 1968, que incluía a fotografia de cada um dos "Fab Four", e que o meu pai pedira ao José Francisco, um colega do BPA, para mandar vir de Londres.
Infelizmente, com os empréstimos do disco, acabaram por desaparecer as fotografias, mas o disco, esse, permanece guardado, religiosamente.
Quem sabe á espera que eu decida, um dia, oferecer-me um gira-discos, de presente de aniversário...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

JÁ CÁ FALTAVA...

Com direito a chamada de atenção na primeira página, um artigo de Alexandre Soares, na edição de hoje do jornal i, destaca que "Fumadores têm mais gripe A (e morrem mais)".
Começando de forma reveladora do seu objectivo, "um a zero para a gripe", o articulista prefere enfatizar as conclusões de um estudo do Centro para a Protecção da Saúde de Hong Kong, segundo o qual, "em 27 chineses que desenvolveram complicações (como pneumonia), 12 eram fumadores ou já tinham sido". Isto apesar de o director do Centro, Thomas Tsang, referir que se trata "apenas de uma observação que agora temos de investigar a sério".
Acrescenta o articulista que, "apesar de manter níveis de letalidade muito semelhantes ao da gripe normal, desde que foi descoberto, em Abril, o vírus já matou quase 2600 pessoas."...
Sou fumador, e não ousaria dizer que o hábito de fumar é saudável, mas incomoda-me, profundamente, esta moda de se pretender tornar o tabaco no principal causador dos males do Mundo.
Agradeço a gentileza da sociedade, ao preocupar-se com os malefícios do tabaco para a minha saúde, mas quero aqui declarar, solenemente, que autorizo que o dinheiro dos meus impostos, directos e indirectos, utilizado em campanhas anti-tabaco, seja gasto em mosquiteiros para prevenir a malária, que é a doença que mais mata no mundo. Tenho a certeza que será bem mais eficaz, em matéria de redução de mortes, evitáveis...
Mas, com jeitinho, ainda vão descobrir que é o tabaco que causa as pandemias de gripe, sejam elas das aves, ou suína, ainda que, como foi o caso da primeira, não tenha chegado a haver pandemia nenhuma...
Quanto á gripe A, limito-me a sugerir que vejam o vídeo colocado no "youtube", cujo "link" está na minha página do "Twitter"...
Voltando ao artigo, não deixa de ser interessante que, passo a citar, "pesquisa publicada no site Healthcare Republic diz que 60% dos médicos britânicos podem recusar a vacinação(...)", para acrescentar que, "um estudo semelhante, mas sobre os enfermeiros, garantia que um terço dos 1500 entrevistados se recusaria."
Porque será ?
Se, num dos países mais desenvolvidos do mundo, em matéria de saúde, a maioria dos médicos admite recusar a vacina, não seria interessante, para a opinião pública, conhecermos os motivos dessa recusa ?
Assim sendo, não será de estranhar que, como refere o articulista, "outro estudo, publicado no início desta semana na revista canadiana "Emerging", indica que a população também tem reservas que terão de ser superadas para uma campanha de vacinação ser bem-sucedida".
Talvez que o melhor seja começarem por convencer os médicos, e deixarem os fumadores em paz...

É TÃO GIRO...


Quando passam 50 anos sobre o aparecimento do primeiro Mini, carro que fez um enorme sucesso na minha geração, não poderia deixar de fazer, aqui, uma referência.
Até porque foi num Mini, propriedade do tio de um amigo meu, o Jorge, que tive um desastre de automóvel, que deixou marca.
Era a noite de 11 de Dezembro de 1973 e comemorávamos mais um aniversário do Jorge. Passada a meia noite, cantaram-se os parabéns ao Ernesto, aniversariante nesse dia e decidimos ir até ao restaurante Titas, no Mucifal, local que frequentávamos com regularidade, para darmos início a uma nova comemoração.
Pelas cinco da manhã do dia 12, depois de muito divertimento e cerveja, deu-se o regresso a casa, pela estrada que liga Sintra á Praia das Maçãs.
Na única recta existente nessa estrada, bem pequena, por sinal, o tio do Jorge, o condutor, adormeceu, e o carro foi embater contra uma das árvores que ladeiam a estrada, pelo lado direito.
Eu, que viajava no banco traseiro, dei uma enorme cabeçada no "chassi", que me valeu a abertura do sobrolho direito, e uma deslocação ao hospital de Sintra, para uns quantos "pontos". A cicatriz, essa, nunca desapareceu, contituindo desagradável lembrança do acidente, mas, na minha memória está uma noite de extraordinário convívio entre amigos.
O Jorge vive, actualmente, em Luanda, e o seu tio, infelizmente, já faleceu.
As voltas da vida, fizeram-me perder o rasto a alguns desses amigos, mas ainda encontro, de tempos a tempos, o Pintassilgo e o Tó Feijão, dois daqueles com quem vivi grandes momentos da minha juventude, que estavam presentes naquela noite.
Mas apesar do acidente, e de o carro ter ficado sem concerto, nenhum de nós deixou de continuar a utilizar a expressão, popularizada pela minha geração:
É tão giro ter um Mini !

terça-feira, 25 de agosto de 2009

EDUCAR...



Segundo os resultados anunciados pela Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no ano lectivo 2008/9, as taxas de insucesso e de abandono escolar foram reduzidas para cerca de metade.
Por outro lado, ficámos a saber que as notas negativas, a Matemática, nos exames do 12º ano, duplicaram, enquanto no 9º ano se registaram melhorias no Português e descidas na Matemática.
Nem mesmo os mais críticos poderão deixar de reconhecer que, as notícias relativas ao insucesso e abandono escolar são muito positivas.
Já em matéria de resultados, como se verifica, as opiniões dividem-se, sendo certo que, o aumento dos "chumbos" a matemática pode ter sido consequência do aumento do grau de exigência, o que nem seria mau...
Já quanto á melhoria das notas a Português, o que desejo é que sejam o reflexo de uma melhor qualidade do ensino, e da aprendizagem...
Em Portugal, infelizmente, a Educação é, como em outras áreas, um enorme campo de batalha político, quando deveria ser uma área "neutral", com a procura dos melhores métodos, e práticas, a sobrepor-se ás politiquices, e á partidarite.
Infelizmente, estamos em presença de um sector onde a política, no pior sentido do termo, tem influência excessiva, tal como acontece na Saúde...
Trata-se de uma área delicada, na qual se confrontam vários interesses, alguns de ligitimidade duvidosa, supostamente com um objectivo comum, sendo de lamentar que os portugueses não tenham podido, ao mesmo tempo, conhecer o resultado da avaliação dos professores, que muito ajudaria, por certo, para a compreensão dos resultados divulgados...
É, no mínimo, bizarro, que os avaliadores dos alunos não queiram ver o seu trabalho avaliado, e já se percebeu que não querem, tanto mais que, muito do sucesso do ensino depende da qualidade dos professores.
Tenho bem presente que, enquanto aluno, tanto no liceu, como na universidade, a má qualidade de alguns professores foi directamente proporcional ás notas obtidas na disciplina e á qualidade da aprendizagem. E, "se bem me lembro", como diria o professor Vitorino Nemésio, essa era a opinião, generalizada, dos alunos do meu tempo...
Não me pronuncio sobre a qualidade dos programas, que mal conheço, acreditando que não será por aí que "o gato vai ás filhoses", mas sei, por exemplo, que o português que por aí se escreve,  e fala, é de péssima qualidade...
Mas mais do que falar de programas de ensino, de politiquices, da qualidade dos professores, da Ministra, ou do Governo, a opinião que, aqui, quero partilhar, prende-se com o papel da Escola na Educação.
Educar é muito mais do que transmitir conhecimento, por mais vasto, ou restrito, que ele seja. Educar é, atrevo-me a dizer, sobretudo, ensinar a pensar e a raciocinar, e talvez seja por isso que, globalmente, os resultados deixam a desejar, em disciplinas como a Matemática, a Física ou a Biologia.
A Escola do meu tempo transmitia muito conhecimento, mas não nos estimulava a pensar, a questionar, a aprender, no melhor sentido do termo.
Decorar as matérias para obter um resultado positivo num exame pode ser bom para as estatísticas, e, consequentemente, para os políticos, para os professores, para os pais e encarregados de educação, mas não é, seguramente, bom para os alunos.
Os meios tecnológicos colocados á nossa disposição permitirão, sempre, a um mau aluno, de qualquer disciplina, de um qualquer liceu, ou faculdade, obter o conhecimento que não adquiriu nos bancos da Escola, ou da Universidade, mas nunca o ensinarão a pensar.
Em época de eleições, seria bom que os nossos responsáveis, e os que se propôem ser, pelo sistema educativo pensassem nisso...

BORDA D'ÁGUA



Não são muitos os restaurantes onde se pode comer bem, perto do mar, num ambiente agradável, e bem decorado, com um serviço de qualidade.
Foi tudo isto que encontrei no Borda D'Água, na Praia Morena, Costa da Caparica, onde fui ontem, pela primeira vez, para celebrar o aniversário do meu filho.
Acresce que, a relação qualidade/preço é, amplamente, satisfatória.
Para mim, uma experiência a repetir. Para os amigos, aqui fica a sugestão.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

VERSOS...



Meu Querido Filho

É em dias como este, quando comemoras mais um aniversário, em que eu gostava de te poder dar tudo o que de melhor existe, que sinto pena de não ser um poeta, para poder expressar, adequadamente, esta torrente de sentimentos que me invade a alma...
Relembro a tua vida como se de um filme se tratasse, contigo como principal protagonista, sem me esquecer de fazer uma apreciação, crítica, do meu papel como actor secundário...
Relembro cada momento, uns bons, outros nem tanto, e recordo, em especial, todos os que nos deixaram, desde os que não te chegaram a conhecer, como a tua avó Micá, até aos que partiram recentemente, como o teu avô Raul.
Pelo caminho, ficaram, o teu avô Sousa, a avó Rogélia, a avó Aurora, o tio Carlos Alberto, a tia Micas...
Lembro Londres, Paris, New York, a tua primeira bicicleta, a mota de brincar, e a outra, o teu primeiro carro...
Lembro as viagens, as férias, o teu final de curso, o mestrado...
E lembro-me do menino que fui e das voltas que a vida deu até hoje...
E é por isso que aqui te deixo os versos que escrevi, tinha, então, 15 anos, antes de uma viagem ao Algarve, com os meus colegas do liceu.

JUVENTUDE

Num dia quente de verão
Estava eu olhando o mar
Fecho os olhos, num repente
Tenho um lindo quadro em frente
Dois velhos a conversar...

Dizia o Xico para a Xana
Que se devia cortar
O cabelo aos estudantes
E pô-los a trabalhar

Dona Xana que, apesar
de ser velha, amava a moda
Afirmou não concordar
Que trabalhe a malta toda

Ó homem, tu diz-me cá
Diz a Dona Xana irada
Criticas a mocidade
Por ela não fazer nada?

Por isso e por muito mais
Pois eu não esqueço o cabelo
Sempre comprido demais
Todo sujo, em desmazelo

Tu és como todo o mundo
e só fazes confusões
Não os julgues pelo cabelo
Julga os jovens pelas acções

E quase chorei de pena
Quando meu pai me despertou
Desta pequenina cena
Que entre velhos se passou

Foi um sonho, não o esqueço
Mas o certo é que no mundo
Há muito quem diga tal
Da Juventude
Que no fundo
Não se mete com os velhos
Se lhe não fizerem mal

Falam mal da juventude
Porque quer modificar
Algumas erradas leis
Que os velhos querem ditar

Mas ao criticar não esqueçam
Que o falar ou não falar
Não impedirá, um dia
Os jovens de governar

Pensem bem que um dos jovens
Criticado por ser novo
Será, um dia, escolhido
Para chefe do nosso Povo

Pensem ainda também
Velhos que nos censurais
Que não temos só defeitos
Temos também Ideais

Queremos um Mundo melhor
De Paz, Justiça e Verdade
Queremos um Mundo de Amor
De Trabalho e Felicidade

Queremos que a Fome se acabe
Que em todo o mundo haja Pão
Que Branco e Negro se amem
Pois Cristo é de ambos Irmão

Entre os Homens e Nações
Paz em toda a Plenitude
Censuráveis Ambições
da moderna Juventude

Beijos do teu Pai, que te Adora!

PARABÉNS



Hoje, quando passarem, exactamente, dois minutos das 17 horas, faz trinta anos que eu era o homem mais feliz do Mundo.
Acabara de nascer o meu filho, Frederico, depois de uma gravidez nem sempre fácil, e de um parto muito doloroso para a mãe.
Á Ana, a mãe dele, eu quero agradecer, mais uma vez, por me ter dado o que tenho de mais precioso e, por isso, lhe ficarei eternamente grato.
Ao Frederico, a minha preciosidade, quero desejar um maravilhoso dia de aniversário, esperando que possa continuar a comemorar muitos mais, com muita saúde, acompanhado por todos os que lhe são queridos.
A mensagem que aqui lhe quero deixar, e que, espero, possa servir um dia, também, para os meus netos, é que a vida raramente é o que esperamos dela, estando sempre pronta para nos reservar as mais diversas surpresas, ao virar de cada esquina.
Cabe-nos vivê-la com Honra, Dignidade e Espírito de Luta e Sacrifício, no estrito respeito pelos outros, e por nós próprios.
Mesmo quando o respeito pelos outros se torna difícil, e isso sucede tantas vezes...
Apesar de todas as vicissitudes, a Vida vale a pena, e os incidentes de percurso apenas devem servir-nos de lição e ajudar-nos a tornarmo-nos mais fortes.
Valoriza a Família, porque, um dia, sem que te apercebas, muitos deles terão partido, e com eles a oportunidade de lhes dizeres tudo o que de importante representaram para ti...
Valoriza as verdadeiras Amizades, que são um bem precioso, mas tem cuidado com os falsos amigos...
Sê Justo com todos os que te rodeiam, mas procura ter, sempre, bem presente que, as aparências são, muitas vezes, ilusórias...
Sonha, e nunca desistas de sonhar. Lembra-te que "o sonho comanda a Vida, e sempre que um Homem sonha, o Mundo pula e avança"...
Tanta coisa para te dizer, que prefiro transcrever aquele poema, de Ilídio Sardoeira, que um dia eu vi escrito numa parede do poscénio do velho teatro do Progresso Clube, em Mem-Martins, do qual eu sei que tanto gostas:

Sê o Homem que fores nunca serás
Aquele que no Sonho te quiseste
O fruto que te traz no pensamento
Em outro se mudou, se o colheste

Sê sempre um Homem, com os Homens dentro
Que a palavra que cales, ou que dês
Traga consigo, como tronco de árvore
A Vertical Firmeza do que És.

Beijo-te, Meu Querido Filho, em nome dos Nossos, mesmo aqueles que já partiram e não chegaste a ter a possibilidade de conhecer...
Os outros beijos ficam para mais logo, quando voltarmos a estar juntos, para comemorarmos este teu 30º aniversário, e a minha incontida felicidade por te ter como filho.
Tem um dia maravilhoso !
Sê Feliz !

domingo, 23 de agosto de 2009

VASCO



O Vasco, voltou a liderar a série B do Campeonato Brasileiro, com uma vitória, por 4 a 0 sobre o Ipatinga de Minas Gerais.
Foi uma vitória importante, perante 79.636 adeptos, presentes no Maracanã, no momento em que o clube comemora o 111º aniversário.
Clube da minha simpatia, espero que o Vasco consiga regressar ao convívio dos grandes clubes do futebol brasileiro, já no final da presente época, de preferência acompanhado pela Portuguesa, cuja prestação no presente campeonato tem ficado aquém das expectativas.

sábado, 22 de agosto de 2009

NEW YORK, NEW YORK



Depois de "My Way", receber este vídeo foi fantástico.
Agradeço á Cremilde ter-me enviado esta preciosidade, até porque, tanto quanto me foi dado perceber, foi a única vez que os dois actuaram juntos.
É um prazer partilhá-la convosco.
Apreciem...

A INTERNET



Sem nenhum orgulho nisso, bem pelo contrário, fui um resistente a estas coisas da Internet, durante muito tempo.
Lembro-me, até, de um dia, já lá vão uns 12 anos, ter recusado a instalação de um endereço de mail no meu computador, sob o ridículo pretexto de que eu nunca escrevera á máquina, nem pretendia aprender.
Só que, como diria o poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Acabei por aprender, sozinho, a utilizar esta fantástica máquina que é o computador, que me permite estar em contacto com o mundo através de uma tela e um teclado, e confesso que hoje me interrogo como pude ser tão retrógrado, durante tanto tempo...
Vem isto a propósito de, pela primeira vez, na semana passada, ter decidido fazer as minhas compras, de super mercado, pela Internet.
Devo confessar que foi um sucesso, com tudo a ser entregue em ordem e bem acondicionado, pelo que se trata de uma experiência a repetir.
Não tive coragem de comprar nada que fosse relacionado com a secção de frescos, mas atendendo ao sucesso da experiência, vou atrever-me a fazê-lo em breve.
Bendita Internet...

A RIQUEZA DA LÍNGUA PORTUGUESA...



"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
por isso cante, chore, ria e viva intensamente antes que a
cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin

Motivado pelas palavras de Chaplin, passo a reproduzir uma mensagem que encontrei enquanto procedia à limpeza da minha caixa de correio electrónico, com o meu aplauso ao seu criador, pela sua criatividade, esperando que se riam tanto quanto eu.
Em época de eleições, pareceu-me bastante apropriado...
E ainda há quem duvide da riqueza da nossa língua...


A ESTRANHA BELEZA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Este texto é dos melhores registos de língua portuguesa que eu tenho
lido sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', a tal que tem fama
de ser pérfida, infiel ou traiçoeira.

Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade,
subiu para o palanque e começou o discurso:

- Compatriotas, companheiros, amigos! Encontramo-nos aqui, convocados,
reunidos ou juntos para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou
assunto, o qual me parece transcendente, importante ou de vida ou
morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta
é a minha postulação, aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara
deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:

- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para
dizer a mesma coisa?

O candidato respondeu:

- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível
cultural muito alto, como intelectuais em geral; a segunda é para
pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a maioria dos que
estão aqui; A terceira palavra é para pessoas que têm um nível
cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele alcoólico, ali
deitado na esquina.

De imediato, o alcoólico levanta-se a cambalear e 'atira':

- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto,
circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico,
alcoolizado ou mamado (hic), não implica, significa, ou quer dizer que
o meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou mesmo rasca (hic). E
com todo a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic)
pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, coisas
ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (hic) à
leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à puta
que o pariu!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ALARGAMENTO...




No café, dois amigos conversavam:

-Viste a entrevista do Ferraz da Costa ao Expresso ?
-Quem é esse ?
-O presidente do Fórum para a Competitividade !
-Disse alguma coisa importante ?
-Disse que Portugal não tem dimensão para se roubar tanto !
-Ele disse isso ?
-È verdade. E eu que pensava que essa coisa de roubar era questão de ética...
-Agora percebo...
-Mas percebes o quê ?
-Porque é que há tantos portugueses favoráveis á união ibérica...
-Estás parvo ?
-Eu ? Então não estás a ver que, com a união ibérica, alargava-se o território, diminuía a taxa de "gamanço", e sempre se podia roubar mais um bocadinho, sem deixarmos de ser competitivos...

MY WAY



Simplesmente...divino !

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CAVACADAS...



Esta polémica entre Belém e São Bento, contráriamente ao que muitos procuram dar a entender, é grave.
Na sua génese esteve um facto que não tem, a meu ver, grande importância, que é o de haverem, ou não, acessores do Presidente a colaborar na elaboração do programa eleitoral do PSD.
A ser verdade, e é bem possível que sim, face ao desconforto manifestado pelo PSD, isso não tem mal nenhum, uma vez que, os assessores do Presidente mantêm todos os seus direitos como cidadãos, não lhes sendo inibido o exercício de actividades partidárias.
É claro que se pode colocar o problema da isenção, no exercício de determinados cargos, mas se fossemos por aí, isso levar-nos-ia muito longe, e nem sei mesmo quem teria legitimidade para atirar a primeira pedra...
Do ponto de vista político, entende-se o desejo do PS em "colar" o Presidente a Manuela Ferreira Leite, posição da qual se pode, ou não, discordar, enquanto estratégia política, mas que não vale mais do que isso. Até porque, convenhamos, o Presidente se tem posto, várias vezes, "a jeito"...
Mas o que é inaceitável, e grave, é que o Presidente da República aceite que um seu assessor venha, ainda que sob a capa do anonimato, levantar a suspeita de que o Governo possa estar a vigiar, ou ter sob escuta, o Palácio de Belém, e se mantenha num silêncio ensurdecedor.
É óbvio que tudo isto se está a passar com a conivência de Cavaco, e isso não pode ser admissível, numa democracia.
Sócrates, tantas vezes acusado de ser arrogante, com razão, esteve bem, ao declarar que as insinuações "são disparates de verão", mas o igualmente arrogante Cavaco está a prestar um péssimo serviço ao País, e á democracia, ao deixar que se alimente este tema, se é que não está a promovê-lo.
Nunca acreditei, ao contrário de muita gente, que a lua-de-mel entre Cavaco e Sócrates pudesse durar, pelo simples motivo de que nunca vi, neste Presidente, um verdadeiro estadista, com uma visão política, global, para o País, mas antes um chefe de executivo cujas ideias, mais cedo ou mais tarde, acabariam por ser conflituais com as de Sócrates.
Além de que, em matéria de arrogância e teimosia, entre Sócrates e Cavaco, venha o diabo e escolha...
Só tenho dificuldade em entender, confesso, a benevolência da comunicação social perante esta atitude do Presidente da República...
Se Cavaco quer ser primeiro ministro, assuma-o, e candidate-se, mas enquanto for Presidente, não pode aspirar a acumular as duas funções, como suspeito que gostaria, até porque a Contituição da República não lho permite.

READER'S DIGEST



A edição de ontem do jornal Público, noticiava que a Reader's Digest, empresa que publica uma das revistas mais vendidas, se não a mais vendida, no mundo, anunciou ter chegado a acordo, no âmbito de um processo de insolvência, com os seus principais credores, visando a conversão de grande parte da sua dívida, de 1,6 mil milhões de dólares, em capital.
Confesso que fiquei satisfeito por ter sido encontrada uma solução para uma empresa cuja revista o meu pai assinou, anos a fio, e com a qual aprendi coisas bem interessantes, na minha juventude.
Curiosamente, lembro-me que foi a revista da Reader's Digest que esteve na origem de um razoável período de jejum de sardinhas, peixe unanimemente apreciado em minha casa.
Certo dia, o meu pai anunciou, na sequência da leitura da revista, com ar grave, que havia sido descoberto que, as sardinhas, como todo o peixe azul, faziam mal ao colesterol, pelo que deixariam de fazer parte da nossa dieta alimentar.
Felizmente, ao que me lembro, o verão estaria a chegar ao fim, pelo que o tempo que mediou entre a interdição caseira e o final da época da sua pesca não foi demaisado longo.
Como várias vezes sucede, em matéria de investigação científica, alguns meses depois alguém terá concluido que, afinal, existiam dois tipos de colesterol, o bom e o mau, e que a sardinha era, afinal, causadora do bom colesterol.
Foi, uma vez mais, a revista da Reader's Digest a portadora da boa nova, e para satisfação de todos, incluindo o meu pai, que adorava sardinhas, a interdição foi, de imediato, levantada.
Ainda fui assinante da revista, durante alguns anos, e embora tenha deixado de ser, por falta de tempo para a ler, sempre a associo á memoria do meu pai...
Espero que tudo corra como previsto e que a revista possa manter-se, por muitos e bons anos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

BURRICE...



O Sporting acaba de empatar com a Fiorentina, em casa, num bom jogo de futebol.
A análise do jogo, e do comportamento dos jogadores, deixo para os especialistas, tanto mais que nem sou sportinguista.
Mas ficaria de mal comigo se não deixasse aqui uma palavra de solidariedade para com os restantes jogadores, equipa técnica e adeptos, pela frustração que devem ter sentido ao verem Vuksevic tirar a camisola, após a marcação do primeiro golo, o que lhe valeu um segundo cartão amarelo, e a consequente expulsão.
Quero acrescentar que nunca entendi o motivo pelo qual os dirigentes, e técnicos, pactuam com esta coisa de os jogadores tirarem a camisola, para festejarem os golos, porquanto, para além da penalização com o cartão amarelo, essa atitude revela uma enorme falta de respeito pelo clube que representam, do qual a camisola é um símbolo.
Neste caso, podia, até, acontecer que o Sporting não tivesse conseguido ganhar o jogo, com a equipa completa, mas a atitude do jogador foi, a meu ver, inqualificável.
O meu avô costumava dizer que, "quem é parvo, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue", e de entre os castigos possíveis, lembrei-me daquele, muito comum no meu tempo de escola, que os professores infligiam aos alunos que faziam burrices, obrigando-os a colocar uma orelhas de burro, e a usá-las durante largos minutos, na frente de todos os colegas.
Bem sei que era um castigo humilhante, mas a falta de respeito que o jogador revelou pelos seus colegas, técnicos, adeptos, e pelo próprio clube, merece um castigo á altura...
Mas que grande burrice !

PORTUGAL...DOS PEQUENINOS



Quem me conhece sabe que sou um optimista inveterado.
Daí a minha tendência para valorizar, ás vezes até demasiado, o que a vida, e as pessoas, têm de melhor.
Confesso que lido mal com a tendência dos portugueses para o fado, sem ofensa para este género musical, que faz as minhas delícias, quanto mais choradinho e desgraçadinho melhor, para a intriga, para a má-língua, para o "oito ou oitenta"...
E a aproximação de períodos eleitorais, tende a híper valorizar esses atributos, ficando eu, por vezes, com a sensação de que nada de bom se faz neste país, que ninguém é sério, e que ser português pouco mais é do que uma fatalidade...
Essa "gripe", que afecta milhões de portugueses, e é altamente contagiante, transforma-se, em períodos pré-eleitorais, numa verdadeira pandemia.
E o pior é que não me consta que algum laboratório esteja a desenvolver uma vacina!
Para benefício da minha sanidade mental, gosto de recorrer a alguns escritos, que guardo em arquivo, que me recordam que, afinal, nem tudo é tão mau como se pinta, nós somos tão capazes como quaisquer outros, muitas vezes até melhores, e apesar dos problemas, existem bons motivos para termos esperança e nos orgulharmos de ser portugueses.
Pela sua actualidade, e para os que não tiveram oportunidade de ler, reproduzo, abaixo, um texto, escrito por Nicolau Santos, que considero um oásis, neste deserto que é o pessimismo nacional.
E como diria Raul Solnado, "façam favor de ser felizes" !

ALELUIA !

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores (EFACEC).
Mas onde também existe outra líder mundial na produção de feltros para chapéus (Fepsa).
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados (Ydreams).

E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar (Mobycomp).
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais (GALP).
E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos (SIBS). Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros) (BPI, BCP, Totta, BES, CGD).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática (Stab Vida).
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas (Altitude Software, Primavera Software).
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência (Critical Software, Out Systems, WeDo). Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas (Brisa). Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial (Bial). Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça (Grupo Amorim). Ou que produz um vinho que bateu em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis (Quinta do Monte de Oiro).
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia (Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services). Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis (Portugal Telecom Inovação). E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo (Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo).
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.
Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte de Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).
Este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.
Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

Nicolau Santos, Director-adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar

domingo, 16 de agosto de 2009

ELVIS PRESLEY



No dia em que passavam 32 anos, sobre a morte de Elvis Presley, em Memphis, o Diário de Notícias dedicou mais de uma página á morte do rei do "rock'n'roll".
Não me lembro onde estava, no dia da sua morte, nem me recordo do modo como recebi a notícia, o que não deixa de ser natural, porquanto ela terá passado completamente despercebida, em Portugal.
Tal como se pode ler nessa crónica do DN, só a 18 de Agosto de 1977 seria dado
"algum destaque" á morte de Elvis, remetendo-nos para "o artigo, da autoria de Raul Caiado", que afirmava, a dado passo, "Elvis Presley, cujo talento e creatividade eram minúsculos...", para concluir: "Foi uma notícia de ontem. Elvis morreu. Amanhã já ninguém se lembra."
O engano não poderia ser maior, como o jornal, agora, reconhece, e canções como "Love me Tender", "It´s Now or Never" ou "Suspicious Minds", entre muitas outras, que fizeram as delícias da minha geração, serão, sempre, intemporais.
Se é que alguém tinha dúvidas, o artigo do DN vem provar que, na política, como na música, o regime salazarista, e os seus seguidores, raramente foram capazes de fazer a distinção entre a obra prima do mestre e a prima do mestre de obras...

ALHOS...E BUGALHOS



Para os que não sabem, o Dr Eduardo Ferro Rodrigues foi secretário-geral do Partido Socialista e vive, há mais de três anos, em Paris, onde exerce funções de embaixador de Portugal, junto da OCDE.
O semanário Expresso, deste fim de semana, deu á estampa uma entrevista com o embaixador Ferro Rodrigues, na qual ele afirmou não entender o pavor que existe, em Portugal, pelas coligações, defendendo que, caso o PS vença as próximas eleições legislativas, sem maioria absoluta, deveria procurar coligar-se com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda. E acrescentou que, se tal não se revelasse possível, o PS deveria procurar uma coligação com o PSD.
Á partida, tudo normal, isto é, um ex-secretário geral do PS decide expressar a sua opinião sobre o que, em seu entender, seria a melhor estratégia, pós-eleitoral, para o seu partido, em nome da estabilidade governativa, que considera essencial, num cenário de crise económica.
Curiosamente, ou talvez não, os partidos referidos, por Ferro Rodrigues, apressaram-se a reagir, nem sempre de forma educada, ficando até a impressão, para quem não tivesse lido a entrevista, que a solução teria sido aventada por José Sócrates, a quem compete tomar esse tipo de decisões.
A comunicação social, especialmente as televisões, logo amplificou essas reacções, não cuidando de deixar claro que, não fôra o "arrogante e todo-poderoso" Sócrates quem fizera a sugestão, mas um militante socialista que, apesar de distinto, nem sequer exerce funções partidárias.
Deliberadamente, as declarações de Ferro Rodrigues, seguramente bem intencionadas, acabaram por dar azo a um aproveitamento político, inqualificável, por parte dos partidos da oposição, com a prestimosa colaboração da comunicação social, e isso só diminui quem se prestou a esse papel.
Mal comparado, é como se um membro da minha família entendesse sugerir, a bem do que considerava serem os superiores interesses famíliares, o meu casamento com determinada senhora, acrescentando que, se tal não fosse possível, deveria desposar uma outra, e as potencias consortes resolvessem vir a público negar a sua disponibilidade, utilizando linguagem ofensiva, fingindo ignorar que não fôra eu quem aventara a sugestão.
Mas, infelizmente, é desta mistura, de alhos com bugalhos, que se alimenta a política portuguesa, com os nossos políticos empenhados em demonstrar que os fins justificam os meios...

UM "RALLY" MISTO...



O jornal i, na sua edição fim-de-semana, publica uma entrevista com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, concedida a Laurinda Alves.
Eu, que simpatizo com o professor Marcelo, gostei de a ler, e achei interessante a comparação da sua vida a um "rally-paper", no qual perde pontos por fazer coisas erradas, que depois tem de recuperar.
A comparação, embora possa ser considerada óbvia, pareceu-me bastante interessante, a ponto de me fazer reflectir sobre ela.
Não sei se o professor concordará, mas eu atrevo-me a dizer que a nossa vida corresponde, no fundo, a um "mix" dos "rallies paper" e "mistério", durante a qual procuramos acumular o maior número de pontos, e vamos ajustando o percurso, em função do que nos calha em sorte, nos envelopes que a vida nos atribui.
E é o conteúdo desses envelopes que acaba por moldar a nossa vida, e influir na nossa motivação para acumular pontos, visando a classificação final.
Como diria o poeta, "o sonho é uma contante da vida", e tenho para mim que, quanto maior for a nossa capacidade de sonhar, enfrentar o inesperado, e a adversidade, maior a probabilidade de obtermos uma boa classificação no "rally" da vida.
Quando, por exemplo, somos "contemplados" com a perda de um pai, ou de um filho, ou com uma paixão, ou um verdadeiro amor, tudo se altera, inflenciando, de forma decisiva, a capacidade do carro para continuar em prova...
As "pannes" são desilusões, de maior ou menor dimensão, como os momentos de felicidade são injecções de combustível, que dão um novo alento para chegarmos ao destino, com maior, ou menor, dificuldade.
Nos envelopes do meu "rally", já fui contemplado com um pouco de tudo, e apesar das "pannes", e avarias irreparáveis, faço questão que o meu carro continue em prova, valorizando cada injecção de combustivel...
Com o avançar da idade, deixei de me importar com a classificação final, preocupando-me em fazer um percurso limpo, e valorizar a beleza do caminho, que o "rally" me tem feito percorrer...

sábado, 15 de agosto de 2009

LEITURAS...



Raramente consigo ter as minhas leituras em dia.
Ou sou eu que compro demasiados jornais, ou o tempo para me dedicar á sua leitura é escasso.
Por esse motivo, as revistas que acompanham os semanários são, em regra, lidas bastante mais tarde, como foi o caso da Revista Única, que acompanha o Expresso, (a capa é a que está na foto), cuja leitura só terminei hoje.
A entrevista com Chico Buarque, músico, como ele faz questão de frisar, compositor, e escritor, a propósito do lançamento do seu romance "Leite Derramado", valeu cada momento que lhe dediquei. Vou ter que ler o seu livro.
Mas o meu destaque vai para a primeira entrevista de Mário Bento, último censor do regime salazarista.
Este "funcionário" do regime, que, entre outros cargos, foi chefe de gabinete do ministro do Interior, Santos Júnior, e chegou a ser deputado, não faz revelações importantes, mas não deixa de ser impressionante a sua candura, ao referir-se ás funções que desempenhou, 35 anos depois...
A dado momento da entrevista, afirma o seguinte: "Foi um sacrifício. Mas nunca cometi nada que pudesse afectar a minha dignidade, a minha consciência e a minha honradez"...
Nunca esteve preso, mas foi aposentado, compulsivamente, e em 1975 foi viver para o Brasil, de onde regressou, em Maio de 1977, porque o Conselho da Revolução, após revisão do seu processo, transformou a pena de aposentação em suspensão, por 24 meses, decisão que considera injusta, pois pretendia a anulação.
Reintegrado, solicitou, "de imediato", uma licença ilimitada, que lhe foi concedida, e retornou ao Brasil, para regressar a Portugal em 1981, retomando o seu lugar de técnico superior, que exerceu até á reforma, em 1993.
Apesar de Mário Bento considerar o contrário, a revolução foi generosa para com ele...
E termino com uma referência ao artigo "O céu é azul porquê?", onde aprendi várias coisas interessantes, sobre a minha cor favorita.
Desde logo, fiquei a saber que "é a cor que tem mais adeptos no mundo ocidental", mas o artigo também explica porque é que o céu é azul, ou porque é que o mar é azul, ou verde.
Entre várias outras curiosidades, ali se explica o motivo pelo qual existe a tendência para vestir os bebés, meninos, de azul, e as meninas de rosa, havendo até uma lenda europeia, do século XIX, que diz que, "as meninas nascem de rosas e os meninos de repolhos azuis".
Quem tiver oportunidade, vale a pena ler.

POLÉMICA INCOMPREENSÍVEL



Como seria de esperar, a Santa Casa da Misericórdia interpôs uma providência cautelar, no sentido de suspender os contratos de patrocínio que a BetClick celebrou com 11 equipas, que disputam o campeonato da Liga.
Antecipando a polémica, o Presidente da Liga de Clubes, Hermínio Loureiro, já tinha vindo pedir, ao Governo, aos microfones da Rádio Renascença, a liberalização, e legalização, do mercado das apostas.
Depois, foi o presidente da União de Leiria, João Bartolomeu, que veio afirmar que a sua equipa manterá, nas sua camisolas, a publicidade á BetClick, contestando a posição da Santa Casa, em termos nada católicos, diga-se.
Enfim, está instalada mais uma polémica no futebol, e é pena, tanto mais que, a meu ver, ela não tem qualquer sentido.
Se é verdade que, do ponto de vista legal, a Santa Casa tem razão, porquanto a legislação lhe concede o exclusivo da exploração das apostas, não é menos verdade que o mercado das apostas, na internet, existe, e ganhou uma dimensão que, a meu ver, é irreversível.
Assim sendo, o que me parece sensato, é que a Santa Casa, apresente, ao Governo, uma proposta de alteração da legislação, que permita a liberalização do mercado das apostas, mas mantendo-o sob o seu controle.
Tanto mais que, este novo mercado está em crescimento, enquanto as receitas das lotarias sofreram um quebra acentuada, que vai continuar.
O mercado das apostas já existe em outros países da União Europeia, com enorme sucesso, e não me parece que, o Governo, e a Santa Casa, possam continuar a "tapar o sol com uma peneira", ignorando as vantagens da sua legalização, até do ponto de vista financeiro.
A prossecução dos objectivos da Santa Casa da Misericórdia, requer receitas, e a nobre finalidade a que se destinam exige, dos responsáveis, que assumam a liderança do processo de regulação, e enquadramento, de uma actividade que está para ficar, independentemente da sua vontade.
Esta polémica, que não é a primeira, pode ser o pretexto necessário para que, Governo e Santa Casa, admitam que só terão a ganhar, com a liberalização, e legalização das apostas.
Manter esta polémica será incompreensível...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

QUE A BOLA COMECE A ROLAR...



O campeonato nacional de futebol, ou campeonato da primeira Liga, como lhe quiserem chamar, inicia-se daqui a umas horas.
Repetem-se as esperanças de todos os clubes participantes, independentemente dos objectivos que fixaram, como sempre acontece, no início de cada época desportiva.
Neste domínio, o Benfica tem sido, nos últimos anos, infelizmente, o campeão das esperanças frustradas, o que não tem impedido os seus sócios, e simpatizantes, de acreditarem que o Clube acabará por dar a volta por cima, e sagrar-se, de novo, campeão.
Apesar do passado recente, acredito que este ano seja diferente, não por mera crença clubística, mas com base na observação dos jogos da pré-época, que me impressionaram muito favorávelmente.
Acredito que o Benfica tem reunidas as condições que lhe permitirão ser campeão, sem esquecer que Porto, e Sporting, são, sempre, adversários de respeito, que o campeonato é longo, e que são muitos os factores imponderáveis.
Espero que o Benfica tenha sorte, a tal estrelinha que ajuda os campeões, e que este campeonato seja bem disputado, futebolística e disciplinarmente, com todos os intervenientes a respeitarem os adversários, e o público.
Quero saudar a presença do Olhanense, em representação do Algarve, depois de tantos anos de ausência, o que confere a este campeonato um cariz mais nacional, do ponto de vista da representatividade dos distritos, esperando que se consiga manter.
A todos os outros participantes, quero desejar as maiores felicidades, com destaque para o Belenenses, e a Briosa, por quem tenho especial simpatia.
Deportivismo, Emoção, Respeito e Equidade, são ingredientes necessários para que este seja um bom campeonato nacional, que poderá terminar em beleza...com a vitória do Benfica.
É isto que eu desejo que aconteça.
E que a bola comece a rolar...

POLÍTICA...



Os que aqui me acompanham sabem que não faço deste espaço um local de opinião política.
O que não significa que não o utilize para expressar a minha opinião, sempre que entender adequado.
Se decidi, ontem, referir-me aos dados do Eurostat, sobre a economia portuguesa, foi porque, com o crescimento registado no segundo trimestre deste ano, a nossa economia saiu, técnicamente, da recessão em que se encontrava.
Não sei o que se irá passar neste trimestre, mas a verdade é que, este anúncio configura, sem qualquer dúvida, uma boa notícia.
Infelizmente, os números do desemprego, hoje divulgados, indicam um agravamento de duas décimas, colocando a taxa de desemprego em 9,1%, o que, não sendo um bom sinal, revela um abrandamento do crescimento do número de desempregados.
Claro que ter mais de 500 mil desempregados no País, não podem ser boas notícias, mas quando comparado com o que se passa com os nossos parceiros, temos de reconhecer que não foi tão mau quanto se temia, e foi melhor do que se previa.
E todos os economistas sabem que o desemprego é, em situações de crise, o último indicador a registar abrandamento, principalmente num contexto de modernização económica, com as empresas a aproveitarem a crise para recorrerem a novas tecnologias, em substituição de mão-de-obra.
Mas já os dados da inflação revelam que, Portugal tem a taxa mais baixa da Europa, juntamente com a Irlanda, situando-se em 0,5%. E, neste domínio, isso dá-nos alguma margem de manobra, face a um, expectável, aumento dos preços das matérias primas, que acompanhará a recuperação económica mundial.
E é por isso que, algumas opiniões que ouvi, e li, a este respeito, distorcidas com claras motivações políticas, me causam alguma irritação.
Os efeitos da crise internacional numa pequena economia aberta, como a nossa, foram, e são, inegáveis, e constituem factores exógenos que condicionam, sériamente, a evolução económica do País.
E se, quando Portugal tem más prestações, comparativas, com outros países da União, isso é realçado, ás vezes até amplificado, parece-me da mais elementar justiça que, também, se realcem as boas notícias.
É claro que o País tem vários problemas estruturais para resolver, mas será bom não esquecermos que o actual governo deu alguns passos no sentido de proceder a algumas reformas, necessárias, afrontando muitos interesses instalados, tendo a crise internacional interrompido esse esforço. Podem ter sido insuficientes, mas a verdade é que o fez, como outros não ousaram, sujeitando-se á impopularidade que todos conhecemos, com custos eleitorais elevados, como ficou demonstrado nas eleições europeias.
Portugal tem, é verdade, problemas muito sérios para resolver, que já existiam antes do eclodir da crise, que este, e outros, governos, nunca souberam, ou quiseram, enfrentar. E esses são, a meu ver, mais do que suficientes para estimularem os políticos, economistas, e outras organizações de classe, a apresentarem soluções exequíveis, com tanta, ou mais, imaginação, do que a que, muitos, utilizam, para fazerem a "leitura" das estatísticas económicas.
A economia não é uma ciência exacta, como a crise internacional demonstrou, uma vez mais, mas também não legitima todo o tipo de interpretações dos resultados.
Mesmo com alguns indicadores favoráveis, como foi o caso, todos sabemos que o País continua com imensos problemas por resolver, vários de natureza estrutural, e que temos pela frente períodos muito difíceis. Mas acredito que o tempo, e energia, gastos com a actividade interpretativa, para fins, puramente, políticos, seriam, certamente, melhor empregues na apresentação de propostas que contribuíssem para a sua resolução.
Assim não lhes falte a arte, o engenho, e a vontade...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

BOAS NOTÍCIAS



O Eurostat informou, hoje, que a economia portuguesa cesceu 0,3%, no segundo trimestre deste ano, enquanto a economia europeia registou uma quebra de 0,1%.
São, globalmente, boas notícias.
Para a Europa, significa o abrandamento da recessão, e como as economias alemã e francesa, registaram crescimento, é expectável o retorno ao crecimento global, a breve trecho.
Para Portugal, a notícia significa, técnicamente, a saída da recessão, o que é sinal de esperança por dias melhores.
Curiosas, no entanto, são as posições da UGT e da AEP, sobre o assunto.
Enquanto a primeira considera normal o retorno ao crescimento, que atribui a razões conjunturais, a segunda considera muito positava a saída da recessão, destacando o facto de o PIB português ter crescido, no período, á mesma taxa que na Alemanha e na França.
Apesar da minha formação académica, não quero, aqui, fazer qualquer análise, ou previsão, que outros tomarão a seu cargo, com muito mais competência do que eu.
Mas face ás reacções, e em pleno processo pré-eleitoral, fico curioso em conhecer as opiniões dos partidos, e dos restantes parceiros sociais...

ESTRELAS CADENTES



O jornal i informava, na sua edição de ontem, que as noites de ontem, e hoje, permitiriam observar várias estrelas cadentes, seguidas, ficando o fenómeno a dever-se á entrada de poeiras do cometa Swift-Tutle na atmosfera da Terra.
Recordou-me de um dia de verão, no início da década de 90, em que era noticiada, para essa noite, uma chuva de estrelas cadentes.
Estávamos no Alentejo, a casa cheia, como era de costume, e logo se instalou enorme agitação, entre crianças e adultos, para observarmos o fenómeno.
Fizeram-se os preparativos, e quando anoiteceu já a eira estava coberta de mantas e almofadas, que esta coisa de observação de fenómenos celestes é tanto melhor quanto mais confortável.
E ali ficámos, durante horas, miúdos e graúdos, olhando o céu, estrelado e lindo, por sinal, só que as estrelas teimavam em não cair...
Confesso que não me recordo se chegámos a observar alguma estrela cadente, mas tenho bem presente a decepção de todos, sobretudo a das crianças.
Dessa noite, ficou a memória de um divertdo convívio e de mais uma excelente ocasião para aproximar pais e filhos.
O problema foi explicar ás crianças porque é que o fenómeno não se registara, como previsto...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A TENDA...



Era o verão de 1967, ainda não passara um ano sobre o acidente dos meus pais, do qual resultou a morte da minha mãe, e o meu pai ainda estava em fase de recuperação dos múltiplos traumatismos que sofrera.
Nenhum de nós queria passar as férias no Algarve, como era de costume, pois a fatídica viagem dos meus pais, no regresso de férias, estava demasiado fresca, na memória de todos, e o meu pai procurava alternativas, para dar férias ás crianças.
O dinheiro não abundava, e um amigo dele, também árbitro de futebol, o senhor Mário Azevedo, convenceu-o a fazer-se sócio da então FNAT, hoje INATEL, e a inscrever-se no parque de campismo da Costa da Caparica.
Os argumentos eram imbatíveis:
O custo era baixo, o parque tinha excelentes instalações, para além de ser perto de Lisboa, e era bem servido por transporte rodoviário, o que permitia ao meu pai deslocar-se, diáriamente, para o Banco.
Convencido, tratou de adquirir o equipamento necessário para albergar os três filhos, a sogra, e ele.
Recebida a notícia de que lhe havia sido atribuído um talhão, logo nos informou que, no sábado seguinte, iríamos proceder á montagem do material.
A tenda principal, azul, era enorme, como se pode imaginar, para nos poder acomodar a todos, confortávelmente.
Estávamos em Junho, e recordo que o sol estava radioso, fazendo um calor de rachar.
O meu pai, acompanhado, nem sempre bem, por mim e pelo meu irmão, lá deu início á montagem, com o maior entusiasmo.
Só que, cedo ficou demonstrada a nossa total inexperiência, de nada me servindo o tempo passado nos escuteiros, e a boa disposição foi-se perdendo...
A dado momento, e quando procedíamos á montagem dos quartos, algo correu menos bem, levando o meu pai a exclamar:
Raios partam a barraca !
Fez-se um silêncio, e eu e o meu irmão observávamos o meu pai, visívelmente agastado com a situação.
De repente, de uma das tendas adjacentes, ouve-se uma voz, em tom grave e reprovador:
Olhe lá, ó amigo, a barraca é do cão ! Isto aqui são tendas !
Foi a gargalhada geral !
Num momento, todo o ambiente se transformou, e o meu pai, depois de apresentadas as devidas desculpas, já só conseguia rir, com gosto, frise-se, pela "barraca" que acabava de dar.
Com maior, ou menor custo, lá completámos a montagem, dando início a um período que durou vários anos, e nos proporcionou momentos de grande felicidade.
A estória acabaria por ser recordada, ao longo de muitos anos, tendo ficado célebre entre amigos e familiares.
Que grande barracada foi aquela montagem da tenda...

CARLOS LOPES...E AS TANGERINAS



A brilhante vitória de Carlos Lopes, na maratona, dos jogos olímpicos de Los Angeles, ganhando a primeira medalha de ouro para Portugal, está associada a um dos muitos momentos, inesquecíceis, passados como meu filho.
Á época, viviamos em Paris, no Boulevard Pasteur, e, no dia anterior compráramos uns quilos de tangerinas, não me recordo se 3 ou 4, que enchiam uma enorme terrina, de vidro, que fazia de centro de mesa, na nossa sala comum.
O meu filho, já sonhava com os presentes que iria receber, uns dias depois, quando do seu 5º aniversário.
Eu planeara madrugar, no dia 13 de Agosto, na esperança de poder ver Carlos Lopes ganhar a primeira medalha de ouro, em jogos olímpicos, para Portugal, como veio a acontecer.
A prova começara, quando o meu filho surge na porta da sala, correndo para o meu colo, querendo saber, naturalmente, todos os pormenores do que se estava a passar.
A dado momento, a fome apoderou-se de ambos, e como a ocasião não era propícia a estadias longas na cozinha, decidimos saciar a nossa vontade com o recurso ás tangerinas, que tinham, diga-se, um aspecto fantástico.
Os primeiros gomos confirmaram a sua qualidade, docinhas e sumarentas, e lá fomos comendo, enquanto acompanhávamos a corrida.
Não posso precisar, mas admito, sem dificuldade, que, quando Carlos Lopes arrancou para a vitória, aumentando o ritmo de corrida, nós tenhamos acelerado, com ele, no consumo da deliciosa fruta.
Apesar de estarmos só os dois na sala, a vitória foi comemorada com algazarra, tanto mais que, o facto de ser emigrante, num país onde a nossa colónia passou tantas dificuldades, tendia a acentuar o meu nacionalismo.
Como seria normal, a minha mulher apareceu uns instantes depois, estremunhada, para ver o que se passava, e enquanto nós tentávamos relatar-lhe o sucedido, ela olhava, fixamente, a terrina, cheia de cascas, repetindo a pergunta:
Mas como é que é possível ? Vocês comeram as tangerinas todas !
E enquanto nós exultávamos, ela elaborava sobre as consequências que aquele consumo exagerado teria no nosso aparelho digestivo, o que, note-se, acabou por não suceder.
Para nós, a madrugada do dia 13 de Agosto será, para sempre, lembrada como uma vitória do Carlos Lopes, de Portugal e...das tangerinas.

PS: como o meu filho fez questão de me recordar, Carlos Lopes, que trabalhava para o BPA, como eu, visitou, mais tarde, a sucursal do Banco, em Paris, tendo autografado um "poster", em sua homenagem, com uma dedicatória para o meu filho.
Infelizmente, quando da nossa mudança, para Londres, um funcionário da transportadora Galamas teve a infeliz ideia de usar esse poster para embrulhar um vaso...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

MEMÓRIAS



Corria o ano de 1970 e vários dos alunos que inauguraram o Liceu Passos Manuel, em Sintra, no antigo Casino, como era o meu caso, frequentavam o 5º ano do liceu, a funcionar num edifício recentemente inaugurado, na Portela.
O Passos de Sintra era um liceu misto, com aulas mistas, o que constituia uma raridade, para a época.
Talvez por isso, os alunos estavam impedidos de abandonar as instalações do liceu, durante os intervalos das aulas, e a prática do futebol estava confinada a um reduzido espaço, junto ao ginásio.
Foi um ano divertidissimo, com os "Irmãos da Balda", nome inspirado na série televisiva, francesa, "Les Compagnons de Baal", que passava na RTP1, a cometerem uma série de tropelias, as quais, embora mais ou menos inocentes, irritavam os professores mais conservadores, e o vice-reitor, em particular.
O senhor Bento, chefe dos contínuos, que nos conhecia desde o nosso primeiro ano, no Casino, lá ia encobrindo, como podia, as nossas diabruras.
Dessas tropelias, que acabariam por levar á expulsão do liceu de alguns "Irmãos", irei dando conta neste espaço, e a que passo a contar foi apenas uma, de muitas.
Durante uma futebolada, não autorizada, a bola tomou o freio nos dentes e embateu, com estrondo, num dos vidros do ginásio, tendo o estilhaço motivado a fuga, generalizada, dos futebolistas.
Como sempre sucedia, o processo de investigação, para apuramento dos responsáveis, foi inconclusivo, tendo como consequência a interdição da prática do futebol, por período indeterminado.
Irritados com a situação e feridos no seu amor-próprio, logo os Irmãos trataram de promover uma manifestação de protesto, com os rapazes a fazerem croché junto da reitoria.
Só que os tempos não estavam de feição para essas modernices, e a dispersão deu-se, rápidamente, para evitar consequências maiores...
Mas os Irmãos não eram gente de desistir, e num "furo" inesperado, organizaram uma marcha, espontânea, á volta do liceu, cantando, bem alto, "A mulher da gente", canção apresentada no "Zip Zip", programa que fizera enorme sucesso e terminara em Dezembro do ano anterior.
Ainda a marcha estava no seu início, já o senhor Bento se dirigia a nós, para pôr termo á nossa veleidade, dizendo-nos que estávamos a perturbar as aulas e que tinha instrucções para anotar o nome dos infractores.
Mas a dispersão obrigatória deu lugar a nova concentração, agora á entrada do liceu, entoando a mesma canção, a plenos pulmões, e ao pedido, do senhor Bento, para cantarmos mais baixo, todos nos colocámos de cócoras, cantando o mais alto que podiamos.
No final, os Irmãos, ainda que aclamados pelos colegas, pela sua ousadia, acabariam por cumprir uns dias de suspensão, na sequência de um processo de averiguações confuso e sem direito a defesa, como era de bom tom, á época.
O levantamento da interdição só viria a ocorrer no terceiro período escolar, já com os Irmãos da Balda em fase de extinção, devido á expulsão de alguns dos seus membros, mas o "Zip Zip", de Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado, continuaria a servir de fonte de inspiração para outras tropelias. Mas isso fica para um outro dia.

ANIVERSÁRIO



Ontem estive na festa de aniversário da Rosy, na foto, (quando era bem mais nova rsrs), casada com o meu grande Amigo Engº Abílio Rodrigues.
Devo esclarecer que a Rosy é "lagartixa", o mesmo é dizer, simpatizante do Sporting, facto que só é "atenuável" por ter um marido que é um ilustre benfiquista, embora demasiado complacente com a opção clubística da mulher...(risos).
Foi uma noite extraordinária, um momento de intimidade, e amizade, cujo recato não motivaria, em princípio, qualquer menção neste blogue.
Sucede que, as conversas são como as cerejas, acabámos a noite abordando um assunto extremamente polémico, na sociedade portuguesa, sobre o qual tenho uma posição clara, mesmo que incorrecta...
De entre um conjunto de pessoas, fantásticas, que estiveram presentes na festa, conheci o Luís, um homem assumidamente homossexual, sem tiques, educado, e com sentido de humor.
A dado passo do nosso convívio, e já com um número restrito de pessoas em casa do casal, abordou-se a questão da homosexualidade e do direito, ou não, ao casamento, entre pessoas do mesmo sexo.
Não quero, por não relevante, referir a posição de cada um sobre este assunto, tanto mais que, apesar de o Luís, e eu, termos monopolizado o debate, havia mais pessoas na sala, mas desejo realçar a elevação, na abordagem de um tema reconhecidamente polémico.
E devo confessar que não esqueci o que o Luís me disse, quando rotulou de machista a minha perspectiva, o que, não sendo surpreendente, atendendo á sua sensibilidade, quase feminina, foi o suficiente para deixar "incomodado" um heterosexual cinquentão, como eu, que se considera livre de preconceitos e um espírito aberto...
Em reflexão, e apesar de respeitar a insistência dos homosexuais, no seu direito ao casamento, continuo a pensar que a sua motivação está muito mais ligada com o afrontamento das regras estabelecidas, do que com o reconhecimento de um direito.
Caso contrário, a sua luta, tal como a das mulheres, seria orientada para a exigência da plena igualdade de direitos, e deveres, face á lei.
E, para isso, contaram, e contarão, sempre, com o meu apoio.
Aceito, com naturalidade, a homosexualidade, desde que não seja exibicionista, ou provocatória, do mesmo modo que rejeito um heterosexual machão, ou que não se saiba comportar, socialmente.
E respeito os direitos, e liberdades, de todos, desde que não colidam com a liberdade, e os direitos, dos outros, incluindo a minha...
O resto são opções, ou não, relativamente ás quais o tempo, e atrás do tempo tempo vem, se encarregará de dar o peso social, e o reconhecimento, que merecem.
Assim tem vindo a suceder com os direitos das mulheres, felizmente, e o mesmo sucederá com os direitos dos homosexuais, para satisfação, ou não, dos ideais do Luís.
Mas a vida é o que é, e só muito raramente é o que gostávamos que fosse...
Á Rosy, e ao Abílio, aqui fica o meu muito obrigado, pelos momentos, excelentes, que me proporcionaram, e os meus votos para que a vida os mantenha, por muitos e bons anos, juntos, de boa saúde, na companhia de tão excelente amigos, e de todos os que lhes são queridos.
Bem Hajam !

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SINTRA



Para os que não sabem, sou sintrense, nascido na freguesia de São Pedro de Penaferrim, embora o local onde nasci viesse, mais tarde, a ser integrado na freguesia de Algueirão-Mem-Martins.
Fui baptizado, cresci e estudei em Sintra, iniciei o liceu no Passos Manuel, no Casino, hoje transformado em museu, e ali comprei a minha primeira casa.
Quando, em 1995, Sintra foi classificada Património da Humanidade, acreditei que a conservação da vila, que não só dos seus parques e palácios, seria substancialmente melhorada. Puro engano.
Estive em Sintra na passada semana e o estado de conservação dos edifícios em redor do Palácio da Vila, deixam muito a desejar, em particular o Hotel Neto.
Já tivera conhecimento de que a UNESCO estava preocupada com o tema, a ponto de ter sido um dos casos analisados na recente reunião do seu comité, o qual recomendou a visita do World Heritage Center, para fazer uma avaliação do estado de conservação do património.
Temo que a avaliação não nos seja muito favorável, a avaliar pelo que vi, e penso que é tempo de a Parques de Sintra - Monte da Lua, a quem cabe gerir a área classificada, tomar as medidas que se impõem.
A terminar, uma pequena nota, relativamente ao Palácio de Monserrate, que é um dos mais lindos da vila, e que merece ser visto por todos, portugueses e estrangeiros.
Não consigo entender o que se passa, agora que parecem ter sido concluidas as obras de restauro, mas a verdade é que estou cansado de recomendar uma visita, a amigos meus, estrangeiros, e a resposta, quando lhes pergunto se gostaram, é, invariávelmente, a mesma: Estava fechado !
Sei que sou suspeito, mas Sintra merece mais, e melhor !

domingo, 9 de agosto de 2009

UNS MAIS DO QUE OUTROS...



A composição das listas de candidatos a deputados, pelo PSD, e toda a polémica que se lhe seguiu, demonstra bem o que podemos esperar de Manuela Ferreira Leite.
Para quem acusa Sócrates de arrogante e prepotente, a exclusão de Pedro Passos Coelho, das listas, não está nada mal...
Num cartaz bem elucidativo, a líder do PSD apelou á não desistência, embora sem especificar de quê, e veio dizer-nos que todos são precisos, para ajudar o seu partido a chegar ao poder.
Curiosamente, Pedro Passos Coelho poderia aproveitar o mesmo cartaz, trocando apenas a foto, para encorajar os seus apoiantes, agora excluídos das listas, e pedir o apoio dos militantes do PSD, na sua luta pela liderança.
Na verdade, dependendo das circunstâncias, todos são precisos, mas uns mais do que outros...

A REVOLTA...



Ao defender as grandes penalidades, Quim permitiu ao Benfica ficar, pela primeira vez, com a Taça Eusébio, e tornou-se o herói da noite.
Depois, bem, depois correu para os sócios, para manifestar o seu descontentamento...
Vi o que se passou, ouvi as suas declarações, no final do jogo, e entendi a sua revolta.
Quim considera-se, com razão, um guarda-redes que ainda tem muito para dar ao Benfica, como ontem ficou demonstrado, e sente-se injustiçado por ver o seu nome, frequentemente, na comunicação social, como um dos possíveis dispensados.
E por isso, correu para os sócios, para soltar a sua angústia, porque ele sabe que, afinal, eles são seus aliados, porquanto também não gostam da permanente especulação sobre entradas, e saídas, de jogadores, muitas das quais nunca se concretizam...
A revolta de Quim não é com os sócios do Benfica, mas com aqueles que passam as noticias para a imprensa, e tenho para mim que ele sabe quem são, ou desconfia...
O seu gesto, bem significativo, tinha destinatários, mas não eram, estou certo, os sócios do Clube...

sábado, 8 de agosto de 2009

MORREU RAUL SOLNADO !



"O meu pai, que era um homem liberal, e incapaz de impor a sua vontade, um dia disse-me: Meu filho, quer queiras, quer não queiras, tens que ser bombeiro voluntário!".
Acreditem que citei de cor, pois conheço, de cor, este, e outros. discos do Solnado, que fez as delícias da minha geração.
Conheci-o, há muitos anos, através do meu amigo Fialho Gouveia, e fiquei, desde logo, impressionado com a sua simplicidade, a sua forma afável de ser e, naturalmente, o seu sentido de humor.
Tudo o que se disser, de bom, acerca de Raul Solnado, será, seguramente pouco, para caracterizar o Homem, e muito menos o humorista, de excelência, que marcou a minha geração.
Acerca da qualidade do seu trabalho, outros se pronunciarão, com muito maior competência do que eu, e sobre as suas virtudes, como Homem, os seus Amigos e os que com ele privaram, ao longo da Vida, não deixarão de lhe prestar a Homenagem que merece.
Eu, mero admirador de sempre e fã incondicional, limito-me a lembrar mais uma frase das suas rábulas: "Meu filho não vai para a guerra encher a guerra de moscas. O meu filho vai para a guerra, mas vai limpo!"
Assim partiu Raúl Solnado, deixando os nossos corações alagados de tristeza, mas limpo, na sua integridade, na sua generosidade, no seu amor ao próximo, deixando-nos nesta "guerra" quotidiana, onde o ser parece ser menos importante do que o parecer...
Com a sua morte desaparece uma parte da minha geração, e o humor em Portugal, nunca mais voltará a ser o mesmo. "Partiu-se a guita, e perdeu-se a bala...".
Descanse em Paz Raúl ! Até um destes dias...